Uma estranha sensação de que não estava sozinha, acordou-a. Abriu os olhos e voltou a cabeça para a porta. O desconhecido encontrava-se à porta da sala. Os seus olhos percorreram o corpo masculino, da cabeça aos pés. Tinha tirado o penso da cara, cuja ferida apresentava um aspeto limpo de infeções embora com o contorno um pouco inchado e avermelhado. Tomara banho como demonstravam os seus cabelos ainda húmidos, e vestira a roupa que ela deixara pendurada na casa de banho. Deu-se conta que o fato não estava tão bem passado como devia, mas passar a ferro, um casaco masculino era extraordinariamente difícil. Ainda assim ele devia dar-se por feliz, por não ter de vestir a roupa molhada e enlameada. Voltou a levantar o rosto e os seus olhos fixaram-se nos do desconhecido, ficando admirada com a expressão de vazio que encontrou neles.
-Dormiu
bem? – perguntou levantando-se.
-
Sim... creio que sim – respondeu.
- Sou
Luísa Rodrigues - disse ela estendendo-lhe a mão – e o senhor é?
O
desconhecido apertou-lhe a mão, murmurando qualquer coisa que ela não entendeu.
-
Como disse que se chamava? Desculpe não entendi o nome…
-
Não o disse. Na verdade, não sei.
- Como
não sabe? - interrogou Luísa. Não se lembra quem é?
-
Não. Não sei quem sou, nem se vivo aqui, ou noutro lado qualquer. Tenho a
cabeça completamente vazia. A minha esperança é de que a senhora me esclareça.
- Eu? Como poderei fazê-lo? Nunca o tinha visto antes. A única coisa que lhe posso dizer é que alertada pelo meu
cão, ontem à noite o encontrei encharcado e meio morto, estendido lá fora. Estava
inconsciente e foi com grande dificuldade que consegui, com a ajuda de Tejo, o
meu cão, fazer com que recuperasse os sentidos porque sozinha não
conseguiria trazê-lo para casa. Estava ferido, encharcado e enlameado, e voltou
a perder os sentidos mal se sentou naquele cadeirão. Cuidei de si, mas não
pronunciou uma palavra, pelo que não sei se teve um acidente, ou se foi alguma
rixa. Cuidei da sua roupa para que quando acordasse, tivesse que vestir, mas
não encontrei qualquer documento nos bolsos. Não se lembra mesmo de nada?
-
Não - respondeu com uma tal expressão, que lhe lembrou de quando há dois anos encontrara Tejo abandonado e faminto. - Acordei há pouco, e, não me recordava daquele quarto. Tentei lembrar onde
estava e nada. Levantei-me para ver se encontrava alguém conhecido, e entrei
numa casa de banho que reconheci. Olhei-me ao espelho e estranhei o penso na
cara. Depois vi a roupa, tomei banho e vesti-me. Depois tirei o penso que estava todo molhado, e vi esta ferida no rosto. Mas não sei como a fiz. Esperava sinceramente
encontrar alguém que me dissesse onde estava e o que tinha acontecido.
- O
penso fui eu que lho fiz, mas é natural que não se lembre, estava exausto
adormeceu logo a seguir ao banho. Não se preocupe, talvez esteja em choque, ou
tenha levado alguma pancada na cabeça. De qualquer modo enquanto o temporal
durar não poderá sair e tenho a certeza de que mais logo ou amanhã há de lembrar-se.
Venha comigo, vou preparar-lhe o desjejum.
17 comentários:
Querida Elvira, está complicada a situação deste teu personagem, mas...está bem entregue e logo, logo, vai recuperar a memória Também li as tuas anedotas, como faço todos os domingos e a frase está muito verdadeira. Só há a consciência humana, assim como só há a raça humana. Se todos entendessem isso, muitos dos problemas co mundo desapareceriam. E a tua saúde vomo vai? A córnea ainda não apareceu? Dá noticias, querida Amiga! Um beijinho e boa noite
Emilia
A tal amnésia que já referi.
Ando a ver uma novela que foca um tema do género.
Continuo seguindo a história..
Um abraço, boa semana.
Boa noite Elvira,
Claro, depois do acidente é natural que a amnésia surgisse.
Vamos ver o desenrolar dos acontecimentos.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime
A amnésia junta mais tempero à narrativa.
Boa semana
Bom dia
Se o conto estava emocionante . muito mais ficou agora .
JAFR
A passar por cá para acompanha a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Passando para acompanhar o desenrolar da história, deixo-lhe um forte abraço, Elvira.
Uma delicia de texto, dos pormenores ao enredo e por esta, não estava à espera, mesmo nada (e gosto muito de ser surpreendido, boas surpresas, como esta).
Vamos continuara a aguardar e a seguir, pois claro.
Abraço e boa semana
Muito bom este episódio! Amei
-
Bodas de Rubi ou de Esmeralda .
Beijo e uma excelente semana! :)
A coisa vai durar eheheheheh
Bom dia, Elvira
É um bom enredo
Estou acompanhando
Beijinhos
Se não fossem esses, imaginários, incidentes. Os leitores não teriam tanta curiosidade em saber o que se irá passar no próximo capitulo.
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço,
Ummmm. A seguir com interesse.
Abraço Elvira
A amnésia vai aguçar o desenrolar da história... Bj
Como sempre um capítulo ultra interessante!... Tão rico em detalhes, que automaticamente ao leitor lhe é permitido sentir que está a presenciar a cena...
Gostei muito, Elvira! Beijinhos
Ana
Excelente este capítulo, tudo muito bem explicado e, tomara que ele recupere logo a memória.
Beijos!
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