Foto DAQUI
No dia seguinte, o patrão mandou um gaiato, filho de um seu empregado, perguntar porque Rosa não tinha ido buscar o rebanho. Na velha cama de ferro, sobre o colchão de palha de centeio, a jovem ardia em febre. Esteve assim três dias. Durante todo esse tempo a velha avó não saiu de casa sempre atenta à neta. Matou a única galinha que tinha, para lhe fazer um caldinho, e obrigou-a a beber litros de chá, misturando várias ervas que combatiam a febre e cuja composição aprendera com a sua avó que era pessoa muito entendida, em chás, espinhelas caídas, quebrantos e outras coisas mais. No fim do terceiro dia, enfim a febre cedeu. Mas ainda esteve mais dois dias, prostrada na cama sem força nem vontade de se levantar. Parecia impossível que tivessem passado apenas cinco dias desde aquele dia. Bastante mais magra, as faces sem cor, os olhos sem brilho, ninguém reconheceria nela a rapariga alegre que fora até uma semana atrás. Nunca contou à avó o que lhe aconteceu. Não tinha sido necessário e ela morreria de vergonha, se tivesse de o dizer a alguém. Só respondera com um seco não, quando a avó lhe perguntou se tinha sido alguém da aldeia. Depois a Avó disse:
- Deus queira que não tenhas ficado "prenha".
Sentiu-se apavorada. Não podia ser.
Ela não queria ser mãe assim.
- Deus não o permitirá – murmurou.
E logo mais resoluta: - Não saio mais com o rebanho. Nunca mais vou para o
monte. Nunca mais. Será que a Ti‟Zefa, não precisa de ajuda lá para a casa
grande? Ela já está tão velhinha…
- Descansa filha. Amanhã falo com
ela. Tenho a certeza que se ela pedir ao patrão uma ajuda, ele te contrata.
Senão logo se verá.
Mas não chegou a falar. O seu velho
coração cansado de muitos anos de labuta parou nessa mesma noite.
No funeral, esteve a aldeia inteira
e só nessa altura, Rosa teve a noção exata do quanto a sua avó era estimada
pelo resto da aldeia.
Depois do funeral, Rosa deu uma
volta pela casa, juntou os poucos pertences e guardou os brincos antigos de
ouro, único bem que a avó possuía. Guardou num cesto de vime as suas roupas,
que a bem da verdade era bem pouca coisa, e tudo o resto deu a uma vizinha.
Depois, entregou as chaves ao Sr. António, que era o dono da casa, e
preparou-se para seguir até S. Pedro, onde pensava vender os brincos e comprar
um bilhete de comboio para a capital.
Antes disso, porém, despediu-se da
Ti’Zefa que fez questão de lhe arranjar uma merenda para o caminho, porque
“precisas de comer, rapariga ou, não tarda, juntas-te à tua avó”
Continua
Próximo capitulo na Sexta.
Entretanto desejo-vos uma boa semana
Próximo capitulo na Sexta.
Entretanto desejo-vos uma boa semana
29 comentários:
Agora, mais só que nunca, Rosa vai, provavelmente,percorrer um difícil caminho...É esperar pra ver, na próxima sexta-feira!
É surpreendente as voltas que a vida dá. Parece-me um absurdo esse medo que paralisa as pessoas e não deixa de contar a verdade dos factos.
Será que o silêncio é sempre o melhor caminho e a resposta mais clara?
Obrigada pelas visitas,amiga Elvira. Meu marido vai operar ainda em outubro e estou sem tempo para postar muito ou visitar,mas hoje escolhi você e mais 2 amigas para agradecer e me deliciar nos seus espaços.
Beijos e linda terça_feira!
Donetzka
a vergonha e o medo. abrigará Rosa a grandes desafios?
esperemos a continuação....
boa semana.
beijinho
:)
Coitada da Rosa, agora sem a avó.Vamos esperar que de dê bem!! Lindo!!! bjs, chica
Estou aqui de coração apertadinho, a torcer pela Rosa, embora seja apenas a personagem de uma história fictícia.
Falta de sorte, hein?
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo
Um mal nunca vem só! Algo mais traz com ele. Oxalá a Rosa tenha encontrado paz em sua vida e tenha sido feliz longe de quem contra a sua vontade lhe fez o que não deveria ter feito...
Desejo um bom dia para você amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela
Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela
Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela
Elvira, querida Elvira, obrigada mesmo pelo teu apoio às minhas "letras" lá no Prosa Poética.
Sei que tenho que vir aqui com mais frequência para apreciar a grandiosidade dos teus contos, mas o tempo...
Amiga, um dia lindo pra você!
Carinho enorme!Bjsss
Olá querida Elvira!
Bom demais ler você, fico curiosa para saber mais.
Grande abraço cara amiga.
A vida é cheia de momentos, alguns se a gente pudesse avançava para não ter que vive-los.
Torço por Rosa
bjokas =)
Só, qual será o destino de Rosa?
Ficamos aguardando.
Beijo*
Vim cá ler os dois episódios desta tragédia que ainda não tinha conseguido ler por falta de tempo. Prometo voltar para os próximos.
Abraço do Zé
A Rosa, essa menina tão sofrida e amedrontada. Hoje pude te ler com mais calma. A imagem está bem compatível com o conto.
Adorei, Elvira!
Um carinho para ti!
Espero que o Sr. António, (que não é Querido), e o S. Pedro protejam a Rosa, para que tenha um final feliz!
O meu abraço
Boa tarde, consciente do que vida impõe injustamente, a Rosa com a sua força interior, vai conseguir ultrapassar os muitos obstáculos que certamente vão surgir.
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Olá,Elvira!
E avida continua, com a Rosa agora mais só, e também mais difícil - ou talvez não...
E cá fico à espera do resto.
Um abraço
Vitor
Olá, querida Elvira
Obrigada por me prestigiar no Prosa poética do Viviane...
Seja abençoada e feliz!!!
Bjm fraterno
Aguardemos o que destino reserva á pobre Rosa...
Bjs
Em seu conto, Rosa tem uma vida de muitos desafios. Li os capítulos anteriores, para me atualizar. Sua avó foi pessoa querida e deixará um enorme vazio. Aguardemos o destino que reservou para Rosa. Bjs.
Apesar de tudo eu acredito na força da Rosa...
Vamos aguardar!
Beijos
OI ELVIRA!
MAIS UM GOLPE PARA A ROSA, PERDER A AVÓ, JUSTAMENTE NESSE MOMENTO, COITADINHA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
A vida tem tristezas com/sem solução?
Ando numa dessas fases.
Preciso duma luz neste túnel solitário.
Aguardemos por novas muito positivas.
Beijos
Para algumas pessoas a vida é mesmo muito difícil. Vamos ver o que nos trazes no próximo capítulo, Elvira, mas acredito que a sorte vai acompanhar a Rosa. Beijinhos e um bom fim de semana
Emília
Oi Elvira
O que será que espera a Rosa na cidade grande? certamente não será fácil mas a determinação falará mais alto e ela saberá dar cor e brilho à sua vida,
abraço
Vim por a leitura em dia e estou a adorar querida Elvira, obrigada!
Bjs
Maria
Não é a primeira vez que leio este texto, nem a segunda mas, apesar disso, continuo a ficar comovida, com um nó na garganta e o corpo arrepiado. Há gente neste mundo cuja vida é um verdadeiro calvário. Pobre Rosa, tão nova e com uma história de vida tão dura. Que a cidade lhe dê aquilo que merce. Beijinhos
Enviar um comentário