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14.10.14

ROSA PARTE IV



                                     Foto DAQUI

No dia seguinte, o patrão mandou um gaiato, filho de um seu empregado, perguntar porque Rosa não tinha ido buscar o rebanho. Na velha cama de ferro, sobre o colchão de palha de centeio, a jovem ardia em febre. Esteve assim três dias. Durante todo esse tempo a velha avó não saiu de casa sempre atenta à neta. Matou a única galinha que tinha, para lhe fazer um caldinho, e obrigou-a a beber litros de chá, misturando várias ervas que combatiam a febre e cuja composição aprendera com a sua avó que era pessoa muito entendida, em chás, espinhelas caídas, quebrantos e outras coisas mais. No fim do terceiro dia, enfim a febre cedeu. Mas ainda esteve mais dois dias, prostrada na cama sem força nem vontade de se levantar. Parecia impossível que tivessem passado apenas cinco dias desde aquele dia. Bastante mais magra, as faces sem cor, os olhos sem brilho, ninguém reconheceria nela a rapariga alegre que fora até uma semana atrás. Nunca contou à avó o que lhe aconteceu. Não tinha sido necessário e ela morreria de vergonha, se tivesse de o dizer a alguém.  Só respondera com um seco não, quando a avó lhe perguntou se tinha sido alguém da aldeia. Depois a Avó disse:
- Deus queira que não tenhas ficado "prenha".
Sentiu-se apavorada. Não podia ser. Ela não queria ser mãe assim.
- Deus não o permitirá – murmurou. E logo mais resoluta: - Não saio mais com o rebanho. Nunca mais vou para o monte. Nunca mais. Será que a Ti‟Zefa, não precisa de ajuda lá para a casa grande? Ela já está tão velhinha…
- Descansa filha. Amanhã falo com ela. Tenho a certeza que se ela pedir ao patrão uma ajuda, ele te contrata. Senão logo se verá.
Mas não chegou a falar. O seu velho coração cansado de muitos anos de labuta parou nessa mesma noite.
No funeral, esteve a aldeia inteira e só nessa altura, Rosa teve a noção exata do quanto a sua avó era estimada pelo resto da aldeia.
Depois do funeral, Rosa deu uma volta pela casa, juntou os poucos pertences e guardou os brincos antigos de ouro, único bem que a avó possuía. Guardou num cesto de vime as suas roupas, que a bem da verdade era bem pouca coisa, e tudo o resto deu a uma vizinha. Depois, entregou as chaves ao Sr. António, que era o dono da casa, e preparou-se para seguir até S. Pedro, onde pensava vender os brincos e comprar um bilhete de comboio para a capital.
Antes disso, porém, despediu-se da Ti’Zefa que fez questão de lhe arranjar uma merenda para o caminho, porque “precisas de comer, rapariga ou, não tarda, juntas-te à tua avó”



Continua

Próximo capitulo na Sexta.
Entretanto desejo-vos uma boa semana

29 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Agora, mais só que nunca, Rosa vai, provavelmente,percorrer um difícil caminho...É esperar pra ver, na próxima sexta-feira!

Unknown disse...

É surpreendente as voltas que a vida dá. Parece-me um absurdo esse medo que paralisa as pessoas e não deixa de contar a verdade dos factos.
Será que o silêncio é sempre o melhor caminho e a resposta mais clara?

Donetzka Cercck L. Alvarez disse...

Obrigada pelas visitas,amiga Elvira. Meu marido vai operar ainda em outubro e estou sem tempo para postar muito ou visitar,mas hoje escolhi você e mais 2 amigas para agradecer e me deliciar nos seus espaços.

Beijos e linda terça_feira!

Donetzka

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a vergonha e o medo. abrigará Rosa a grandes desafios?

esperemos a continuação....

boa semana.

beijinho

:)

chica disse...

Coitada da Rosa, agora sem a avó.Vamos esperar que de dê bem!! Lindo!!! bjs, chica

Berço do Mundo disse...

Estou aqui de coração apertadinho, a torcer pela Rosa, embora seja apenas a personagem de uma história fictícia.
Falta de sorte, hein?
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo

Edum@nes disse...

Um mal nunca vem só! Algo mais traz com ele. Oxalá a Rosa tenha encontrado paz em sua vida e tenha sido feliz longe de quem contra a sua vontade lhe fez o que não deveria ter feito...

Desejo um bom dia para você amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Agora com seus tristes problemas, e sem a força da avó, terá que juntar suas próprias forças para enfrentar o que virá. Fico no aguardo!
Boa semana Elvira!
Abraços,
Mariangela

Vanuza Pantaleão disse...

Elvira, querida Elvira, obrigada mesmo pelo teu apoio às minhas "letras" lá no Prosa Poética.
Sei que tenho que vir aqui com mais frequência para apreciar a grandiosidade dos teus contos, mas o tempo...
Amiga, um dia lindo pra você!
Carinho enorme!Bjsss

Teresa Brum disse...

Olá querida Elvira!
Bom demais ler você, fico curiosa para saber mais.
Grande abraço cara amiga.

Bell disse...

A vida é cheia de momentos, alguns se a gente pudesse avançava para não ter que vive-los.
Torço por Rosa


bjokas =)

RENATA CORDEIRO disse...

Só, qual será o destino de Rosa?
Ficamos aguardando.
Beijo*

Zé Povinho disse...

Vim cá ler os dois episódios desta tragédia que ainda não tinha conseguido ler por falta de tempo. Prometo voltar para os próximos.
Abraço do Zé

Vanuza Pantaleão disse...

A Rosa, essa menina tão sofrida e amedrontada. Hoje pude te ler com mais calma. A imagem está bem compatível com o conto.
Adorei, Elvira!
Um carinho para ti!

António Querido disse...

Espero que o Sr. António, (que não é Querido), e o S. Pedro protejam a Rosa, para que tenha um final feliz!

O meu abraço

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, consciente do que vida impõe injustamente, a Rosa com a sua força interior, vai conseguir ultrapassar os muitos obstáculos que certamente vão surgir.
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

Vitor Chuva disse...

Olá,Elvira!

E avida continua, com a Rosa agora mais só, e também mais difícil - ou talvez não...
E cá fico à espera do resto.

Um abraço
Vitor

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Elvira
Obrigada por me prestigiar no Prosa poética do Viviane...
Seja abençoada e feliz!!!
Bjm fraterno

Lilá(s) disse...

Aguardemos o que destino reserva á pobre Rosa...
Bjs

MARILENE disse...

Em seu conto, Rosa tem uma vida de muitos desafios. Li os capítulos anteriores, para me atualizar. Sua avó foi pessoa querida e deixará um enorme vazio. Aguardemos o destino que reservou para Rosa. Bjs.

Lu Nogfer disse...

Apesar de tudo eu acredito na força da Rosa...
Vamos aguardar!

Beijos

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
MAIS UM GOLPE PARA A ROSA, PERDER A AVÓ, JUSTAMENTE NESSE MOMENTO, COITADINHA.
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Pérola disse...

A vida tem tristezas com/sem solução?
Ando numa dessas fases.

Preciso duma luz neste túnel solitário.

Aguardemos por novas muito positivas.

Beijos

Emília Pinto disse...

Para algumas pessoas a vida é mesmo muito difícil. Vamos ver o que nos trazes no próximo capítulo, Elvira, mas acredito que a sorte vai acompanhar a Rosa. Beijinhos e um bom fim de semana
Emília

lis disse...

Oi Elvira
O que será que espera a Rosa na cidade grande? certamente não será fácil mas a determinação falará mais alto e ela saberá dar cor e brilho à sua vida,
abraço

Maria disse...

Vim por a leitura em dia e estou a adorar querida Elvira, obrigada!
Bjs
Maria

Isamar disse...

Não é a primeira vez que leio este texto, nem a segunda mas, apesar disso, continuo a ficar comovida, com um nó na garganta e o corpo arrepiado. Há gente neste mundo cuja vida é um verdadeiro calvário. Pobre Rosa, tão nova e com uma história de vida tão dura. Que a cidade lhe dê aquilo que merce. Beijinhos