A 1ª metade do Séc. XX está a chegar ao fim.. Portugal está em campanha eleitoral e o governo tenta ligar Norton de Matos à oposição, numa tentativa de o desacreditar, que não resulta já que Carmona também o havia sido. Em Janeiro de 49 Norton de Matos, faz um grande comício no Teatro Avenida em Coimbra, Salgado Zenha e Palma Carlos são dois dos muitos apoiantes ao novo candidato. Mais tarde novo comício no Porto, apoiado por uma multidão de mais de 100.000. Em Lisboa o apoio mantém-se apesar da campanha feita contra ele, através do Rádio Clube Português e do DN. Na China os comunista conquistam Pequim. Na Seca, o António muda-se com a mulher e os filhos para uma casa na Telha. Mais longe do Trabalho, mas mais perto da mercearia, da escola, da padaria… E melhor que isso, com eletricidade e o chafariz à porta. No Barracão ficou um quarto vago que foi ocupado pelos dois filhos do Aires. A 12 de Fevereiro, Norton de Matos anuncia a sua desistência, depois de ter mandado queimar os arquivos da candidatura para que não caíssem nas mãos da PIDE. No dia seguinte, surge no Porto o Movimento Nacional Democrático, saído dos apoiantes de Norton de Matos, que não concordam com a sua desistência. Nesse mesmo dia, são as eleições, e são presos muitos oposicionistas entre os quais, Mário Soares, Salgado Zenha, e Palma Carlos. Em Março, de posse de vários documentos descobertos numa casa clandestina, a PIDE carrega em força sobre os dirigentes do PCP. Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro são presos no Luso. Em Lisboa outros dirigentes têm a mesma sorte. Ainda em Lisboa estreia por essa altura “A Morgadinha dos Canaviais”. Em Abril, nasce a 2ª filha do Varandas. A mulher do Manuel, vai a caminho do oitavo mês e ele continua sonhando com o filho tão desejado. É proclamada a República da Irlanda, e Portugal está entre os membros fundadores da NATO. Em Maio, os soviéticos levantam o bloqueio a Berlim, e dias depois é instituída a República Federal da Alemanha. E finalmente chegou o mês de Junho, tão ansiado pelo Manuel. E a 20 desse mês veio a segunda decepção. A mulher dava à luz outra menina."Outra racha" disse desanimado e de tal modo decepcionado que durante dois dias nem quase ligou à filha. Em Agosto, há eleições na RFA, e em Setembro é anunciada a primeira explosão atómica na URSS. No final de Setembro, com a nova safra à porta o Carlos troca a seca da Azinheira pela seca de Alcochete, já que lá estava quase toda a sua família. No barracão ficou mais um quarto vazio para onde foram as filhas do Manuel. Outubro chega com a República Popular da China em Pequim. A 12 do mesmo mês é criada a República Democrática da Alemanha, e precisamente nesse dia, o Manuel descobre que a mulher está de novo grávida. E como o povo diz que à terceira é de vez, renascem-lhe as esperanças do filho homem, pelo qual suspira. Mas a vida está cada dia mais difícil, quatro bocas para alimentar são demais para o que ganha, e ele leva noites a pensar na maneira como conseguir mais dinheiro. Decidido vai falar com o patrão e pede-lhe autorização para cultivar o terreno à volta da casa. O patrão ri-se. “Se conseguires alguma coisa, que não sejam chorões e silvas, podes ficar com isso. Mas diz-me uma coisa: - Vais regar o terreno com a água salgada do rio, ou com as bilhas de água que a tua mulher vai buscar à Telha?” Manuel não se importou. Começou por roçar alguns silvados e arrancar os chorões. Pediu ao patrão se podia dar uma escolhas nalgumas das tábuas velhas que se amontoavam à porta da oficina e com elas construiu uma casinha um bocado afastada da casa. Era uma espécia de guarita, assente nuns troncos. Lá dentro um buraco, por onde se faziam as necessidades para uma cova com cama de palha. Era o adubo de que precisava para as terras. Fez também junto à casa, uma pequena capoeira, onde colocou uns quantos pintos, comprados no mercado de Azeitão. Antes de o ano acabar o Aires muda-se também para uma pequena casa na Telha e o Manuel da Lenha fica sozinho no imenso barracão com a mulher e as filhas. Em Novembro o Varandas anunciou que a mulher estava outra vez grávida. E o ano chega ao fim, com Portugal a subscrever a Declaração Universal dos direitos Humanos, ao mesmo tempo que desmantela e prende em Coimbra, o núcleo intelectual do partido comunista.
Esta narrativa só volta agora depois da Páscoa que vos desejo seja passada o mais feliz possível.
Esta narrativa só volta agora depois da Páscoa que vos desejo seja passada o mais feliz possível.
39 comentários:
Passaram alguns (muitos) anos e alguma coisa mudou, estou certo e não tenho dúvidas.
Mas...
Uma Santa e Feliz Páscoa para você e os seus, Elvira.
Um abraço e até lá.
Muitos anos se passaram,
Para alguns voltou a liberdade
Muitas coisas se mudaram
De alguns contra sua vontade.
Eles tentam o regresso ao passado
Para o povo escravizar
Terá que ser sempre o desgraçado
A trabalhar para o rico gozar.
Não falo só por falar,
Eu falo sempre a verdade
Aqui em Portugal, o governo mais explorar
Por falta de honestidade.
É verdade, e não mentira
Porque eu penso assim
Quem neste governo acredita
Lágrimas irá deitar antes de chegar ao fim!
Desejo uma boa tarde para você, amiga Elvira,
Um abraço
Eduardo.
Ficando à espera, agradeço e retribuo os desejos de feliz Páscoa, amiga
Sinceramente, gosto do modo como apresentas os factos: os históricos e os da vida privada do Manuel e família...Assim em conjunto, porque uma não desandou sem a outra...Fico à espera de mais.
Uma santa, feliz e doce Páscoa.
Beijo
Graça
Tempos duros, já todos sabemos, mas também tempos em que os mais determinados forjavam a personalidade nas dificuldades.
Uma Feliz Páscoa, Elvira!
Boa tarde Elvira!
Muito boa apresentação dessa história,
e coitado do Manuel, será que não terá nenhum filho para ajudá-lo?
Uma feliz Pácoa para você e para os seus queridos!
Abraços,
Mariangela
Olá, Elvira!
A história do rijo Manel dava um filme, autêntica saga a sua vida e da família.Que vai crescendo, mas não exactamente como ele a sonhava...Um varão, achava certamente ele que daria mais jeito...como na época era moda.
E Portugal lá vai acordando da modorra em que estava mergulhado...
E eu, com prazer vou seguindo o fio a esta meada!
Se aqui não voltar, FELIZ PÁSCOA!
Com um abraço.
Vitor
Boa partilha
A História continua
Oi Elvira, tudo bem por ai?
Brincar é bom. Alivia o peso do dia a dia, rs.
Boa semana querida
Um grande beijo
Continuo a ler-te com muito agrado.
Elvira, querida amiga, tem uma Páscoa Feliz.
Beijos.
A Saga do Manuel continua.
Parabéns amiga Elvira, pelos seus contos empolgantes.
Feliz Páscoa, especialmente com muita saúde.
Abraço
Ná
Olá Elvira!
A necessidade aguça o engenho e querer é poder.
E o Manuel lá sabia que que tinha de se fazer à vida. Só quem nunca teve necessidade é que não dá valor a este este tipo de desenrascanço.
Beijinho amiga
Elvira, fico imaginando ao ler suas narrativas, como é que brota dentro de você toda criação que, em palavras transformadas em textos vem nos encantar. Aplausos para você, minha amiga.
Minha querida,
Lendo-te e aprendendo mais sobre a história de Portugal...ao mesmo tempo me divirto com as agruras de teu personagem e com o sofrimento:"-outra racha?".Que preconceito,ou seria a necessidade de mais braços na lida?
Bjssssss,
Leninha
Uma feliz e alegre Páscoa para ti também,amiga.
Bjsssssss
Olá Elvira, desejos de uma Páscoa Feliz.
Abraço
Feliz Páscoa, Elvira.
abraço
Esta saga está cada vez mais interessante!
Uma Santa e Feliz Páscoa para si
Bjs
O homem sempre "machista", até na espera de um filho que vai chegar. Estou acompanhando a história, "torcendo" para que o 3º seja menina...(brincadeirinha!)...
Eu volto! Boa Páscoa!
E assim se vai compondo também
a história recente do país!
Desejo-lhe uma Boa Páscoa!
Bjsss
Elvira
Que seja uma Páscoa feliz, mesmo com as nuvens que carregam sobre a "Telha" e a "Seca".
Desejo que tudo venha a terminar em bem.
o meu abraço
Elvira, minha amiga
Muito obrigada pelo seu cuidado e carinho.
Por motivos alheios à minha vontade não tive possibilidade de vir ao pc durante mais de uma semana, e por isso só hoje estou retribuindo e agradecendo a sua visita.
Conto com a sua compreensão. Obrigada!
Eu era muito pequena mas ainda me recordo do que foi (ou me disseram ter sido...) a grande manifestação no Porto aquando do comício.
Tempos complicados, esses, mas que contribuiram para o amadurecimento do povo.
A sua narrativa continua excelente, despertando o maior interesse pelo grande Homem que foi seu Pai.
Desejo-lhe uma Páscoa muito feliz na companhia dos seus entes queridos.
Um abraço
Nem ligou à filha é triste :s
Uma feliz páscoa minha querida!
...Olá minha amada amiga!
Venho trazer minha mensagem...
Celebrar a Páscoa é celebrar nossa vida-em-Cristo:
Saimos da escuridão para a liberdade...
Aleluia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
F*E*L*I*Z***P*Á*S*C*O*A***C*O*M***A*M*O*R***!!!
Bjs
Olá, Elvira!
Afinal, sempre aqui volto. Depois daquele bonito arranjo, tinha que ser: reforço os meus votos de Feliz Páscoa - enquanto o Manel não volta...
Um abraço.
Vitor
Elvirinha, minha amiga,
Aqui lhe desejo uma Páscoa Feliz, com desculpas pelas minhas ausências, embora já tenhamos falado entretanto e saiba que a minha vida este último ano tenha sido super ocupada.
No entanto, embora bastante esgotada por estes dias, não quero deixar de marcar alguma presença neste que foi um dos primeiros espaços a visitar-me e amigo desde sempre.
Deixo um abraço muito grande e desejos de muita saúde.
Branca
Elvira,
O episódio entrelaça, de forma curiosa, os acontecimentos políticos e cenas da vida pessoal.
Creio que a verdadeira História dum povo deve aproximar-se, o mais possível, da realidade, tal como me parece que o texto faz.
Aguardo com entusiasmo o desenvolvimento dos próximos capítulos.
Muito lhe agradeço as simpáticas palavras que tem dito no meu espaço.
Feliz Páscoa!
Grande abraço
Sempre maravilhoso por aqui passar...
Não sei se sabe que tenho um blog novo:
"Os meus pensamentos"
se puder, visite-o!
Desejo uma Páscoa muito Feliz
com saúde, paz e tudo o que mais for necessário (alegria, trabalho, harmonia...)
Felicidades,
beijo meu...
Minha amiga
Nesta Pascoa deixo um cestinho de amêndoas...
e poesia
Pascoa
Um café...
Um momento de inspiração...
Um beijo...
Uma saudade...
Uma Páscoa...
Um momento...
Umas amêndoas...
Um coelhinho...
Um morrer...
Um Ressuscitar...
Jesus morreu...
Porque nos quis mostrar...
O valor do Amor...
LILI LARANJO
Minha amiga
Nesta Pascoa deixo um cestinho de amêndoas...
e poesia
Pascoa
Um café...
Um momento de inspiração...
Um beijo...
Uma saudade...
Uma Páscoa...
Um momento...
Umas amêndoas...
Um coelhinho...
Um morrer...
Um Ressuscitar...
Jesus morreu...
Porque nos quis mostrar...
O valor do Amor...
LILI LARANJO
Você é objetiva e clara em suas narrativas, muito bem construídas.
Tenha uma Páscoa muito feliz, junto à família!
Bjs.
A Páscoa é essa declaração de direitos, de partilha e de entendimento.
Cristo na Cruz abriu os braços para nos receber a todos e nos ensinar o valor do respeito pela vida.
Boa Páscoa
Uma Feliz Páscoa, Elvira!
ELVIRA,
Olá.
Obrigado pela tua visita!
Também para ti e para os teus uma SANTA e FELIZ PÁSCOA.
(Tenho problemas computadorais...daí a paragem neste momento de publicações. Espero retormar breve)
Não falo do teu belíssimo conto "real", porque já o conheço.
Volto breve.
Fica bem.
Beijinhos:))**
Hola Elvira:
Tus historias tan bien escritas me son muy "bem-vindas".
Cariños.
Entre a má sorte do Manuel e a má sorte de Portugal lá continua a narrativa que continuamos a seguir.
Abraço do Zé
Olá, Elvira
Agradeço e retribuo as felicitações de Páscoa.
Bjs
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