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27.2.12

MANUEL OU A SOMBRA DE UM POVO - PARTE XIV



A Roménia declara guerra à União Soviética, ao mesmo tempo que as tropas alemãs efectuam a invasão.
E foi precisamente nesse dia que o Manuel, saiu de licença e depois de várias voltas pela cidade, pensou que estava farto da vida da tropa, estava cheio de saudades da aldeia e da mãe e decidiu que não ia voltar mais ao quartel.
Decidido, mas sem dinheiro para o comboio, resolveu fazer os mais de 300Km a pé. Não seria uma viagem rápida, mas também não tinha pressa. Lá era certamente o primeiro sítio onde iriam procurá-lo. E se bem o pensou melhor o fez.
 Afastando-se das estradas foi andando por montes e vales,  ficando um dia ou dois nas quintas que lhe apareciam no caminho. O trabalho do campo não tinha segredos para ele, e assim ganhava algum dinheiro, além de encher a barriga. E foi deste modo que nos primeiros dias de Agosto chegou à aldeia. Se a Piedade ficou surpresa, porque pensava que o filho estava no quartel, Manuel não ficou menos surpreso ao saber que ninguém o tinha ido procurar.
Ele não sabia que na confusão que se vivia na altura, ninguém tinha anulado a sua passagem à reserva, mas ainda assim resolveu seguir a sua vida e engajou-se de novo para a próxima safra na Seca do Bacalhau.
No leste europeu, os alemães aniquilam as forças russas em Smolensk.
Roosevelt e Churchill assinam a 'Carta do Atlântico'
Nesse ano os navios chegaram com pouco bacalhau. A pesca tinha-se tornado uma actividade perigosa por causa dos submarinos alemães. Portugal era um país neutral, e os bacalhoeiros foram totalmente pintados de branco e ostentavam o pavilhão português bem à vista, mas ainda assim os pobres pescadores, levavam o dia com o credo na boca. E tinham razão como ficou demonstrado no ano seguinte.
Por isso nesse ano o engajamento de pessoal foi menor e se deu primazia aos mais jovens e fortes. Manuel estava entre eles.
Estreia em Lisboa com grande sucesso, o Pai Tirano, uma comédia, de António Lopes Ribeiro, com Vasco Santana e Francisco Ribeiro.
No teatro da guerra, O VIII Exército Britânico inicia a Operação Crusader para destruir Rommel.
O governo japonês declara guerra aos Estados Unidos e à Inglaterra.
E de seguida os seus aviões bombardeiam a base naval norte-americana de Pearl-Harbor. Este ataque marcaria a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra mundial e o inicio da guerra no Pacifico.
Grã-Bretanha e Estados Unidos declaram guerra ao Japão.
Haiti, Costa Rica, Austrália, Cuba, Honduras, Panamá, China, e El Salvador declaram guerra à Alemanha, Itália e Japão.




Nota: Para os que estranharam a história das botas, garanto que é verdadeira.  Mais de vinte anos passados essas malfadadas botas foram causa de grande sofrimento para o Manuel e sua família. Mas eu conto quando lá chegar...




Nova postagem no dia 1 .  




UMA  BOA SEMANA PARA TODOS.


17 comentários:

Olinda Melo disse...

Querida Elvira

E estamos em plena guerra...dias terríveis se anunciam.

Interessante como interliga factos da vida comum com o que se passa internacionalmente. Ficamos com uma visão perfeita da época.

Não sabia que os bacalhoeiros eram pintados de branco e que continuaram a sua faina mesmo durante a guerra.

Muito obrigada.

Bom início de semana.

Beijos

Olinda

Anónimo disse...

Mais um momento da nossa história para recordar.

Bem haja e parabéns pela partilha.

Tudo de bom.

Mariazita disse...

Continuando a acompanhar... com vivo interesse.
Tempos terríveis esses que se viveram. Que Deus permita que não voltem.

Boa semana. Um abraço

Edum@nes disse...

Amiga Elvira boa tarde
Se assim lhe posso chamar
Neste seu espelho de arte
Aos visitantes agradar!

Nem de espelhos nem de arte,
Vim aqui para falar
Muito menos para dizer disparate
Venho agradecer, por me visitar!

Com muita alegria a recebi,
Volte sempre que quiser
Depois de tudo o que aqui li,
Guerras a invasões, sua razão nunca entendi!

Servem para dizimar soldados e populações
Destroem tudo barbaramente
Afastam as uniões
E fazem sofrer muita gente.

Desejo uma feliz tarde para você.
Um abraço.
Eduardo.

Vitor Chuva disse...

Olá, Elvira!

Bem me parecia que haveria algo mais por detrás dessas botas perdidas...mas vamos esperar para ver o que é: como irá o Manuel descalçá -las - se é que o consegue...

A guerra é coisa terrível, que alguns, estranhamente, conseguem glorificar...talvez porque nunca andassem lá...

Uma abraço.
Vitor

Paulo Cesar PC disse...

Como as narrativas tão bem colocadas por você são capazes de nos transportar para dentro delas. Um beijo no seu coração.

LopesCaBlog disse...

Boa semana :)))

Anónimo disse...

Narrativa muito interessante e bem talhada. Tantos fatos que se interligam o formam um texto encantador.
Obrigada pela visita e comentário.
Bjkas

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Bom dia Elvira!
Que gostoso é participar desse lindo espaço!
É muito bom acompanhar esta história tão bem narrada por você.
Um ótimo dia!
Beijo
Mariangela

São disse...

Portugal neutral...uma boa invenção de Salazer, isso

Um abraço

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Muito curiosa essa tua narrativa...

Respondendo o teu coemntario...


Elvira, pois é, sao as decisoes jovens, a gente nao sabe nada da vida. Infelizmente com o tempo se aprende, mas muitas das vezes é tarde para repararmos os erros.

Bjos e uma semana abencoada pra vc.

Georgia

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Vamos ver o que vai acontecer ao Manuel.
Já aqui referi que continuo a achar muito interessante esta constante ligação à História de Portugal, mesmo que seja a mais triste.

Beijinho

mundo azul disse...

______________________________

Guerras são muito tristes!

Estou por aqui, relendo seus excelentes relatos, e aprendendo...

Beijos de luz e o meu CARINHO!!!


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Luma Rosa disse...

E há quem diga que atualmente morrem gente demais... tempos difíceis de guerra, de grandes guerras... Ansiosa para saber o que a vida irá aprontar com Manuel! Boa semana!! Beijus,

esteban lob disse...

Yo también digo "muito obrigado", Elvira, por la historia tan bien contada.

Un beso.

manuela barroso disse...

Olá querida amiga!
E eu gostava de saber contar assim esta história, sem monotonia, sempre interssante!
Mas sem guerras, sem o sofrimento sempre presente!
Parabéns~Bjis

Zé do Cão disse...

Claro que a neutralidade era só para ingles ver.
Inglês que também ser servia...
abraço