O tio Marcel e a tia Babette vivem no sul de França, na Provença. Simone visitou-os já muitas vezes durante as férias com os pais. No verão passado, depois de uma visita à bela aldeia na montanha de Les Beaux, o tio Marcel disse:
— Deviam assistir à Missa do Galo do Pastor aqui em cima. É um acontecimento natalício inesquecível.
Meses mais tarde, chega uma carta do tio Marcel. Querem vir passar o Natal comigo? A Babette vai para a América porque a nossa filha vai ter o primeiro bebé. Os pais de Simone não pensam muito e aceitam o convite. Partem pouco antes do dia da festa. Simone está muito contente.
— Assim podemos subir à montanha e ver o Natal dos Pastores.
Mal chegam, ajudam o tio Marcel na preparação da casa. O tio limpa a lareira da sala e, no dia seguinte, coloca lá um grande tronco de madeira, dizendo:
— O tronco de Natal, a bûche de Noël, vai ser aceso esta noite. Costumamos dizer que, na noite de Natal, ele expulsa de casa todo o mal.
Simone escuta-o com atenção enquanto coloca os “santos” na cornija. Santos são figuras construídas para o Natal: Maria e José com o menino no presépio, animais, pastores, camponeses, aldeãos e os três Reis Magos. Simone desembrulha as figuras dos reis.
— Aqui — diz o tio — conta-se que o rei Baltasar, depois de ter estado com o Menino Jesus, veio até cá. A estrela conduziu-o até aqui, aos pastores da Provença. É em memória desse acontecimento que o brasão de Les Beaux tem uma estrela de prata.
Simone decide que irá procurar a estrela esta noite. Enquanto o pai decora a árvore, a mãe faz o bolo de Natal e dá-lhe a forma de um tronco. Ri-se e abana a cabeça quando o tio lhe diz:
— Antigamente era cozido em fogo aberto!
Quando a refeição ficou pronta, o tio Marcel diz:
— Descansemos agora porque só vamos regressar depois da meia-noite.
À noite, Simone admira-se porque é que leva a grande lanterna de aço para a Missa do Galo. Mas, uma vez na estrada, vê muita gente com lanternas.
A aldeia de onde parte a estrada a subir que conduz à igreja situa-se num planalto e está rodeada de rochedos acidentados, mergulhados agora na escuridão. No parque de estacionamento, o tio Marcel acende a vela da lanterna e aponta para a montanha em frente. Vêem-se muitos pontos de luz. Ao subirem o caminho, a sua lanterna torna-se mais um. Lá em cima, na entrada da aldeia, são recebidos por um gigantesco pinheiro de Natal. O caminho segue por uma porta antiga através de ruas estreitas, casas enfeitadas, até ao largo da igreja. A pequena aldeia está cheia e as pessoas empurram-se para entrar. Durante algum tempo, fica-se em silêncio no espaço escuro. Todas as cabeças se viram para a porta ao ouvir-se um balido à entrada.
Pelo corredor central, um pastor conduz uma ovelha que puxa uma carroça alta de duas rodas. Lá dentro está um cordeiro deitado na palha. Atrás dele, seguem pastores e raparigas vestidas com os trajes da região. A procissão move-se devagar até ao altar, onde vai havendo cada vez mais luz. Simone vê Maria e José rodeados por crianças vestidas de anjos. Começa então a representação: o presépio anima-se. No final, todos cantam as belas e antigas canções de Natal.
Ao descer a montanha pela mão do tio, Simone ainda vem a cantarolar. Sente-se verdadeiramente imbuída do espírito natalício. Em casa, o tio Marcel apressa-se a acender o cepo na lareira. Enquanto o pai acende as velas da árvore de Natal, a mãe traz a terrina com a sopa de peixe. Mas, ainda antes de ser servido o peru recheado de castanhas, Simone já está tão cansada que os olhos se lhe fecham.
Na manhã seguinte, mal consegue lembrar-se como foi parar à cama. Antes do pequeno-almoço, o tio Marcel acende as velas da árvore e ouve a sorrir Simone na cozinha a contar, entusiasmada, a Missa do Galo. Depois, entra na sala e cala-se, de repente, ao ver as suas prendas. Naquela noite de Natal, não tinha pensado em prendas. Mas fica contente e, ao começar a desembrulhá-las, o telefone toca.
O tio Marcel atende. E a sua cara fica resplandecente!
— É a Babette, da América — grita alegremente. — Temos um neto saudável! Um rapaz. Vai chamar-se Marcel, como o avô, e Cristiano, por ter nascido na Noite de Natal.
Rena Sack
Weihnachten in aller Welt: Mit 24 Geschichten durch den Advent.
Lahr: Kaufmann Verlag 2008
9 comentários:
Me gusto la historia. Te mando un beso.
A melhor de todas as prendas.
Boa semana
Uma bela história de Natal, gostei de ler.
Quando eu era criança, as prendas de Natal eram colocadas de noite junto à lareira e ao presépio num sapatinho e só eram vistas no dia seguinte de manhã.
Um abraço e boa semana.
Son preciosas estas historias do Nadal.
Aperta e saúde.
Son preciosas estas historias do Nadal.
Aperta e saúde.
Uma pérola e adorei ler!
Beijocas e um bom dia
Lindo, Elvira! Cada país com suas tradições. Um beijinho, saúde e paz. Um Feliz Natal🌲 ⭐
Gostei da estória.
Beijinho, boa semana :)
Boa noite Elvira,
Adorei este belo conto de Natal.
Um beijinho e continuação de boas melhoras.
Ailime
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