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11.12.23

NATAL EM FRANÇA





 O tio Marcel e a tia Babette vivem no sul de França, na Provença. Simone visitou-os já muitas vezes durante as férias com os pais. No verão passado, depois de uma visita à bela aldeia na montanha de Les Beaux, o tio Marcel disse:

— Deviam assistir à Missa do Galo do Pastor aqui em cima. É um acontecimento natalício inesquecível.

Meses mais tarde, chega uma carta do tio Marcel. Querem vir passar o Natal comigo? A Babette vai para a América porque a nossa filha vai ter o primeiro bebé. Os pais de Simone não pensam muito e aceitam o convite. Partem pouco antes do dia da festa. Simone está muito contente.

— Assim podemos subir à montanha e ver o Natal dos Pastores.

Mal chegam, ajudam o tio Marcel na preparação da casa. O tio limpa a lareira da sala e, no dia seguinte, coloca lá um grande tronco de madeira, dizendo:

— O tronco de Natal, a bûche de Noël, vai ser aceso esta noite. Costumamos dizer que, na noite de Natal, ele expulsa de casa todo o mal.

Simone escuta-o com atenção enquanto coloca os “santos” na cornija. Santos são figuras construídas para o Natal: Maria e José com o menino no presépio, animais, pastores, camponeses, aldeãos e os três Reis Magos. Simone desembrulha as figuras dos reis.

— Aqui — diz o tio — conta-se que o rei Baltasar, depois de ter estado com o Menino Jesus, veio até cá. A estrela conduziu-o até aqui, aos pastores da Provença. É em memória desse acontecimento que o brasão de Les Beaux tem uma estrela de prata.

Simone decide que irá procurar a estrela esta noite. Enquanto o pai decora a árvore, a mãe faz o bolo de Natal e dá-lhe a forma de um tronco. Ri-se e abana a cabeça quando o tio lhe diz:

— Antigamente era cozido em fogo aberto!

Quando a refeição ficou pronta, o tio Marcel diz:

— Descansemos agora porque só vamos regressar depois da meia-noite.

À noite, Simone admira-se porque é que leva a grande lanterna de aço para a Missa do Galo. Mas, uma vez na estrada, vê muita gente com lanternas.

A aldeia de onde parte a estrada a subir que conduz à igreja situa-se num planalto e está rodeada de rochedos acidentados, mergulhados agora na escuridão. No parque de estacionamento, o tio Marcel acende a vela da lanterna e aponta para a montanha em frente. Vêem-se muitos pontos de luz. Ao subirem o caminho, a sua lanterna torna-se mais um. Lá em cima, na entrada da aldeia, são recebidos por um gigantesco pinheiro de Natal. O caminho segue por uma porta antiga através de ruas estreitas, casas enfeitadas, até ao largo da igreja. A pequena aldeia está cheia e as pessoas empurram-se para entrar. Durante algum tempo, fica-se em silêncio no espaço escuro. Todas as cabeças se viram para a porta ao ouvir-se um balido à entrada.

Pelo corredor central, um pastor conduz uma ovelha que puxa uma carroça alta de duas rodas. Lá dentro está um cordeiro deitado na palha. Atrás dele, seguem pastores e raparigas vestidas com os trajes da região. A procissão move-se devagar até ao altar, onde vai havendo cada vez mais luz. Simone vê Maria e José rodeados por crianças vestidas de anjos. Começa então a representação: o presépio anima-se. No final, todos cantam as belas e antigas canções de Natal.

Ao descer a montanha pela mão do tio, Simone ainda vem a cantarolar. Sente-se verdadeiramente imbuída do espírito natalício. Em casa, o tio Marcel apressa-se a acender o cepo na lareira. Enquanto o pai acende as velas da árvore de Natal, a mãe traz a terrina com a sopa de peixe. Mas, ainda antes de ser servido o peru recheado de castanhas, Simone já está tão cansada que os olhos se lhe fecham.

Na manhã seguinte, mal consegue lembrar-se como foi parar à cama. Antes do pequeno-almoço, o tio Marcel acende as velas da árvore e ouve a sorrir Simone na cozinha a contar, entusiasmada, a Missa do Galo. Depois, entra na sala e cala-se, de repente, ao ver as suas prendas. Naquela noite de Natal, não tinha pensado em prendas. Mas fica contente e, ao começar a desembrulhá-las, o telefone toca.

O tio Marcel atende. E a sua cara fica resplandecente!

— É a Babette, da América — grita alegremente. — Temos um neto saudável! Um rapaz. Vai chamar-se Marcel, como o avô, e Cristiano, por ter nascido na Noite de Natal.



Rena Sack

Weihnachten in aller Welt: Mit 24 Geschichten durch den Advent.

Lahr: Kaufmann Verlag 2008

9 comentários:

Citu disse...

Me gusto la historia. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

A melhor de todas as prendas.
Boa semana

Jaime Portela disse...

Uma bela história de Natal, gostei de ler.
Quando eu era criança, as prendas de Natal eram colocadas de noite junto à lareira e ao presépio num sapatinho e só eram vistas no dia seguinte de manhã.
Um abraço e boa semana.

acedre disse...

Son preciosas estas historias do Nadal.
Aperta e saúde.

paideleo disse...

Son preciosas estas historias do Nadal.
Aperta e saúde.

Fatyly disse...

Uma pérola e adorei ler!
Beijocas e um bom dia

Emília Pinto disse...

Lindo, Elvira! Cada país com suas tradições. Um beijinho, saúde e paz. Um Feliz Natal🌲 ⭐

São disse...

Gostei da estória.

Beijinho, boa semana :)

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Adorei este belo conto de Natal.
Um beijinho e continuação de boas melhoras.
Ailime