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5.9.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE XXIV

 


Passou todo o dia a pensar nele. Havia pouco mais de dois meses que tinha começado a cuidar de Matilde. Cuidava dela, com todo o carinho, não só porque gostava muito de crianças, e tinha acabado de perder um filho, como porque desde que tivera a certeza de que a mãe dela morrera naquele fatal acidente provocado pelo marido, indiretamente se sentia culpada da orfandade da menina.

O pai, era um homem bonito, simpático, mas para ela era o patrão, e não podia pensar nele de outro modo.

Por outro lado, ela não pensava em qualquer homem como possível companheiro, a experiência com o casamento anterior, não lhe deixara desejos de repetir a dose. Tinha ficado vacinada.

Contudo sentia que havia qualquer coisa estranha entre ela e César. Ela não sabia exatamente o quê, mas sentia-o. Era como uma estranha energia que a  atraía para ele.  Talvez fosse a maneira como ele a olhava, como se houvesse uma dúvida permanente, entre a confiança com que tinha posto a sua casa e a sua filha, aos cuidados dela, e alguma coisa que ele temia, ou se recusava a aceitar. 

Como eram quase dez horas quando César se despediu da filha, nesse dia não houve passeio com a criança, tendo ficado a manhã confinada às habituais brincadeiras no jardim. Depois do almoço, e enquanto Matilde dormia a sesta telefonou à amiga.
Contou-lhe a novidade.
-Quer dizer que vais ficar aí três dias? Sem ires a casa?
-Não. Quando a Matilde acordar, depois do lanche, levo-a a passear, e vamos a casa. Preciso trazer roupas, e alguns artigos de higiene.
- Começas por levar algumas coisas e acabas por te mudar para aí.
- Não sejas tonta. Foi uma regra que aceitei, e que está no contrato.
- Não te amofines, estava a brincar. E ele? Tudo na mesma? Não arranjou namorada?
- Como queres que saiba? Sou apenas uma empregada.
- Uma empregada especial. Essa história de te entregar a casa e a filha… será um teste?
- Já me estou a arrepender de te ter telefonado. Estás impossível hoje!
-Pronto, não digo mais nada. Mas posso pensar, não? Olha, vou fechar a loja uns dias em Agosto. Todos os anos nessa altura, é uma pasmaceira, ninguém compra nada, a loja só não leva o dia entregue às moscas, porque eu e o Nuno, estamos cá para as enxotar. Penso ir para Lagos. Olha, depois falamos, tenho agora aqui uma cliente.
-Vende muito. Adeus

9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Uma empregada especial ou um alvo especial??
Boa semana

Tintinaine disse...

A amiga empurra, empurra, quer vê-la casada! Não é por mal, penso eu!
Vem aí a chuva, Elvira, vá procurar o chapéu de chuva para não ser apanhada de surpresa!
Uma boa semana sem encrencas na saúde!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste excelente capitulo.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Manuel Veiga disse...

bela prosa
escreves muito bem
gosto disso

Boa semana
abraço

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Devagar, devagarinho, porque tudo deve acontecer sem pressas depois de um trauma tão tremendo, Beatriz começa a ultrapassar os seus receios e angústias.

Um forte abraço, minha amiga!

chica disse...

Beatriz está se abrindo...Gostando muito! beijos, chica, ótima semana!

noname disse...

Penso que César sabe quem ela é, ao contrário dela que apenas sente a tal sensação estranha. Vamos ver se tenho razão :)

Beijinhos, Elvira

Cidália Ferreira disse...

Mais um episódio que gostei :))

-
As primeiras chuvas...

Uma excelente semana.
Beijos!