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20.10.22

LENDAS DE PORTUGAL - A LENDA DA PRAIA DE BOUÇAS

 




A Praia das Bouças

No Vale da Abelha, próximo da Ribeira de Eiras, existia uma gruta, tapada com uma grande pedra que lhe servia de porta.

Aí vivia, em tempos remotos, com um filho pequeno, uma moura que, sempre que tinha de entrar ou sair da gruta, proferia em linguagem pouco clara um palavreado que fazia mover a pedra, ficando a passagem livre.

Esta moura tinha o costume de tomar banho nas límpidas águas da Praia das Bouças, mas para banhar, sem perigo, o seu menino não o queria levar consigo para essas águas, pelo que cavou uma rocha com o feitio de uma pequena banheira e era aí que lhe dava banho em segurança.

Um dia, passaram pelo local uns homens que se dirigiam à ribeira para pescar e ficaram surpreendidos com o aspe
to daquela pedra semelhante a uma grande concha. Como tivessem concluído que tal obra não era natural e só poderia ter sido feita por mão de gente, resolveram ficar escondidos a observar todos os movimentos que por ali houvesse.

Ao longo dos vários dias de vigília nada de anormal se passou, até que, numa tarde bastante quente, viram chegar uma formosa moura com um menino ao colo. Colocou-o na bacia de pedra, onde ele ficou a brincar, e depois dirigiu-se à ribeira para se banhar nas frescas águas.

Descoberto o mistério, os homens saíram do esconderijo para apanharem mãe e filho, mas a moura, astuta e apercebendo-se a tempo da situação, saltou rapidamente da água, pegou no menino e correu o mais que pôde.

Os perseguidores corriam logo atrás, gritando para a assustar e para que se deixasse apanhar, mas ela, pronunciando uma fala desconhecida, desapareceu como por encanto, por entre as altas moitas da margem da ribeira, não deixando o mínimo rasto.

A moura nunca mais foi vista e, porque ninguém teve conhecimento das palavras que faziam mover a pedra, a gruta nunca mais se abriu.

A sua localização perdeu-se com o tempo, mas a bacia de pedra ainda ali está, na Praia das Bouças.

FONTE

  • EXPOSIÇÃO “Histórias e Lendas de Mação”, 2019, Carlos Aleixo
  • César di Ambaca, HISTÓRIAS E LENDAS DE CÁ, pág. 16

3 comentários:

Jaime Portela disse...

Mais uma lenda interessante, tal como as que tem publicado.
Continuação de boa semana, amiga Elvira.
Beijo.

Fatyly disse...

Esta já conhecia e que me contou foi o meu avô materno que gostava muito de mim ao invés da minha avó e quando ela dizia e fazia...ele chamava-me para me contar lendas.
Beijos e um bom dia

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Mais uma bela lenda das minhas raízes que desconhecia.
Adorei lê-la e conhecê-la aqui.
Em criança não me recordo de ouvir nenhuma lenda de mouras.
Beijinhos e saúde.
Ailime