Laura despiu o filho mudou-lhe a fralda e vestiu-lhe o pijama deitando-o em seguida sempre sob o olhar atento de Fernando. Deu-lhe um beijo e depois de o cobrir saiu do quarto apagando a luz.
Sentia-se
nervosa com a presença do jovem. Noutros tempos tinham sido amigos, quase
irmãos. Não compreendia porque agora não conseguia agir com a mesma
naturalidade desse tempo.
-
Meninas, - disse ao entrar na sala e vendo a filha e sobrinha em animada
conversa - horas de ir para a cama. Amanhã é dia de escola. Quero a luz apagada
e silêncio dentro de dez minutos. E não esqueçam de lavar os dentes.
As
crianças levantaram-se e depois de beijarem os dois, seguiram para o quarto
rindo baixinho.
Laura
dirigiu-se à cozinha a fim de fazer o café e Fernando seguiu-a.
-
Surpreendeu-me a tua reação na festa, - começou ele. É verdade que pensas mesmo
aquilo que disseste? Queres passar o resto da tua vida sozinha?
-
Tenho dois filhos, e dez anos de recordações. Não estou sozinha.
-
Um filho é diferente de uma filha. O Miguel vai sentir a falta de uma presença
masculina na vida dele. Não podes querer que ele tenha a mesma veneração pelo
Joaquim que tem a Sara. Ele nunca conheceu o pai. E ainda que assim não fosse,
tens apenas trinta e três anos, quando chegares aos cinquenta, a Sara terá
acabado a Universidade, provavelmente estará casada e na sua casa, o Miguel
estará na Universidade e quando acabar iniciará a sua própria vida e tu estarás
sozinha. Já pensaste nisso?
Os
dois estavam sentados à mesa na cozinha, bebendo o café e conversando quase com
a mesma naturalidade de muitos anos atrás. Era a primeira vez que o faziam
desde que ela entrara na Universidade e conhecera Joaquim.
-
Foi o meu irmão que te encomendou o sermão? – perguntou Laura. Ou é o
psiquiatra que está a dar-me uma consulta não solicitada?
-
Nem uma coisa, nem outra. Parece teres esquecido a amizade que nos uniu durante
muitos anos.
-
Desculpa. Mas estou cansada do tema. Os meus pais e o meu irmão, não estão
comigo cinco minutos, que não me falem de que devo esquecer o homem que foi a
razão da minha vida e me deu dois filhos.
-
Eu não te digo que devas esquecê-lo, afinal foi o teu primeiro amor e é o pai
dos teus filhos, é natural que tenha sempre um lugar no teu coração. Mas o
coração humano tem uma enorme capacidade de amar, e há sempre lugar para um
novo amor. Tenho a certeza, que seria aquilo que o Quim quereria. Um homem que
ama como ele amou, na hora da partida, só deseja que a mulher amada, possa
voltar a ser feliz.
-É
curioso que saibas tanto sobre o amor, tu que és um solteirão empedernido, que
nunca teve, pelo menos que eu saiba, um relacionamento mais sério.
-
O facto de não ter um relacionamento não quer dizer que não tenha amado. Às
vezes o coração prega-nos a partida de se enamorar de alguém que já vive outro
amor, - disse levantando-se. E continuou antes mesmo que Laura tivesse tempo de
dizer alguma coisa:
13 comentários:
Chama-se a isso preparar a sementeira.
Chama-se a isso preparar a sementeira.
Oh! Não gosto quando a conversa é cortada a meio!
Boa quarta-feira!!!
Estou a gostar do que leio.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A história continua a ganhar corpo e começam a definir-se alguns traços do seu perfil...
Saúde, Paz e um grande abraço, Elvira!
aCOMPANHANDO E GOSTANDO MUITO! BEIJOS, CHICA
Mais uma história para acompanhar que, espero, tenha um final feliz. Também espero que estejas bem de saúde e com serenidade perante tantos problemas com esta guerra. Um beijinho, Elvira!
Emilia
O coração tem ONDAS que nem a água do mar imita e/ou compreende.
.
Cumprimentos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Gostei bastante!!
Beijos, e uma boa tarde!
Boa tarde Elvira,
Acompanhando com muito gosto esta bela trama.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Gostei muito. Beijinhos
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Não sei... mas isto promete e muito. Há algo no ar e eu diria que pode ser amor (do lado dele) e que ela por motivos vários ainda não consegue ver.
uma publicação que complementa a anterior e que nos faz começar a desejar desde já o melhor aos personagens.
Abraço, saúde e um fim de semana inspirado (amanhã venho ler mais, já sei onde é que estava na leitura)
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