Infelizmente para as suas pretensões, Helena recusou energicamente o casamento, rebatendo todas as suas ideias. Ela não se negava a que ele desse o seu nome à filha, nem a que fosse vê-la, ou sair com ela, sempre que disso tivesse vontade, exceção feita para as noites de segunda a sexta em tempo de aulas.
Também não recusava fazer um programa com eles de vez em quando, mas por norma não os acompanharia, pois pensava que eles deviam aprender a conhecer-se e a amar-se como pai e filha.
"E nós?" perguntara ele.
"Neste momento não há nós, Gonçalo. Conhecemo-nos há quase catorze anos. Ambos eramos muito jovens. Os anos não passam em vão, nós vivemos, sofremos, não somos mais aqueles jovens. Esses ficaram lá no passado. Que sabemos nós, hoje, um do outro? Nada. Até há meia dúzia de dias, nem sabias da nossa existência.
Então tem alguma lógica casarmo-nos apenas porque acabaste de descobrir que tens uma filha e tens uma noção exagerada do dever. Como amigos, e pais da Matilde, poderemos conviver e quem sabe no futuro, voltaremos a ter um pelo outro o mesmo sentimento que nos uniu outrora? Quem sabe salta ainda alguma fagulha, das cinzas do passado?"
E foi mais ou menos isso que ela repetiu na sala, depois do almoço para toda a família, quando Sérgio perguntou se já tinham marcado a data para o casamento.
Com a sua resposta, gerou-se uma certa confusão, toda a família pressionando, especialmente Matilde que acabou por sair da sala gritando que a mãe era egoísta que não pensava nela, indo a seguir fechar-se no quarto amuada. Helena não se alterou, nem mudou de ideia, e no fundo ele admirou-a.
Gonçalo sabia que ela aceitaria a sua proposta de casamento, se ele jurasse que a amava Todavia ele não poderia fingir que tinha recuperado a memória, e muito menos jurar um falso amor. Uma relação assente numa mentira, não duraria muito e ele queria a estabilidade e uma família de verdade.
Como já perdera a esperança de recuperar a memória, só lhe restava acreditar que com o tempo e a convivência, ele poderia voltar a amá-la como ela desejava. De momento sentia um grande respeito pela mulher que era e pela maneira como educara Matilde. E uma enorme atração sexual.
Pouco depois do almoço, despedira-se de todos, agradecendo aos donos da casa o acolhimento e depois de um apertado abraço à filha e da promessa de que se veriam em breve, regressou a Lisboa.
Pouco antes do jantar, o telemóvel fez-se ouvir, e ao atender a chamada da irmã, esta informou-o que os pais ficaram espantados com o que ela lhes contara e encantados com as fotos da neta desconhecida. Viajariam para Lisboa no dia seguinte, ao fim da tarde quando ela regressaria. Queriam conhecer Helena e a filha e ajudar na preparação do casamento.
Ele aproveitou para afirmar que não iria haver casamento, e contara-lhe o que Helena lhe respondera nessa mesma tarde, quando lhe propusera casamento.
"Sei que a mãe vai fazer pressão para que esse casamento aconteça o mais rápido possível,- respondera a irmã. Afinal há mais de dez anos que anda a tentar casar-te. E eu mesma gostaria de te ver casado, mas se queres saber, penso que a Helena tem razão. No seu lugar eu também não aceitaria um casamento pelas razões que te levaram a fazê-lo."
16 comentários:
E as coisas vão caminhado como era esperado e, creio que vamos ter um final feliz. Espero que estejam todos bem e que o problema dos teus olhos esteja superado. Um beijinho, Amiga!
Emilia
Muita gente a meter a colher.
Nunca dá bom resultado...
Bfds
Bom dia, Elvira.
Se há muitas pressões, os 'noivos' nem podem pensar com calma. O melhor era juntarem os trapinhos, viverem felizes e em paz e o casamento viria se tivesse de vir.
'Mas eu é que sei o rumo a dar à história', dirá a Elvira, com toda a razão. E faz muito bem, porque quem escreve é que sabe.
Um grande beijinho e muita saúde.
A Helena ligou o complicómetro! Não seria mulher se não o fizesse!
Bom fim de semana!
Bom dia
Embora tudo se vá proporcionar para que o casamento vir a acontecer , acho que Helena teve o procedimento correto , pois mesmo que já se tivessem conhecido anteriormente e tivessem uma paixão , passados todos estes anos tudo poerá ser diferente.
JR
Puxa, mas Helena quer ter certezas para casar...Até está certa,mas vamos ver...Ainda espero que mude! beijos, lindo dia! chica
Boa tarde Elvira,
Helena não deixa de ter razão, mas tenho esperança que algo faça mudar a situação.
Um beijinho e bom fim de semana.
Ailime
Mulher de fibra. :)
Boa tarde, Elvira
Com a admiração e o poder tractivo, que Helena exerce sobre Gonçalo já estão reunidas as condições para um convívio/namoro que poderá levar esta história a bom porto.
O resto do pessoal, família dele e dela, que sosseguem o facho, porque a vida é deles e só eles têm de se entender e escolher o caminho seguro para uma relação duradoura.
Que mania essa de se armarem em casamenteiros...detesto isso.
Um abraço e... aguenta coração!! :)
Perdão, amiga Elvira.
Já voltei à anterior dificuldade de comentar.
E o poder que Gonçalo sente pela mãe da filha é atractivo e não tractivo poie não é nenhum veículo de tracção às 4 rodas.
Irritante, este blogger...Desculpe.
Se não forem casando até ao dia do casamento. Podem crer que todo o tempo perdido jamais será recuperado!
Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.
Vão namorando e como diz a cantiga felizes e desejando...
Bom fds!
Tenho de concordar com a Helena... mas quero casamento, Elvira!
Beijo.
Concordo com a posição da Helena, e acho que deve ser respeitada por todos.
Continua tudo muito interessante.
Um abraço.
Oi, Elvira!
Estou com o Pedro; é muita gente metendo a colher! Mas acho que esses dois tem química :)
Beijus,
Com certeza, o final será muito feliz. Acompanhando, gostando e aguardando os futuros acontecimentos.
Abraços,
Furtado
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