Eram dez horas e vinte minutos da noite de sábado, véspera da Páscoa . Estendido no sofá da sua sala, com os braços debaixo da cabeça, Gonçalo recordava as emoções porque passara naqueles dois dias.
Tinha chegado à "Flor do campo" a quinta dos pais de Helena, na véspera faltavam quinze minutos para as onze. À entrada do largo portão, encontrara Matilde que se pusera a meio da estrada que o levaria até à casa uns duzentos metros mais à frente.
Sem saber bem o que pensar, ele parara o carro e saíra. Por largos segundos que lhe pareceram uma eternidade, ficaram olhando um para o outro em silêncio, deixando que os olhos gritassem tudo o que lhes ia na alma. Depois ele pusera um joelho no chão, tornando o seu corpo de um metro e noventa e dois, mais acessível à altura da filha e abrira os braços. Matilde correra a refugiar-se neles.
A emoção que sentira fora tão grande, que só a muito custo conseguiu conter as lágrimas que acabaram correndo livres quando Matilde lhe segurara o rosto com as mãos trémulas e dissera:
- Pai, finalmente vieste. Meu Deus toda a minha vida desejei saber quem eras, onde estavas, porque não vinhas ver-me. Estar agora aqui nos teus braços, é a realização do meu maior sonho.
A mãe contou do teu desastre, da perda de memória, e de que não sabias sequer que eu existia. Mas agora que já sabes, promete que nunca mais te esqueces de mim. Prometo que serei uma boa filha e que um dia ainda vais sentir orgulho de mim.
- Já sinto orgulho de ti minha filha, e juro que aconteça o que acontecer estarei sempre presente na tua vida, amando-te e protegendo-te. Agora limpa essas lágrimas, entra no carro e vamos até casa, está bem?
Estacionara no largo junto à casa um edifício de dois andares, no qual entrara pela mão de filha e fora por ela apresentado aos tios, avós e primos.
Ele gostara da família. Todos o receberam com aquela amabilidade típica das gentes do interior. Apenas Sérgio se mostrara menos simpático, mas ainda assim não inconveniente.
Durante o almoço, o dono da casa, afirmou que estavam felizes com a sua presença, que gostariam de que passasse com eles aquelas festas da Páscoa.
Ele agradecera, mas dissera que infelizmente teria de regressar no dia seguinte à tarde, pois estaria no serviço de urgência no hospital Domingo de Páscoa.
Depois do almoço, as mulheres foram para cozinha, Matilde recebera ordem de ir descansar, afinal havia apenas uma semana que sofrera a cirurgia e os primos Maurício e Mário foram para o quarto enfrentar-se num jogo virtual.
Na sala ficaram apenas os três homens e Gonçalo pensara que era a hora de ter uma conversa séria com os outros dois, sobre quem ele era, as suas intenções de reconhecer e dar o seu nome à filha e o seu desejo de casar com a mãe.
O destino o privara, por desconhecimento, de lhes dar aquilo a que tinham direito, mas agora que as descobrira, queria o mais rápido possível, recuperar o tempo perdido.
Os dois mostraram-se satisfeitos com o que ouviram e os três apertaram as mãos num gesto de aceitação e apoio.
12 comentários:
Estive à espera deste encontro entre pai e filha.
Muito emotiva a reacção de Matilde em dizer tudo de rompante, naquela hora de emoção - Se fosse comigo não conseguiria articular uma palavra.
Agora, já falta pouco, para que todos fiquem felizes para sempre.
Um abraço e uma noite serena, Elvira.
Já temos bastantes problemas e é muito bom vermos as coisas a correrem bem para esta " familia " que já sofreu muito. Uma boa semana, querida Elvira, principalmente com saúde para todos. Um beijinho
Emilia
Toda a gente faz projectos para a vida de Helena, vamos ver o que ela decide.
Boa noite, Elvira
Uma família que se reencontra.
Boa semana
O mais difícil está feito, daqui em diante vai ser só "love"!!!
Pois é Elvira, conseguiu deixar-me de lagriminha no canto do olho.
Gostei muito do que li.
Beijo, boa semana.
A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Lindo encontro tão esperado.Belo capítulo! beijos, linda semana,chica
Mais um bonito e interessante capítulo! :)
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Procuro a paz que anda perdida
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Beijo, e uma excelente semana..
Boa tarde Elvira,
Muito emocionante o encontro entre pai e filha!
Um episódio muito bem escrito e cuja história muito me tem cativado.
Beijinhos e uma semana com muita saúde.
Ailime
Tudo aquilo que tem de acontecer. Mais cedo ou mais tarde, sempre acontece.
Tenha uma boa tarde amiga Elvira. Um abraço.
Muito emotivo e ansiado este reencontro, a partir daqui acho que tudo só pode correr bem, será ?
Um abraço, Elvira.
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