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25.9.16

VIDAS CRUZADAS - PARTE V


No dia seguinte fez os exames que o médico lhe prescrevera. E ficou aguardando que passassem os dez dias para saber o que na verdade se passava consigo. Quando o dia chegou, passou no laboratório de manhã a apanhar os resultados antes de ir para o emprego e à tarde quando saiu, foi ao consultório mostrar o envelope ao médico. Desta vez, talvez porque já fosse tarde, a sala de espera estava vazia. Apenas a assistente do médico se encontrava na sua secretária folheando uma revista talvez esperando que o médico desse o dia por terminado ou quem sabe esperasse ainda por algum retardatário . 
- Boa tarde. O senhor doutor está? Tenho aqui o resultado das análises que ele me pediu.
- Boa tarde, – respondeu a assistente. Espere um pouco. Vou ver se o doutor o pode atender agora.
 
Pode entrar, - disse a assistente abrindo a porta do consultório. 
 Pedro entrou e como da outra vez, olhou à sua volta com desconfiança enquanto o médico abria o envelope e se embrenhava no resultado das análises.
Pensou que a sua desconfiança se devia ao facto de, em criança, ter caído e ficado com um enorme corte, que teve que ser cosido. Porém desta vez, ao olhar o médico, foi invadido por um receio maior. Teve a certeza que qualquer coisa de muito grave se passava consigo. Foi algo que leu, no olhar receoso que o médico lhe lançou.
- Então Doutor, o que dizem as minhas análises?
 – Bem, tem que fazer repouso absoluto. Vou receitar-lhe umas injecções e umas cápsulas. E também...
 – Doutor, – interrompeu Pedro, certo de que o facto de o médico não responder à sua pergunta, configurava um caso muito grave mesmo. – Não sei o que vi nos seus olhos, mas tenho a certeza de que não é nada bom. Não será com repouso que resolvo o meu problema, e o Doutor sabe-o. Quero saber a verdade. Tenho direito a isso. Vivo com a minha mãe, que já ultrapassou os setenta anos e para quem sou tudo o que tem na vida. E é por ela, que preciso saber a verdade.
- Meu jovem, pede-me a verdade e esta por vezes é muito cruel. Quisera dizer-lhe que está enganado, que nada do que pensa é verdade, mas infelizmente só posso dizer-lhe que às vezes os milagres acontecem.

15 comentários:

chica disse...

Puxa, que agonia! Esse médico assusta ao invés de falar logo,rs Curiosa em saber! bjs, chica

Edum@nes disse...

Não terá sido nada gradável, a notícia,
penso eu, dada ao Pedro, pelo médico
será que para curar a sua doença acredita
que o milagre seja de todos a melhor remédio?

Eu acredito que possa acontecer,
sem se perder a esperança nem da fé
com paciência eu espero para ler
ao contrário do que o médico pensa que é!

Tenha amiga Elvira, uma boa tarde de domingo, um abraço.
Eduardo.

Os olhares da Gracinha! disse...

Elvira...imagino a angústia perante uma má notícia!
Bj

Tintinaine disse...

Oh diabo, se está dependente de um milagre antevejo que o futuro do Pedro não será nada risonho.
Que será que a contista nos vai oferecer nos próximos capítulos?

aluap disse...

O médico é especialista e o caso parece grave, embora a falta de apetite não é sinal de doença grave. Mas os milagres acontecem mesmo.
Na minha aldeia contam que uma mulher acometida pela doença do carbúnculo, na na maior parte das vezes, letal, curou-se.
Primeiramente recorreu a um "médico popular", mas foi aconselhada a ir a um médico especialista muito conhecido que havia na vila, mas como não havia posses, nem meios...o "médico popular" pediu ao marido que trouxesse a sua mulher em segredo pela calada da noite (tais actos eram proibidos) e fez-lhe a "sangria à queima". Passados, mais ou menos, 3 meses, encontrou o marido que lhe disse que a mulher estava curada!

Odete Ferreira disse...

Este conto segue a qualidade narrativa a que já estou habituada.
Adivinham-se obstáculos; espero, contudo, que a autora enverede por um final feliz.
Bjinho, Elvira :)

Rogério G.V. Pereira disse...

Sempre acreditei em milagres
são mais acessíveis
que alguns impossíveis

Que Pedro mantenha a esperança

Dorli Ramos disse...

Oi Elvira,
Que tristeza, tão jovem...
Não acredito em milagres, peço sempre a Deus que me dê saúde, mas se ela vier não irei incomodar o Senhor, existem doentes incuráveis que precisam mais da atenção dos anjos e de Deus.
Beijos
Minicontista2

Pedro Coimbra disse...

A tristemente célebre tísica??
Boa semana

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Por vezes deparamos com situações difíceis e inesperadas.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar

Duarte disse...

Quando se tem que ir ao médico tudo é possível. Quanto mais se indaga, mias angustia se agrega.
Como sempre, excelente qualidade narrativa.
Abraços de vida, querida amiga

Smareis disse...

É muito complicado, e difícil, para um médico dar um diagnóstico a um paciente. Principalmente quando o caso não é coisa simples. O profissional tem que saber a hora certa, e acho que esse médico está coberto de razão. Milagres existe, talvez o que era pra ser não é.
Um beijo Elvira!
Ótima semana!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Geralmente a gente pensa que coisas ruins somente acontecem com os outros. Espero que não seja tão grave assim.

Abraços,

Furtado.

Dorli Ramos disse...

Oi Elvira,
Se a história que conta é muito antiga é complicado, mas se for recente, tem jeito pra tudo. Eu tive e operei.É duro para um jovem.
Vê se não me deixa muito triste com seus contos.
Beijos
Minicontista2

Elisa disse...

Sempre a acompanhar. Um grande beijinho
elisaumarapariganormal.blogspot.pt