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Isabel permaneceu nos correios durante um bom bocado. Depois de expedir as cartas, dirigiu-se aos expositores de livros, e fingindo escolher um, lá permaneceu por quase meia hora, e quem sabe não teria ficado mais tempo se entretanto não chegasse a hora do encerramento. Tinha medo de voltar a encontrar Miguel. Não se reconhecia. Ela que enfrentara com coragem a morte do marido daquela forma brutal. Que lutara pelos seus sonhos mesmo quando não dormia para cuidar dos pais. Que era feito daquela mulher forte, a quem a vida madrasta não assustava? Quem era aquela mulher que tremia feito criança assustada na presença de um quase desconhecido?
Isabel permaneceu nos correios durante um bom bocado. Depois de expedir as cartas, dirigiu-se aos expositores de livros, e fingindo escolher um, lá permaneceu por quase meia hora, e quem sabe não teria ficado mais tempo se entretanto não chegasse a hora do encerramento. Tinha medo de voltar a encontrar Miguel. Não se reconhecia. Ela que enfrentara com coragem a morte do marido daquela forma brutal. Que lutara pelos seus sonhos mesmo quando não dormia para cuidar dos pais. Que era feito daquela mulher forte, a quem a vida madrasta não assustava? Quem era aquela mulher que tremia feito criança assustada na presença de um quase desconhecido?
Entrou no prédio e dirigiu-se ao elevador
- Boa tarde menina, - saudou a porteira que se dirigia
para a porta da rua com um balde e uma esfregona.
- Boa tarde D. Rosa. Desculpe não a tinha visto. E
dizendo isto abriu a porta do elevador.
- Não faz mal menina. Tenha cuidado ao sair do elevador,
o chão pode não estar seco ainda.
- Terei cuidado. Até logo e obrigada pelo aviso
- Até logo menina. Vá com Deus.
Isabel fez subir o elevador. Muitas vezes subia a escada.
Afinal embora o prédio fosse de 10 andares ela vivia logo no 2º.
A conversa com a porteira tivera o condão de a desviar
dos seus pensamentos e sentia-se agora mais calma.
Quando em 2007 ela fora morar para o prédio já a D. Rosa
lá estava. Era uma mulher sozinha. O marido morrera há anos e o único filho que
tivera emigrara para França. Queria fugir dum futuro sem esperanças. Lá casou e
lá foi pai por duas vezes. A princípio vinha sempre a Portugal, todos os anos em
Agosto. Depois os filhos começaram a crescer, foram para a escola, arranjaram
amigos e foram-se desinteressando das férias em Portugal. Afinal lá é que era a
sua terra e lá estava o seu futuro. Se a nora fosse portuguesa, decerto faria
pressão para vir ver a família. Mas não era. Aos poucos as visitas foram
rareando. A última vez que viu o filho e os netos foi no funeral do marido.
Nessa altura o filho insistiu em levá-la, tinha lá boa vida comprara casa nova
e até tinha um quartinho para a mãe. Mas ela não quis. Costumava dizer “Vivi
aqui toda a vida, quero repousar aqui". E depois eles têm lá a sua vida os seus
costumes e eu ia para lá servir de estorvo. São outras terras, outras modas."E burro
velho não aprende línguas".Aqui, tenho a sorte de ter este trabalho, tenho a
casa, não pago renda, os inquilinos são como amigos, tratam-me com carinho que
mais hei-de querer?”
Um dia Isabel perguntou-lhe: - Mas não tem saudades
deles?
-Ai menina, se tenho. É uma mágoa sem tamanho. Mas sabe a
minha avó sempre dizia. Quando casamos uma filha, ganhamos um filho, quando
casamos um filho perde-mo-lo.
- Nem sempre D. Rosa, nem sempre.
- Claro, menina há excepções. Mas do mesmo modo que uma
filha puxa o marido para nós, a nora também puxa o marido para a família dela.
Isabel gostava dela. Talvez fosse a solidão das duas que
as aproximava.
Tomou um duche rápido, envolveu-se num roupão de seda e
dirigiu-se à cozinha.
Não lhe apetecia cozinhar. Procurou no frigorífico as
sobras. Tinha um pouquinho de frango assado. Também um restinho de arroz
branco. Meia alface, um pimento, e um tomate.
Na dispensa havia sempre uma latinha de milho. Decidida
fez uma salada de frango.
Continua
Continua
Bom fim de semana.
Tenho andado a caminho de Lisboa, com o maridão que tem andado em exames médicos e que foi ontem operado a uma catarata. A cirurgia correu bem e segunda feira vai ser operado ao outro olho. O tempo para os blogues e visitas tem sido por isso mais curto. As minhas desculpas
Tenho andado a caminho de Lisboa, com o maridão que tem andado em exames médicos e que foi ontem operado a uma catarata. A cirurgia correu bem e segunda feira vai ser operado ao outro olho. O tempo para os blogues e visitas tem sido por isso mais curto. As minhas desculpas