Seguidores

24.2.12

MANUEL OU A SOMBRA DE UM POVO - PARTE XIII


 foto da wikipédia

O novo ano inicia-se com o Manuel a terminar o tempo de tropa e a passar à reserva. Porém uma semana antes de tal acontecimento, uma manhã, ao levantar-se deu por falta das botas. Quando ele viera para a tropa, o Sr. Américo, tinha-lhe dito “Manuel, tem cuidado com as tuas coisas no quartel. Anda por lá filho de muita mãe e de vez em quando, algumas coisas desaparecem. Se te faltar alguma coisa, não te queixes, tira essa mesma coisa a quem te ficar mais perto. Ele tirará a outro e no fim, tudo estará certo”.
Ele ouviu mas nunca lhe tinha faltado nada e aos poucos foi deixando de se preocupar. Naquele dia porém, não tinha botas para a formatura e como tinha acordara depois dos outros, já não podia tirar as botas de ninguém. A dois dias de sair tropa, Manuel, teve que participar a “perda” das botas. E tinha que pagar umas botas novas ao exército.
Como porém ele não tinha dinheiro para pagar as botas, e havia falta de mancebos nos quartéis, por via do “sangramento” para os Açores e Cabo Verde, foi-lhe proposto que ele poderia pagar a dívida ao estado com mais dois anos de tropa, voluntária. Sem outra alternativa, Manuel aceitou.
Na Europa Franco encontra-se com Mussolini em Bordighera, e de seguida com Pétain em Montpellier.
As primeiras tropas alemãs chegam a África.
Enquanto em Hollywood, Cármen Miranda é convidada a deixar a marca das suas mãos para a posteridade, a Jugoslávia adere ao Pacto Tripartite. Dias mais tarde Hitler ordena a sua destruição.
Morre a escritora Virgínia Woolf, e Miguel Torga publica “Contos da Montanha”.
O exército alemão ocupa Atenas, e Haile Selassie reassume o trono da Etiópia.
Chegara o mês de Junho com grande concentração de tropas alemãs na fronteira russa. Hitler preparava-se para invadir a Rússia, perante o terror de militares e civis, e a passividade de Estaline, que nunca acreditou nessa possibilidade, apesar dos avisos do comissário da defesa Timoshenko.
Para demonstrar que nada havia a temer, Estaline resolveu tirar férias, e voou para a sua dacha na Criméia, perante a angústia dos generais soviéticos da fronteira, que ouviam a toda a hora a movimentação dos tanques alemães.
Incrível e esquisito foi Estaline ter aceitado como verídica a informação de Hitler, de que estava encenando a futura operação Leão-marinho, que estava programada para invadir a Grã-Bretanha. No mínimo esquisito, como mais de dez mil tanques, camiões e carros de combate, vão ensaiar um ataque à Grã-Bretanha, na fronteira da União Soviética.
E foi assim que a 22 de Junho, enquanto Estaline gozava férias, sete mil bocas de canhões alemães, das margens do Báltico até ao Mar Negro, começaram a cuspir fogo sobre o território russo, enquanto a primeira linha de mil tanques avançava, esmagando tudo o que encontrava pela frente.


Próxima postagem dia 27

19 comentários:

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Boa noite Elvira!
Obrigada pela sua visita aqui no meu blog!
É muito bonito esse relato e a história de Manuel, fico aguardando o próximo.
Um grande abraço!
Mariangela

AFRICA EM POESIA disse...

linda história
vou passando e deliciando-me.
nós estamos bem vamos recuperando com força.
um beijinho grande

esteban lob disse...

Hola Elvira:

Es impresionante cómo mientras el mundo sufría una tremenda espiral de violencia y peligros, Carmen Miranda y otros vivían en una esfera de fantasía irreal, ante la pasividad de millones de personas.

Un beso.

Emília Pinto disse...

A guerra sempre foi e infelizmente continua a ser um acto terrível; ninguém sai vencedor; mesmo assim o homem continua e, se achavamos que os horrores das guerras mundiais não voltariam, cada vez nos convencemos mais de que neste aspecto não estamos nada seguros. Gostei da história das botas; os jovens morriam nessas malditas guerras e nem umas botas lhes pagavam. Triste realidade que, infelizmente continua. Gostei de aprender mais um pouco de história, Elvira. Muito obrigada por não nos deixares esquecer estes factos tão terríveis para que façamos tudo pela paz. Um beijinho e um bom fim de semana
Emília

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Não é estranho este nosso mundo? De um lado a guerra destroçando vidas, destruindo cidades, enquanto que de outro, a vida continua em sua mesmice, com gente preocupada em deixar marcas na calçada da fama... E o pobre do Manuel a ter que pagar com dois anos de sua vida privada por um simples par de botas?...
Mas talvez seja exatamente essa discordância que torne a vida fascinante... Quem sabe???

Beijos e um bom final de semana para você.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Elvira, ver filmes infantis é resgatar a nossa infancia. Adoro sentar no sofa de casa com pipoca e ver esses tipos de filme.

Bom fim de semana pra vc

Bjao amiga querida

poetaeusou . . . disse...

*
interessante,
no meu "disco rígido"
relembrei alguns factos,
adicionei outros,
obrigado,
,
solarengas conchinhas, deixo !
*

Mar Arável disse...

Excelente desconstrução

Na verdade há dias assim

Bj

Paulo Cesar PC disse...

Nosso protagonista, personagem central dessa história nos vai transportando pelos caminhos que as circunstâncias o levam. Elvira, um beijo no seu coração.

Mariazita disse...

Boa noite, Elvira
Tenho passado por cá, mas o meu tempo tem andado tão escasso que nem tenho comentado.
Espero agora entrar numa fase mais calma, pois as próximas consultas, 3, no IPO, são em Maio. Estão marcadas para esse mês, se não surgir nenhum problema até lá...

Continuarei a acompanhar e, em princípio, já poderei comentar :)

Muito obrigada pelos parabéns à minha «CASA» (penso que ainda não agradeci, mas não posso garantir... a minha cabeça não é de fiar...)

Bom fim de semana. Um abraço

Lilá(s) disse...

Uma verdadeira lição de história! vou passando deliciando-me, e até aprendendo. Volto a 27...
Bjs

Leninha Brandão disse...

Elvira querida,

Acompanhando a tua história e gostando muito da associação que fazes com os acontecimentos históricos.
Obrigada pela visita e carinhosos comentários.
Bjssssss,amiga,
Leninha

manuela barroso disse...

Uma história que nos obriga a voltar, Elvira.
Tempos que falam pelas suas palavras.
Belo trabalho.
Abraço

Severa Cabral(escritora) disse...

BOM DOMINGO MINHA SAUDOSA AMIGA!
Faz um bom tempo que passei por aqui,mas vc continua sendo a mesma amiga que te conheci...
Nestas últimas semanas estive afastada da net,escondidinha num lugar maravilhoso,mas sem comunicação com o universo virtual.Mas nem por isso deixei tudo parado,aproveitei para escrever coisas lindas da qual já começou à aparecer nos meus posts...
Vc como sempre trazendo a geografia escrita dentro da história.Isso faz o diferencial no teu blog.Gosto muito desse tipo de enredo.Aprender nossa história...
bjs minha querida amiga!

lis disse...

Elvira
Um par de botas ,certamente velhas e dois anos de castigo kkk são as ironias de tempos assustadores como o que voce descreveu abaixo.
Pobre Manuel,em que se meteu? rs
e pensar que vivia em tempos conturbados .
abraços Elvia , bons dias que se seguem...

Vitor Chuva disse...

Olá, Elvira!

Como eram então tão caras as botas da tropa...!

E espero que não lhe fiquem mais caras ainda; que com as novas não vá o Manuel arranjar um grande par delas...!

E cá vamos continuando a seguir a saga do Manuel, refrescando memórias.

E até à próxima, com um abraço.
Vitor

LopesCaBlog disse...

Ando tão atrasada vou ler os anteriores :)
Jinhos

paideleo disse...

Mimá !.
Porun par de botas botar dous anos máis no cuartel.
Que tempos aqueles !.

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Havia lido a parte XI, há dias, e hoje DEVOREI as parte XII e esta última. Como aprendo, ao lado da história do Manuel. Não sabia que os Açores haviam entrado na guerra, tal a minha ignorância.
O que mais me impressiona é a contextualização que você promove, elvira...MARAVILHA! Aulas MAGNAS, tenho aqui.

Voltarei, certamente...
Beijos,
da Lúcia