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3.2.12

MANUEL OU A SOMBRA DE UM POVO - PARTE VI

Foto da net




A década de 30 começa, com o desemprego nos Estados Unidos, a atingir quase cinco milhões de pessoas, e o ano seguinte inicia-se com uma encíclica do papa Pio XI em que condena o divórcio, e qualquer forma de controle de natalidade. Estávamos em Janeiro, e Adolf Hitler faz em Dusseldorf, o seu primeiro grande discurso.
Na aldeia, uma “alma caridosa”, disse ao Manuel quem era o seu pai biológico. O garoto era atrevido, e na feira de gado que se realizava na aldeia em Fevereiro, dirigiu-se ao pai, e na frente de quem se encontrava presente, disse: - Deite-me a sua bênção, meu pai. Alberto ficou incomodado e ameaçou o garoto que lhe batia se ele não desandasse dali. Manuel, percebeu a raiva do pai, e desde aí sempre que o via, dirigia-se a ele e pedia-lhe a bênção, chamando-lhe pai. Era assim como que uma voz de consciência, que perseguiu Alberto até ao dia em que Manuel abandonou a aldeia, aos 17 anos. Entretanto o desemprego espalhava-se pela Europa. Mais de oito milhões de desempregados, só na Alemanha e em Inglaterra.
Charles Chaplin estreava “Luzes da Cidade”. É também nesse ano no 1º de Maio, que se inaugura em Nova Iorque o “Empire State", o edifício mais alto do mundo.
Em Lisboa é inaugurada nesse mesmo mês a Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Dois meses depois, em Julho, António de Oliveira Salazar, torna-se primeiro ministro de Portugal, iniciando o Estado Novo, e dando origem a um longo período político que ficou também conhecido por Salazarismo. Em Agosto desse ano Laurinda, apareceu na terra com o namorado, para receber a bênção da mãe, e casar na igrejinha onde tinha sido baptizada. Na verdade, havia dois anos que não ia à terra, pois entretanto tinha trocado o trabalho na Seca do Bacalhau, pelo de “criada de servir” na casa do gerente da Seca. Mais tarde conhecera um rapaz que trabalhava nas fábricas da CUF, e enamoraram-se. Piedade abençoou o casal, e acompanhou-os à Igreja para combinarem com o Sr. Abade o casório. Laurinda, ficou uma semana na terra para tratar de tudo, mas o casamento, viria a ser no Barreiro, porque os “proclames” ainda iam levar tempo, e os noivos não podiam estar lá todo esse tempo. Quando a jovem regressou, trouxe consigo o irmão, João, que entretanto deixara de ter as crises asmáticas, na “mudança da idade” mas não queria trabalhar no campo, e desejava estudar. Iria trabalhar na Seca ou em alguma fábrica e estudar, prometera à mãe a irmã. Na aldeia ficava a Piedade, e o filho mais novo que continuava na casa do Sr. Américo, o maior lavrador das redondezas.




BOM FIM DE SEMANA


PRÓXIMA POSTAGEM  DIA 6.

8 comentários:

BlueShell disse...

Um enredo que, repito, está a ser muito bem desenvolvido e enquadrado em factos históricos: admirável, minha amiga!
BJ

lis disse...

Muito boa a leitura Elvira
Gosto de histórias reais ou fictícias que voce compartilha .
Um lindo final de semana
e um abraço meu

Anónimo disse...

Uma viagem no tempo que pode muito bem ser aproveitada para parar, ler e pensar.

Pensar é algo que muitos deixaram de fazer.

Eu gosto de passar por este cantinho que me deixa sempre a pensar.
:)

Tudo de bom.

Bom fim de semana

Zé do Cão disse...

A "Seca do Bacalhau" trás-lhe imensas recordações. Era trabalho árduo, mas nós ficamos para sempre ligados aos locais onde crescemos e brincamos, com saudades.

Elvira, gosto e mando o meu abraço

anamarta disse...

Elvira
Obrigada,pela visita ao meu sítio,como sempre dá-nos boa leitura, que nos faz pensar.
Um abraço e boa semana.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Que bom ler estas histórias tão bem escritas, que tenho vontade de continuar lendo...mas aguardo ansiosa a próxima!!
Muito bom!
Um beijo e uma ótima semana!!
Mariangela

Leninha Brandão disse...

Elvira,
Muito agradecida pela visita ao meu blog,vim conhecê-la e me deparo com esta beleza de narrativa,bem encadeada com os fatos históricos.Gostei.E virei sempre.
Bjsssssss,
Leninha

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Premida pela vida, Piedade viu, pouco a pouco, cada um de seus filhos partirem para longe... Imagino-lhe a dor, a saudade...

Um abraço...