Foto da net. Nela se pode observar o Hortense, o Argus, o do meio que não dá para observar, mas tem 4 mastros e ao fundo o Gazela I.
Na verdade quando nos sentamos à mesa para saborear um bom prato de bacalhau, na esmagadora maioria das vezes não pensamos em como o bacalhau já foi importante na economia portuguesa.
Se a primeira referência à pesca do bacalhau pelos portugueses, data de 1353, a verdade é que noruegueses já vinham buscar sal a Portugal para salgar o bacalhau o que prova que já nessa altura o “fiel amigo” tinha muitos admiradores.
A cura do bacalhau, foi uma revolução na conservação de alimentos, já que passariam ainda alguns séculos até à invenção dos frigoríficos, e os alimentos estragavam-se rapidamente.
Salgar e secar os alimentos, veio garantir que estes não só se conservavam em perfeitas condições, como mantinham todos os nutrientes e o paladar.
Empenhados nos descobrimentos, cedo os portugueses tiveram conhecimento da Terra dos Bacalhaus, a Terra Nova, e logo pensaram que seria a melhor maneira de combaterem a fome que no séc. XV grassava na Europa. Portugal foi dos primeiros a começar a pesca do Bacalhau, logo seguido pelo resto da Europa.
No séc. XVI Portugal tinha uma frota de mais de 150 navios que partiam em finais de Abril, princípios de Maio e regressavam em Outubro com mais de três mil toneladas de bacalhau.Porém em 1580 a perda da Independência para Espanha, parou esta actividade e durante os 60 anos da ocupação espanhola, os franceses e holandeses apoderaram-se daquelas águas.
Nos finais do séc. XIX fundou-se em Portugal a Parceria Geral de Pescarias, Ldª e reanimou-se a pesca do bacalhau.
A Parceria Geral de Pescarias, Ldª possuía quatro veleiros de pesca á linha, a saber, o "Gazela I"
Cuja foto se apresenta no início do poste, e que fez a última viagem de pesca em 1969. Dois anos depois foi vendido para a América, para Museu Marítimo de Filadélfia, e em 1985, o Gazela foi transferido Philadelphia Preservation Guild, uma corporação sem fins lucrativos que agora mantém e opera o navio com a ajuda de doadores e voluntários, enviando-a como Tall Ship Filadélfia aos eventos acima e abaixo da costa leste dos EUA onde ainda navega.
O Creoula, adquirido em 1980 pela Secretaria de Estado das Pescas, e que é hoje o navio escola que todos conhecem na Marinha Portuguesa.
O Creoula. Foto da net.
Foto do Argus em Ílhavo, à espera da recuperação. Foto daqui
O Argus, que fez a sua última campanha em 1970 e que foi depois adquirido por uma empresa canadiana. Mais tarde esta mesma empresa vendeu-o para uma empresa de navios turísticos de Miami que o rebaptizou de Polynesia II e o pôs a fazer passeios turísticos entre ilhas no mar das Caraíbas. Posteriormente regressou a Portugal, tendo sido comprado num leilão em Aruba, pela Empresa Pascoal & Filhos, S. A., com sede na Gafanha da Nazaré, que projecta a sua recuperação para o pôr a navegar ao serviço do Turismo. Esta mesma firma já recuperou o Santa Maria Manuela, um lugre gémeo do Argus e do Creoula. O Hortense, um navio de três mastros parecido com o Gazela. O Hortense foi oferecido ao estado português para um museu marítimo. Semi abandonado no mar da Palha, acabou afundando-se depois de um incêndio que não se sabe como começou.
E desde 1958 o Neptuno, um navio motor, que efectuou pescas durante 20 anos sendo depois transformado em navio congelador em serviço nos Açores, tendo sido desmantelado em Alhos Vedros em 1992.
O navio-motor Neptuno. Foto daqui
Nota: Este post foi construído com conhecimento próprio e com ajuda dos arquivos do Oceanário de Lisboa
Continua
18 comentários:
Querida Elvira
Preciosas informações sobre o bacalhau, o 'fiel amigo', que é quase imprescindível na gastronomia portuguesa.
Voltarei para continuar a seguir...
Beijo
Olinda
Belo alvorecer minha querida!
Muito interessante essa história do bacalhão...
Ps:Estou lá no blog do escritor e poeta Daniel Milagre.Convido você para fazer-lhe uma visita .Mesmo vivendo além mar nós temos uma grande afeição por vcs portugueses e por essa aliança que nos une.
BRASIL X PORTUGAL
http://danielmilagredanieldaniel.blogspot.com/
Amiga, Confsso que não li: vou a Coimbra...ao IPO, co o Meu marido: é o dia da consulta de cirurgia. Vão decidir se operam 2ª vez ou não...
Estou aprrensiva...triste...
Me perdoa.
Abraço-te
Obrigada amiga por me ter feito recuar no tempo e relembrar toda a história da pesca do bacalhau.
Lembro-me dos camiões que subiam a rua em que vivia, em V-N- de Gaia, carregados de bacalhau fresco a caminho da praia de Lavadores onde havia uma seca, e também me lembro da própria e do seu cheiro tão característico.
Beijinho
Ná
É mesmo como dizes amiga, quando temos este tão belo prato na mesa não nos lembramos de quantas e quantas pessoas tiveram que sofrer em alto mar para que isso acontecesse!
Os meus parabéns por teres trazido este tema a debate
Um beijo
Olá Elvira, como vai?
Muito interessante a história do bacalhau. Pena que aqui no Brasil o bacalhau é caro. Na verdade quase uma fortuna...
hum que água na boca que me deu agora... [você atiçou minha lombriga risos]
abraços
Olá querida Elvira, um beijo grande no seu coração. Nós, brasileiros, basicamente só comemos bacalhau uma vez por ano, no Natal. Em Portugal essa relação com o bacalhau ao que vejo, me parece ser mais frequente. Adorei ler e saber mais sobre isso.
Amiga Elvira.Lembro bem de muita coisa ligada a pesca do bacalhau,o meu marido conheceu pescadores que eram embarcados,e andavam meses no mar.aqui em vila do Conde havia uma seca do bacalhau,e em Viana tem o navio Gil Eanes que dava ajuda no alto mar aos pescadores da pesca do bacalhau.Os tempos passam as memórias ficam,para alguns foram tempos difíceis da vida.Hoje passados estes anos todos,tornamos a andar para trás me parece a mim.
Abraço e tudo de bom
Amiga Elvira
Quando a gente já tem alguns anos, como é o meu caso, lembra-se de todas estas coisas e mais algumas.
Efectivamente os tempos são outros e nada é como dantes. Eram tempos muito difíceis e os pequenos "doris" eram muitas vezes a última morada dos corajosos pescadores.
Conheci duas pessoas que andaram nessa faina e as "estórias" eram mais que muitas.
Desconhecia tudo o resto que aqui explanaste.
Beijinho
Oi Elvira
Uma delícia o bacalhau de Portugal que por aqui é apreciadíssimo e é peça cara , tanto que consumimos menos o que seria normal se fosse mais popular.
Lógico que em restaurantes ,usa-se com regularidade mas há ocasioes em que são mais procurados, na Páscoa , e nas festas e fim de ano.
Adoro os bolinhos de bacalhau, as bacalhoadas e na minha terra usa-se muito as tortas de bacalhau que são deliciosas.
Gosto de tomar conhecimento da importância que teve na vida dos portugueses.
Obrigada pelo post e volto pra continuar a leitura.
uma boa sexta feira Elvira
Adorei ler" e saber mais, estou seguido você, a história do "bacalhau". é bem conhecida do meu paizinho, que aí nasceu,...
Tô honrada em fazer parte dos teus amigos seguidores.
Um beijo aqui do Brasil pra ti, Elvira.
Quem imaginaria que o bacalhau viesse de tantas campanhas....uma epopéia portuguesa !
Agora li: espantoso...havia coisitas das quais eu tinha uma ideia mas não imaginava que ne realidade era assim...
Bom ficar a saber e por isso te agradeço.
Beijo Imenso
Fez muito bem em recordar aqui a ligação entre o bacalhau e Portugal.
A vida de marinheiro é dura, mas a dos pescadores que iam para o Mar do Norte era durissima!!
Um bom final de semana, minha amiga, e que tudo corra a favor quanto aos exames de seu marido.
Elvira, devo discordar de nosso amigo Paulo César PC, porque aqui em casa, e em nossa família, e em casa de muitos amigos e conhecidos, bacalhau é um prato muito apreciado e muito consumido... Ao forno, ao Braz. a Gomes de Sá, a Lagareira, etc. etc... Na praça de alimentação do Mercado Municipal de SP pode-se saborear maravilhosos pasteis de bacalhau... Costumamos compor pratos deliciosos com ele, como por exemplo com grão-de-bico e até com quiabos (no dia a dia)... Sem falar nos famosos bolinhos de bacalhau. E temos restaurantes especializados em bacalhau, cheios de gente o ano todo... Como vê, esse é uma tradição que o Brasil adotou largamente, pelo menos na região sudeste do país.
Muito bom seu texto, uma excelente aula.
Beijos
Adorei a história do bacalhau! Meu pai como bom português tem uma relação de amor incondicional com a iguaria,não pode faltar nunca no prato dele!
Ana Carolina
http://ishitaraenluarada.blogspot.com/
Gostei muito do texto, Elvira. Fiquei fascinada aquando da primeira edição e agora ainda mais com os dados históricos que lhe acrescentaste. Faz falta um documentário, na televisão, sobre a pesca e conservação do bacalhau em Portugal e tu deverias ser entrevistada.
Beijinhos
Bem-hajas!
O bacalhau uma das minhas paixões, melhor no prato, ainda que considero interessante conhecer tudo aquilo que tem que ver com este peixe.
Um dos carimbados, da colecção Vitoria, ero o bacalhau, o número 42.
Gostei, e muito
Um rande abraço
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