A terra era pequena mas agradável. Rodeadas de extensos pinhais, algumas casas térreas, dispostas em quadrado, formavam uma praça, quase totalmente ocupada por um cuidado jardim. No meio deste, um pequeno lago, com uma bela planta aquática, bancos pintados de vermelho, estrategicamente colocados sob a protectora sombra das árvores, e um coreto, onde aos domingos se exibia a banda dos bombeiros, ou o senhor Alberto com o seu acordeão. Na parte de cima do jardim, para quem entra na vila, uma pequena igreja dedicada à Imaculada Conceição.
Do outro lado da igreja,
a estrada que avança para o centro da localidade, a parte nova da terra, onde
pontificam os prédios altos, as ruas mais largas, a escola, as lojas e centros de
diversão.
Na igreja, habitualmente deserta àquela hora, da manhã
realizava-se naquele dia um casamento.
Junto ao altar, um homem alto, impecavelmente vestido de
escuro, e uma mulher de mediana estatura, envergando um saia-casaco azul
celeste, trocavam as alianças.
Assistiam ao acto além dos padrinhos, uma mulher aparentando
mais de trinta anos, que tinha a seu lado três crianças, e um bebé ao colo, e
ainda três mulheres de meia-idade, que costumavam ajudar o padre a manter a
igreja impecável, procedendo à limpeza do local, ou trocando as flores envelhecidas.
No altar, o homem curvou-se e depositou um leve beijo na
testa da mulher. Por fim o padre procedeu à bênção final, e os noivos
dirigiram-se com os padrinhos à sacristia, para a assinatura do registo do
casamento. As crianças que até aí se tinham mantido mais ou menos sossegadas,
saltaram do banco e correram para a sacristia, sem fazer caso da mulher que os
chamava de volta. Uma pequenita loirinha, que não teria ainda completado os
três anos, correu a agarrar-se às pernas do homem, que terminando a sua
assinatura lhe pegou ao colo, e deixou que ela lhe envolvesse o pescoço num
amoroso abraço
Terminada a cerimónia de assinatura, saíram para o adro
sob o olhar curioso das três mulheres. Aí despediram-se dos padrinhos e
entraram no carro juntamente com a mulher que transportava o bebé adormecido e
as restantes crianças.