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23.10.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE I





A terra era pequena mas agradável. Rodeadas de extensos pinhais, algumas casas térreas, dispostas em quadrado, formavam uma praça, quase totalmente ocupada por um cuidado jardim. No meio deste, um pequeno lago, com uma bela planta aquática, bancos pintados de vermelho, estrategicamente colocados sob a protectora sombra das árvores, e um coreto, onde aos domingos se exibia a banda dos bombeiros, ou o senhor Alberto com o seu acordeão. Na parte de cima do jardim, para quem entra na vila, uma pequena igreja dedicada à Imaculada Conceição.
 Do outro lado da igreja, a estrada que avança para o centro da localidade, a parte nova da terra, onde pontificam os prédios altos, as ruas mais largas, a escola, as lojas e centros de diversão.
Na igreja, habitualmente deserta àquela hora, da manhã realizava-se naquele dia um casamento.
Junto ao altar, um homem alto, impecavelmente vestido de escuro, e uma mulher de mediana estatura, envergando um saia-casaco azul celeste, trocavam as alianças.
Assistiam ao acto além dos padrinhos, uma mulher aparentando mais de trinta anos, que tinha a seu lado três crianças, e um bebé ao colo, e ainda três mulheres de meia-idade, que costumavam ajudar o padre a manter a igreja impecável, procedendo à limpeza do local, ou trocando as flores envelhecidas.
No altar, o homem curvou-se e depositou um leve beijo na testa da mulher. Por fim o padre procedeu à bênção final, e os noivos dirigiram-se com os padrinhos à sacristia, para a assinatura do registo do casamento. As crianças que até aí se tinham mantido mais ou menos sossegadas, saltaram do banco e correram para a sacristia, sem fazer caso da mulher que os chamava de volta. Uma pequenita loirinha, que não teria ainda completado os três anos, correu a agarrar-se às pernas do homem, que terminando a sua assinatura lhe pegou ao colo, e deixou que ela lhe envolvesse o pescoço num amoroso abraço 
Terminada a cerimónia de assinatura, saíram para o adro sob o olhar curioso das três mulheres. Aí despediram-se dos padrinhos e entraram no carro juntamente com a mulher que transportava o bebé adormecido e as restantes  crianças.