Eles continuaram o passeio, mas a alegria que Sofia sentira até aí, já não era a mesma. Era como se uma sombra negra pairasse entre eles.
Decorridos uns minutos, ela perguntou suavemente:
-Dói muito?
Ele olhou-a surpreendido. Encolheu os ombros e respondeu.
-Já foi pior.
A resposta deixou-a cheia de esperança.
Talvez ela ainda tivesse hipótese de conquistar o marido.
Aos
poucos Sofia ia conhecendo uma realidade muito diferente daquela que conhecera
em Portugal. Não só porque fora de uma pequena aldeia para uma cidade enorme,
como pela mentalidade das pessoas, e até pela posição privilegiada de que
gozava. Mas o que mais a admirava, era mesmo a diferença de mentalidades. Na
sua aldeia, as pessoas viviam presas ao passado, buscando nele, a conformação
para o presente. Diziam que apesar das dificuldades, que passavam, não se podiam queixar, porque os seus pais tinham
vivido pior. Não fora o medo da guerra, ou da prisão, e a escassez de trabalho,
talvez nem houvesse tanta gente a procurar na emigração a solução para as suas
vidas.