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3.6.20

ISABEL - PARTE XVI


foto do google


Quando na manhã seguinte Amélia chegou à agência, Isabel já se encontrava na sua secretária, analisando alguns documentos.
- Bom dia saudou. Caíste da cama?
- Bom dia, - respondeu Isabel. Estive quinze dias fora. Foi muito tempo. Preciso ver como estão as coisas. Há aqui dois clientes novos?
- Potenciais clientes, Isabel. Com a crise, as pessoas retraem-se e não compram. Por isso alguns empresários começam a investir em campanhas mais agressivas. Esses dois querem algo assim. Agora que chegaste vou marcar uma reunião para veres o que desejam e tentar fazer o contrato.
- E a Luísa?
- Ah! Esqueci de te dizer. A Luísa só vem de tarde. Foi chamada à Segurança Social. O tempo de estágio termina no fim do mês. Vais contratá-la?
- Estou a pensar nisso. Estamos a precisar de ajuda e ela mostrou-se competente. É responsável e criativa o que no nosso trabalho é muito importante. Não vamos meter outra estagiária e perder tempo a ensinar tudo de novo. Ela já é a quarta estagiária que tivemos. As outras não tinham grande aptidão para o lugar. Agora que encontrámos uma competente, é uma estupidez mandá-la embora.
Durante uns segundos ficaram em silêncio. Depois…
- Isabel é verdade que não aconteceu nada nas férias?
Levantou a cabeça e olhou-a franzindo as sobrancelhas. Mas não respondeu.
Segundos depois Amélia insistiu:
- Ontem senti-te estranha. De vez em quando parecias ficar ausente. Entre nós nunca houve segredos. Sempre pensei que devias arranjar um namorado. E tu, tinhas dito poucos dias antes das férias, que te começava a pesar a solidão. Tinha esperança de que arranjasses alguém. Todas as vezes que te liguei senti que tudo estava igual. Mas ontem não. Até o Afonso comentou comigo que estavas estranha. Aconteceu alguma coisa? Não queres falar disso agora?
- Não há nada para falar, Amélia. Aconteceu que tive dois ou três encontros casuais com um homem no qual penso mais do que devia e isso desorienta-me. Na vida só amei o Fernando. Depois disso sempre que pensava refazer a vida, a imagem dele e as recordações sobrepunham-se ao meu desejo. Parecia-me que estava cometendo uma traição. Isso fazia com que logo desistisse.
Fez uma pausa. Passou a mão pela testa num gesto habitual quando algo a incomodava. Depois continuou
- Sabes que adoro crianças, e sempre sonhei ser mãe. Talvez seja o meu relógio biológico que alterou o meu equilíbrio hormonal e emocional, ou quem sabe o facto de me encontrar sozinha no mundo, pois como sabes sou filha única de pais que também não tinham irmãos. O certo é que ultimamente tenho-me sentido diferente. E de vez em quando, dou comigo a pensar como seria diferente se tivesse um homem a meu lado. Um homem que partilhasse o meu amor, as minhas preocupações, os meus sonhos, e a minha loucura. Claro que tento compensar com o trabalho, é nele que escondo as minhas fraquezas, e os meus desejos.
Calou-se e por breves instantes escondeu o rosto entre as mãos. Amélia foi até junto dela e poisou a mão sobre o seu ombro.
- As férias estavam quase a acabar – prosseguiu Isabel. No Sábado esbarrei na praia com um homem que me segurou nos seus braços por breves instantes. E não sei o que me aconteceu mas esse homem mexeu comigo. Santo Deus como mexeu. Penso nele de dia, sonho com ele de noite. Estou desorientada.


Nota: Hoje vou para o hospital de Santa Maria a fim de que o cirurgião que me fez o transplante veja como está o olho, e o que fazer a seguir uma vez que apesar de ter visão, coisa que não tinha antes do transplante, continuo a ver ondulado e meio desfocado.  A outra consulta por causa da retina que era para as 10h de hoje foi remarcada ontem para as 10h do dia 3 de Agosto.