E chegou o dia 31 de Dezembro, e aproximava-se a noite de fim de ano. Os dois dias anteriores, tinham passado a
correr, entre os exercícios, cada dia mais fáceis de Tiago e alegres refeições
em que a simpatia e cordialidade de Peter era notória. E a alegria de Tiago com
a presença do amigo, não lhe ficava atrás, de tal modo que por vezes Anabela se
sentia a mais e então se afastava. Mas logo, Tiago ou Peter lhe pegavam no
braço e a traziam de novo ao convívio.
O ambiente era tal, que pela primeira vez na vida, Anabela esqueceu Óscar e
conviveu como qualquer outra jovem da sua idade em harmonia, com os dois homens,
abertamente. Aquela, seria a última noite que Peter estaria com eles, no dia
seguinte partiria, e Anabela não tardaria a fazer o mesmo, pois embora Tiago quisesse
prolongar a sua estadia, por mais um mês, a verdade é que ele já não precisava
dela. O que faltava na sua recuperação podia fazer em qualquer clínica.
Enquanto ajudava Isilda na cozinha, com as iguarias que os deliciariam na
ceia daquela noite, Anabela pensava em como a vida era estranha. Três meses
antes chegara àquela casa, com a alma ferida, cujo único consolo era o carinho
dos seus compadres e da pequena Patrícia. A luta que teve de enfrentar para
tirar o doente do marasmo não foi fácil, mas teve o valor de não lhe dar tempo
a remoer a sua dor. E a paz e o carinho que encontrou naquela casa, foram o
melhor dos lenitivos. Apenas a animosidade do doente lhe amargava os dias.
Depois quase sem se dar conta, o mau humor foi desaparecendo, e o irascível
doutor, foi ficando cada dia mais cordial. Isso tornou os dias da sua estadia mais
prazerosos. Era como se a paz que disfrutava na quinta se tornasse ainda mais
pacífica e luminosa.
Agora, que chegava a hora da partida, sentia um aperto no peito, uma grande
tristeza no coração. Tinha-se afeiçoado ao caseiro, sentia Isilda como uma
verdadeira amiga, e Tiago…
Que sentimentos tão contraditórios sentiu naqueles três meses. Primeiro
admirou o homem, pelos seus ideais, pela sua luta por um mundo mais igualitário.
Encheu-se de compaixão, quando o viu no primeiro dia, naquele quarto escuro, a
barba crescida, o rosto macilento, os olhos sem brilho.
Mais tarde a raiva substituiu a compaixão ao perceber que o doente tinha
escolhido o caminho para a morte, em vez de lutar pela sua recuperação.
Manteve durante os primeiros tempos uma luta constante para trazê-lo de
volta e embora por vezes se sentisse desanimada, nunca desistiu. Orgulhou-se
mais dele que de si mesma, quando percebeu que ele tinha voltado a querer
viver, a querer voltar a ser a mesma pessoa de antigamente. E nos últimos
tempos, depois que a atitude de Tiago, mudara por completo, Anabela sentiu um
orgulho imenso pelo seu trabalho, mas também uma grande amizade pelo doente.
Sim, ela estava convencida que era uma simples e bela amizade. De modo
nenhum queria pensar que podia ser algo mais…
8 comentários:
Ai ai, penso que vem aí um ano novo, com muitas novidades para esses dois :)
Beijinho, Elvira
La amistad y el amor siempre hacen bien. Te mando un beso.
Lutar contra os sentimentos nunca dá bom resultado.
E ela continuanndo a se enganar com o sentimento...
Vamos ver a virada!!
beijos, lindo dia, chica
Bom dia
Quando menos se espera , o amor acontece .
JR
Aproxima-se o final da história e o início de um desenlace feliz!
Para tristezas já nos basta a realidade.
Um abraço.
Passando por aqui para acompanhar a novela.
O nosso amor pelo PS é que não deu certo e nos levou ao divórcio. Temos que eleger outro, no novo ano que se aproxima a passos largos.
Boa noite Elvira,
A história está a chegar a um momento decerto muito feliz paea os dois heróis!
Ambos merecem ser felizes.
Beijinhos e saúde.
Ailime
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