Seguidores

22.11.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE LVIII

 


E chegou o dia 31 de Dezembro, e aproximava-se a noite de fim de ano. Os dois dias anteriores, tinham passado a correr, entre os exercícios, cada dia mais fáceis de Tiago e alegres refeições em que a simpatia e cordialidade de Peter era notória. E a alegria de Tiago com a presença do amigo, não lhe ficava atrás, de tal modo que por vezes Anabela se sentia a mais e então se afastava. Mas logo, Tiago ou Peter lhe pegavam no braço e a traziam de novo ao convívio.

O ambiente era tal, que pela primeira vez na vida, Anabela esqueceu Óscar e conviveu como qualquer outra jovem da sua idade em harmonia, com os dois homens, abertamente. Aquela, seria a última noite que Peter estaria com eles, no dia seguinte partiria, e Anabela não tardaria a fazer o mesmo, pois embora Tiago quisesse prolongar a sua estadia, por mais um mês, a verdade é que ele já não precisava dela. O que faltava na sua recuperação podia fazer em qualquer clínica.

Enquanto ajudava Isilda na cozinha, com as iguarias que os deliciariam na ceia daquela noite, Anabela pensava em como a vida era estranha. Três meses antes chegara àquela casa, com a alma ferida, cujo único consolo era o carinho dos seus compadres e da pequena Patrícia. A luta que teve de enfrentar para tirar o doente do marasmo não foi fácil, mas teve o valor de não lhe dar tempo a remoer a sua dor. E a paz e o carinho que encontrou naquela casa, foram o melhor dos lenitivos. Apenas a animosidade do doente lhe amargava os dias.

Depois quase sem se dar conta, o mau humor foi desaparecendo, e o irascível doutor, foi ficando cada dia mais cordial. Isso tornou os dias da sua estadia mais prazerosos. Era como se a paz que disfrutava na quinta se tornasse ainda mais pacífica e luminosa.

Agora, que chegava a hora da partida, sentia um aperto no peito, uma grande tristeza no coração. Tinha-se afeiçoado ao caseiro, sentia Isilda como uma verdadeira amiga, e Tiago…

Que sentimentos tão contraditórios sentiu naqueles três meses. Primeiro admirou o homem, pelos seus ideais, pela sua luta por um mundo mais igualitário. Encheu-se de compaixão, quando o viu no primeiro dia, naquele quarto escuro, a barba crescida, o rosto macilento, os olhos sem brilho.

Mais tarde a raiva substituiu a compaixão ao perceber que o doente tinha escolhido o caminho para a morte, em vez de lutar pela sua recuperação.

Manteve durante os primeiros tempos uma luta constante para trazê-lo de volta e embora por vezes se sentisse desanimada, nunca desistiu. Orgulhou-se mais dele que de si mesma, quando percebeu que ele tinha voltado a querer viver, a querer voltar a ser a mesma pessoa de antigamente. E nos últimos tempos, depois que a atitude de Tiago, mudara por completo, Anabela sentiu um orgulho imenso pelo seu trabalho, mas também uma grande amizade pelo doente.

Sim, ela estava convencida que era uma simples e bela amizade. De modo nenhum queria pensar que podia ser algo mais…

 

 

 

8 comentários:

noname disse...

Ai ai, penso que vem aí um ano novo, com muitas novidades para esses dois :)

Beijinho, Elvira

Citu disse...

La amistad y el amor siempre hacen bien. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Lutar contra os sentimentos nunca dá bom resultado.

chica disse...

E ela continuanndo a se enganar com o sentimento...

Vamos ver a virada!!

beijos, lindo dia, chica

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Quando menos se espera , o amor acontece .

JR

Janita disse...

Aproxima-se o final da história e o início de um desenlace feliz!
Para tristezas já nos basta a realidade.

Um abraço.

Tintinaine disse...

Passando por aqui para acompanhar a novela.
O nosso amor pelo PS é que não deu certo e nos levou ao divórcio. Temos que eleger outro, no novo ano que se aproxima a passos largos.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
A história está a chegar a um momento decerto muito feliz paea os dois heróis!
Ambos merecem ser felizes.
Beijinhos e saúde.
Ailime