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4.4.22

QUANDO EU NÃO TE TINHA - ALBERTO CAEIRO



Quando eu não te tinha

Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima …
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza …
Tu mudaste a Natureza …
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Só me arrependo de outrora te não ter amado.


18 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de nova semana, querida amiga Elvira!
Um poema lindo e mergulhei na mensagem. Digo com o poeta o mesmo final.
Excelente escolha para começar bem a semana.
Tenha dias novos abençoados com saúde, paz e Amor!
Beijinhos carinhosos e fraternos

J.P. Alexander disse...

El amor nos hace mejores . Te mando un beso. Me gusto mucho esa poesía.

Pedro Coimbra disse...

Como já hoje comentei, este homem era mesmo uma alma atormentada.
Boa semana

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Excelente poema do genial Fernando Pessoa.
Gostei.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Tintinaine disse...

Ouvi dizer a um crítico de Poesia que escrever em frases curtas não é fazer poesia. E que fazer poesia sem rima é coisa de fracos poetas.
E foi isto que me fez lembrar este poema do Caeiro.
Uma boa semana!

Rogério G.V. Pereira disse...

Hoje, sinto-me Pessoa

"Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou"

Abraço

Fatyly disse...

Um poema de quem ficou agarrado ao passado e que sofreu muito assim defino muita coisa da obra de Alberto Caeiro versus Fernando Pessoa.
Beijos e um bom dia

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo poema de Fernando Pessoa "interpretado" por Alberto Caeiro, que os heterónimos de Pessoa nada têm de figuras passivas e silenciosas...

Saúde, Paz e um grande abraço, Elvira!

chica disse...

Lindo demais o poema e foi ótima tua escolha! beijos, linda semana e tudo de bom,chica

Isa Sá disse...

Bonito poema.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Fá menor disse...

Belíssimo!
Grata pela partilha!

Beijinhos e boa semana, com tudo de muito bom.

Anete disse...

Aplausos à escolha e à reflexão tão profunda e sincera.
Boa semana, amiga querida. Tuas visitas são sempre dez.
Bjs

São disse...

Grato abraço por me ter dado o prazer de conhecer este belo poema de Pessoa.

Beijinho e boa semana :)

Jaime Portela disse...

Fernando Pessoa foi um génio da poesia.
Este poema, não sendo dos melhores, mostra-nos o seu talento por inteiro.
Boa semana, amiga Elvira.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Maravilhosa partilha :))
--
Embriaguei meu coração ...

Beijos. Uma excelente semana

Marina Filgueira disse...

Siempre se está a tiempo, mientras vivimos, amiga, me ha gustado leer el texto. Es una bonita prosa, no podía ser menos, siendo de Pessoa.

Te dejo besitos y mi gratitud.
Que tengas una muy feliz semana, amiga.

Teresa Isabel Silva disse...

Boas palavras para nos fazerem pensar!

Bjxxx
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Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Tão bonito este poema.
Adorei. Obrigada por partilhar.
Beijinhos e saúde.
Ailime