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Louca Perigosa
Deixem-me ir para a rua
quero gritar
chorar
cantar.
Quero levantar bem alto
a bandeira
do desespero.
Quero rir-me de ti
de mim
de todos nós.
Quero que os bandidos
chorem
a dor
e a vergonha
de o serem.
Quero dar pão
A quem tem fome
e dar água aos sedentos.
Quero dar amor
carinho
ternura
a quem vive só.
Quero sofrer com o presidiário
e sorrir feliz com os noivos.
Quero dar um lar aos órfãos
E trabalho a quem o procura.
Quero que todos os políticos
unam esforços
numa aliança firme
por um mundo melhor.
Quero acabar com o terrorismo
e as penas de morte.
Quero acabar com a fome
a poluição,
e a guerra.
Deixem-me ir para a rua
Deixem-me erguer bem alto
a minha bandeira.
E escrevam depois nos jornais
Que anda por aí à solta
Uma louca perigosa.
Elvira Carvalho
De férias a partir de hoje, espero que tenham um mês excelente. Até à minha volta.
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2.7.16
1.7.16
MANEL DA LENHA. - Parte XCVII
Depois desta viagem, foram muitas as que o filho proporcionou aos pais. Todos os anos, no Verão fechava o aviário e partia com os pais.para S. Pedro. Ficavam aí uma semana, e depois seguiam para outros sítios. O Gerês, o vale do Douro, Santiago de Compostela, as Beiras,o Algarve e o Alentejo.
Sempre que estavam de partida, o Manuel ficava numa felicidade que nem criança com brinquedo novo. A mulher pelo contrário ia sempre resmungando, porque é que não iam pai e filho e a deixavam em casa. Em casa é que se sentia bem, e" re-beu-beu , pardais ao ninho" como dizia o marido com uma certa graça. Às vezes o filho sabia de uma festa, como por exemplo as de Campo Maior, e na altura tinha o aviário a funcionar. Ele pagava a alguém para ficar a cuidar dele durante dois ou três dias e levava os pais. Claro que a Gravelina, não conseguia andar mais do que meia dúzia de metros, mas a cadeira de rodas ia sempre com eles e ela nunca deixou de ver nada por não ter mobilidade suficiente.
E Janeiro de 98 começa com a Vitória de Jorge Sampaio nas eleições presidenciais. Em Março é aprovada na Assembleia a amnistia das FP-25, Sampaio é empossado no cargo, e Marcelo Rebelo de Sousa chega à presidência do PSD, no primeiro congresso depois do suicídio no mês anterior de Alexandre Gouveia, fundador do partido. Em Julho, Almeida Santos substitui Jorge Sampaio que por motivos de doença se manterá afastado até 7 de Agosto.
A 13 de Agosto, morre o marechal Spínola, uma personagem controversa, para uns um herói, que contribuiu para a implantação do regime democrático, para outros um homem dúbio, com uma enorme sede de poder, cujo contributo se deveu apenas ao sonho de vir a ser o todo poderoso Presidente do País. O que ele não esperava, era que o movimento dos militares, estivesse tão bem estruturado e fosse tão firme. Só teve consciência disso no próprio dia 25 de Abril quando tentou tomar as rédeas da revolução e se propôs rever e alterar o programa do MFA . Victor Crespo enfrentou-o dizendo; "Os blindados e tropas ainda estão na rua, se for preciso, continua-se com o golpe"
Dias depois morre a jornalista Vera Lagoa.
Em Outubro D. Ximenes Belo e Ramos Horta, recebem o Nobel da Paz e no Congresso do PCP em Dezembro, Álvaro Cunhal, abandona a liderança do partido e passa a simples militante.
O ano terminou e seguiu-lhe outro numa rotina de dias e horas, na vida do Manuel, cuja única mudança eram as queixas de dores, uns dias mais intensas que outros, o que nem é nada de original, pois elas sempre aparecem com o passar dos anos e Manuel fez nesse ano 80 anos, de vida pesada, sempre por muito trabalho, e pobreza
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