foto minha
Sentou-se na margem do rio,
e deleitou-se com a paisagem ao redor. Não pode deixar de pensar que a gente do
local, era privilegiada pela natureza. Belas paisagens, bons ares, vizinhos de
confiança. Ali as chaves tinham pouca serventia. As pessoas saiam de casa
batendo a porta que ficava no trinco. Na volta puxavam o trinco com um cordel
passado para o lado de fora por um furo na porta. De noite corriam um ferrolho
pela parte de dentro. Os currais dos animais eram também fechados com
ferrolho. Diogo, tinha vivido no Porto enquanto estudante, e visitara Lisboa
nas várias saídas de licença, enquanto estivera na base naval do Alfeite. Conhecera bem
Luanda, onde estivera 25 meses em comissão. Três belas cidades, muito diferentes
entre si, mas com uma coisa em comum. Em nenhuma delas, ele encontrara aquele
sossego, aquela paz, aquela confiança entre vizinhos. Alegravam-se com as
alegrias e choravam com as tristezas uns dos outros. Era como se todos fossem
uma grande família. Nas cidades, o progresso, e o turismo, tornaram a vida muito
diferente.
“ Um dia quem sabe, o
turismo chegue aqui, este é um bom lugar para uma praia fluvial, e o turismo pode alterar completamente este local” – pensou enquanto olhava os
pequenos círculos na água, formados pela pedra que acabara de lançar no rio.
Levantou-se, sacudiu as
calças, e dirigiu-se ao pequeno pomar, onde sabia que ia encontrar o pai.
- Boa tarde, pai. Precisa de
ajuda?
- Boa tarde, filho. Uma
ajuda nunca se recusa. Mas decerto não foi para isso que vieste. Queres falar? Perguntou fitando o rosto sério do filho
- Como o pai me conhece bem.
- Vem, vamos sentar-nos ali
na beira do tanque. Então? É por causa da tal rapariga? A tua mãe contou-me a conversa
que tiveste com ela.
- Pois é pai, é por causa da
Maria Paula. Estive a pensar e cheguei à conclusão de que não vale a pena
esperar a baixa da Marinha para a procurar. Decidi ir amanhã para Coimbra.
- Tens a certeza de que é o
melhor para ti, filho? Essa rapariga vem de outras terras, outros costumes. Não
seria melhor alguém de alguma aldeia próxima?
- Não, pai. Nunca conheci
ninguém como a Maria Paula. E olhe que tive vários namoricos desde os meus
quinze anos.
- Um pai sempre deseja o melhor para os seus filhos, e por eles é capaz de fazer qualquer sacrifício. Mas há uma coisa que um pai nunca consegue fazer. Viver a vida por eles. Se achas que essa rapariga é o melhor para ti...
- Maria Paula, é uma excelente rapariga, meu pai. Valente e corajosa. O pai não imagina o que ela já passou. E é de boas famílias, não se preocupe.
- Um pai sempre deseja o melhor para os seus filhos, e por eles é capaz de fazer qualquer sacrifício. Mas há uma coisa que um pai nunca consegue fazer. Viver a vida por eles. Se achas que essa rapariga é o melhor para ti...
- Maria Paula, é uma excelente rapariga, meu pai. Valente e corajosa. O pai não imagina o que ela já passou. E é de boas famílias, não se preocupe.
- Então filho, faz o que o
coração te manda. Como diz o povo “quem bem faz a cama, bem se deita nela.”
E hoje é o dia internacional do livro. Um livro é sempre um amigo que nos leva a viajar por terras desconhecidas e nos desperta várias emoções. É sempre fonte de aprendizado. Se mora em Lisboa, dê uma olhada AQUI por favor
Então tenham um bom dia, e boas leituras
E hoje é o dia internacional do livro. Um livro é sempre um amigo que nos leva a viajar por terras desconhecidas e nos desperta várias emoções. É sempre fonte de aprendizado. Se mora em Lisboa, dê uma olhada AQUI por favor
Então tenham um bom dia, e boas leituras
13 comentários:
Não tenho uma Maria Paula, tenho uma Diamantina.
Que vim encontrar na China.
Como eu compreendo bem estas conversas e estas angústias...
Bom dia
Uma leitura muito agradável, quer pelo namoro, quer pelo relacionamento-pai/filho.
Histórias com uma vida especial que a Elvira lhe dá em cores muito vivas.
Costumes que afagam o coração e a confiança entre todos. E a relação pai/filho, como bem frisa o Luís Coelho, é muito especial, cimentada na compreensão.
Muito obrigada pelo convite. Cliquei no "aqui" e fiquei muito agradada. No Areeiro acontece qualquer de muito importante: O incentivo à leitura.
Bj
Olinda
Sempre lindo, bem contado, nos prendendo aqui! Adorei! bjs, chica
Mesmo que a decisão fosse sempre do Diogo, a verdade é acabar por ter o incentivo do pai lhe dará mais confiança na decisão. Uma bonita conversa entre pai e filho.
xx
Oi Elvira, que linda história... E tão bem narrada! E como é importante este diálogo entre pai e filho!
E também Elvira, eu penso que o turismo afeta tanto estes nossos lugarejos tão lindos e pitorescos. Pois aconteceu na minha cidade natal. Lá se foi a tranquilidade de todos!
Adorei.
Beijos,
Mariangela
Boa tarde, penso que as mentalidades mudaram e os pais actuais não querem viver a vidas dos filhos ao impor as vontades próprias, eram mentalidades que causavam a infelicidade os filhos.
parabéns pelos seus bons contos.
AG
Seguir o coração é um bom conselho, ainda que por vezes esse saia destroçado algum tempo depois, mas vida é mesmo assim, e no coração não se manda...
Cumps
Oi Elvira,
Jogada em outra família que nunca tive amor a não ser do pai, consegui viver e vencer uma batalha sozinha e hoje estou tranquila com o meu dever cumprido.
Nunca fiz loucura de amor, meus pés só iam pelo caminho certo.
Os livros foram os meus guias.
Adorei a última conversa do pai é por aí mesmo: Se escolhermos bem, ótimo, se não o sofrimento é infinito.
Você escreve muito bem.
Amanhã vou ver seus outros blog.
Beijos
Quando o amor sentido no coração é mais forte do que tudo na vida. Penso eu que o único caminho, a seguir, é aquele que o coração nos indica! Contrariar a sua vontade, é conduzi-lo à tristeza e não à felicidade. Por isso o coração de Diogo, seguirá o seu caminho ao encontro de Maria Paula, se for esse o destino de ambos o amor os unirá na vida para sempre!
Desejo amiga Elvira, para você uma boa tarde, um abraço,
Eduardo.
e vamos seguindo o conto a ver qual o seu final.
bom fim de semana.
beijinho
:)
Olá Elvira, transmitiu aqui uma grande verdade. Não podemos viver pelos filhos, moldamo-los o melhor que sabemos, torcemos para que se tornem seres humanos dignos e que voem, com as suas próprias asas.
Beijinhos, à espera da continuação da estória
Ruthia d'O Berço do Mundo
P.S. Vale bem a pena visitar a Casa da Música. Um dia que passe por estes lados...
É sempre assim! O amor quando atinge toda a sua intensidade, não se desfaz e ativa a perseverança.
Abraços,
Furtado.
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