Para todos um enorme OBRIGADA. E festejem comigo.
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29.4.15
FELIZ ANIVERSÁRIO SEXTA
Para todos um enorme OBRIGADA. E festejem comigo.
25.4.15
25 DE ABRIL - DIA DA LIBERDADE
Olhavas, e fingias que não vias
os órfãos e viúvas de guerras inglórias
o desespero dos emigrantes clandestinos
as terras abandonadas pelo terror da fome
a força sacrifício dos ideais feitos homens
encerrados e torturados nas prisões do meu país.
Acordaste numa manhã de Abril e ficaste admirado
porque nas nossas mãos o sangue era cravo rubro
nas nossas gargantas o medo era hino à Liberdade
os nossos braços enlaçavam-se na esperança do momento.
Acordaste... e como quem muda de camisa
puseste-te ao nosso lado.
Era o tempo
de fingires ser democrata.
Hoje
olhas, e finges que não vês
os campos perdidos sem sementes
as fábricas de máquinas paradas
o desespero e desencanto acampado à porta
do desemprego.
Olhas, e finges que não vês
as crianças que vão para a escola engolindo a fome.
Os idosos abandonados à dor da miséria.
Os idosos abandonados à dor da miséria.
E a juventude sem esperança, que naufraga
no mar da emigração, fugindo dum país sem futuro,
deixando atrás de si, o desespero e a saudade
de mulheres e filhos.
E continuas a fingir ser democrata !
Elvira Carvalho
O ano passado, escrevi um texto sobre o 25 de Abril. Como não mudei uma linha no meu pensamento, e para não me repetir assinalo a data com este poema. Se alguém estiver interessado no texto pode lê-lo AQUI
24.4.15
MARIA PAULA - PARTE XX
foto minha
Sentou-se na margem do rio,
e deleitou-se com a paisagem ao redor. Não pode deixar de pensar que a gente do
local, era privilegiada pela natureza. Belas paisagens, bons ares, vizinhos de
confiança. Ali as chaves tinham pouca serventia. As pessoas saiam de casa
batendo a porta que ficava no trinco. Na volta puxavam o trinco com um cordel
passado para o lado de fora por um furo na porta. De noite corriam um ferrolho
pela parte de dentro. Os currais dos animais eram também fechados com
ferrolho. Diogo, tinha vivido no Porto enquanto estudante, e visitara Lisboa
nas várias saídas de licença, enquanto estivera na base naval do Alfeite. Conhecera bem
Luanda, onde estivera 25 meses em comissão. Três belas cidades, muito diferentes
entre si, mas com uma coisa em comum. Em nenhuma delas, ele encontrara aquele
sossego, aquela paz, aquela confiança entre vizinhos. Alegravam-se com as
alegrias e choravam com as tristezas uns dos outros. Era como se todos fossem
uma grande família. Nas cidades, o progresso, e o turismo, tornaram a vida muito
diferente.
“ Um dia quem sabe, o
turismo chegue aqui, este é um bom lugar para uma praia fluvial, e o turismo pode alterar completamente este local” – pensou enquanto olhava os
pequenos círculos na água, formados pela pedra que acabara de lançar no rio.
Levantou-se, sacudiu as
calças, e dirigiu-se ao pequeno pomar, onde sabia que ia encontrar o pai.
- Boa tarde, pai. Precisa de
ajuda?
- Boa tarde, filho. Uma
ajuda nunca se recusa. Mas decerto não foi para isso que vieste. Queres falar? Perguntou fitando o rosto sério do filho
- Como o pai me conhece bem.
- Vem, vamos sentar-nos ali
na beira do tanque. Então? É por causa da tal rapariga? A tua mãe contou-me a conversa
que tiveste com ela.
- Pois é pai, é por causa da
Maria Paula. Estive a pensar e cheguei à conclusão de que não vale a pena
esperar a baixa da Marinha para a procurar. Decidi ir amanhã para Coimbra.
- Tens a certeza de que é o
melhor para ti, filho? Essa rapariga vem de outras terras, outros costumes. Não
seria melhor alguém de alguma aldeia próxima?
- Não, pai. Nunca conheci
ninguém como a Maria Paula. E olhe que tive vários namoricos desde os meus
quinze anos.
- Um pai sempre deseja o melhor para os seus filhos, e por eles é capaz de fazer qualquer sacrifício. Mas há uma coisa que um pai nunca consegue fazer. Viver a vida por eles. Se achas que essa rapariga é o melhor para ti...
- Maria Paula, é uma excelente rapariga, meu pai. Valente e corajosa. O pai não imagina o que ela já passou. E é de boas famílias, não se preocupe.
- Um pai sempre deseja o melhor para os seus filhos, e por eles é capaz de fazer qualquer sacrifício. Mas há uma coisa que um pai nunca consegue fazer. Viver a vida por eles. Se achas que essa rapariga é o melhor para ti...
- Maria Paula, é uma excelente rapariga, meu pai. Valente e corajosa. O pai não imagina o que ela já passou. E é de boas famílias, não se preocupe.
- Então filho, faz o que o
coração te manda. Como diz o povo “quem bem faz a cama, bem se deita nela.”
E hoje é o dia internacional do livro. Um livro é sempre um amigo que nos leva a viajar por terras desconhecidas e nos desperta várias emoções. É sempre fonte de aprendizado. Se mora em Lisboa, dê uma olhada AQUI por favor
Então tenham um bom dia, e boas leituras
E hoje é o dia internacional do livro. Um livro é sempre um amigo que nos leva a viajar por terras desconhecidas e nos desperta várias emoções. É sempre fonte de aprendizado. Se mora em Lisboa, dê uma olhada AQUI por favor
Então tenham um bom dia, e boas leituras
22.4.15
10º BOOK-CROSSING BLOGUEIRO
Este foi o livro que na minha participação do 10º book-Crossing blogueiro, libertei esta manhã no parque Catarina Eufémia, no Barreiro quando ia para uma aula na Universidade Sénior. Depois sentei-me uns bancos mais à frente pensando fotografar quando alguém o recolhesse. Durante 10 minutos passaram por ali várias pessoas de faixas etárias diferentes, já que é caminho de passagem para quem se dirige aos CTT, os jovens que vão para a Escola Alfredo da Silva, e quem vai para a sede do Barreirense. Alguns olhavam e seguiam em frente, outros, tive a sensação que nem o viram. Como entretanto se fazia tarde para a minha aula, não cheguei a ver quem o recolheu.
21.4.15
MARIA PAULA - PARTE XIX
foto da net
Durante uns dias, Diogo,
andou pela aldeia. Foi visitar o padrinho, encontrou-se com os pais de alguns amigos, que o saudaram
com a cordialidade com que todos se tratam nas aldeias. Encontrou a ti’Carlota,
talvez a mais velha mulher da aldeia. Diogo não sabia quantos anos teria a
mulher, mas decerto era exemplo de longevidade. Desde que tinha memória, sempre
se lembrava dela, toda vestida de preto, - era viúva - e já bem entrada nos
anos. Encontrou-se também com algumas crianças, quase adolescentes que deviam
vir da escola. Naquela manhã, cruzou-se com o ti’António do Moinho. O homem
abraçou-o com grande emoção.
- Já me tinham dito que havias regressado. Agradece a Deus por
estares vivo rapaz. O meu Carlos ficou lá em Moçambique. Morreu em Omar, há
seis meses, a menos de um mês de acabar a comissão. Maldita guerra.
Diogo sentiu como se lhe tivessem dado um murro no estômago. Apesar de Carlos, não ter sido um companheiro
de brincadeiras, - o jovem, era sete anos mais novo do que ele, - conhecia-o desde que
nascera. Era irmão do Luís, o seu grande amigo de infância. Emocionado, sem
palavras que pudessem confortar o coração ferido daquele pai, apertou-o num
longo e comovido abraço. Depois perguntou:
- E o Luís?
- Fugiu para França, pouco
antes de ser alistado, tem um bom salário e até já está a pensar em casar. Se o irmão tivesse feito o mesmo, hoje estaria vivo. Mas
ele nunca quis, apesar dos conselhos do irmão. É como dizem, cada um já nasce
com o destino marcado.
- Talvez Sr. António, -
respondeu Diogo que não acreditava, nessa coisa de que tudo o que nos
acontece é por culpa do destino.
- Quando escrever ao Luís, diga-lhe
que gostaria de o ver, quando vier a Portugal.
Fica descansado, rapaz –
respondeu o outro, apertando-lhe o ombro em jeito de despedida.
Diogo, virou a esquina da
única rua, verdadeiramente digna desse nome, na aldeia e dirigiu-se à margem do rio, atravessando o extenso milheiral, pertença do seu padrinho, o homem mais abastado da aldeia. Quantas vezes em criança, ia para ali no
Verão, com os outros miúdos da aldeia. Uma constante preocupação para os mais
velhos, sempre com medo que algum deles, por lá se afogasse.
19.4.15
MARIA PAULA - PARTE XVIII
Foto da net
Dois dias depois, saciada a curiosidade dos pais, relativamente à sua comissão em Luanda, enquanto tomava o pequeno-almoço, eis que a mãe faz a pergunta que tinha entalada na garganta.
Dois dias depois, saciada a curiosidade dos pais, relativamente à sua comissão em Luanda, enquanto tomava o pequeno-almoço, eis que a mãe faz a pergunta que tinha entalada na garganta.
- E a tal rapariga que
namoravas lá, e com quem dizias que ias casar?
- Como vos contei, a guerra
estava instalada em Luanda e os pais mandaram-na para Coimbra, onde o irmão
estudava. Pouco antes da partida ela acabou o namoro dizendo que não via futuro
para nós.
- Uma rapariga ajuizada,
filho. Vocês são de mundos diferentes. O que precisas é de uma rapariga daqui.
Uma pena que a Lurdinhas, já esteja de casamento marcado. É uma excelente
menina, os compadres gostam de ti, e podiam ser uma ajuda no teu futuro.
-Ora valha-a Deus, minha
mãe. O meu futuro, será o que eu fizer dele. Com o meu saber e o meu talento.
Sem “cunhas”, nem padrinhos.
- Será? Neste mundo quem não
tem padrinhos, nunca sobe a escada da fortuna.
Mas, então o que pensas fazer? Ainda pensas em ir para Lisboa? Eu e o
teu pai temos falado sobre isso. Como filho único, gostávamos de te ter por
aqui perto. Braga ou Porto, talvez.
- Não sei, mãe. Agora tenho
estes dias de licença. Depois tenho que me apresentar na base naval. Não sei
quanto tempo ainda terei que estar lá até me darem baixa. Já fiz os quatro anos de serviço o mês passado. Depois, penso ir a Coimbra. Vou tentar
encontrar a Maria Paula e ter uma conversa séria com ela. Sei que não é do
vosso agrado, mas ela é a mulher que eu quero para mãe dos vossos netos, - disse
levantando-se da mesa e afastando a cortina da janela, perguntou mudando o rumo
à conversa:
- Que foi feito dos meus
amigos? Ontem dei uma volta por aí e não vi nenhum.
- Uns foram para a tropa e
ainda não voltaram, outros fugiram de salto para a França, para não irem à
guerra. E outros ainda casaram e foram viver para a cidade. Os jovens não têm
amor à terra, querem uma vida melhor. Aqui só vêm de visita, para ver a família
e levar alguma ajuda, que a vida nas cidades não é como aqui. Lá, compra-se tudo, da água ao sal.
A todos um bom Domingo
17.4.15
MARIA PAULA - PARTE XVII
Estação de S. Bento no Porto. Foto da net
Diogo chegou ao aeroporto de
Figo Maduro, em meados de Julho de 75. Depois da apresentação na base do
Alfeite, foi-lhe dado como aos restantes camaradas, (atenção que este termo, não
tem aqui conotações politicas, ligadas a qualquer sector partidário. Na Marinha, os “filhos da escola” sempre se
trataram assim) uma licença de sessenta dias.
Diogo dirigiu-se a Santa
Apolónia para apanhar o comboio Foguete para o Porto. Pelo caminho, notou que
havia na cidade grandes mudanças. Não na estrutura da cidade. O Terreiro do
Paço, com os respectivos ministérios, a estátua de D. José, o rio, a gare de
embarque para o Barreiro, os vendedores ambulantes, o caminho para Santa Apolónia, tudo estava no mesmo
sítio e mais ou menos igual. As pessoas. Essas sim, estavam diferentes, mais
abertas, sorriam com facilidade, olhavam-se nos olhos sem receio. Que diferença
de quando ele partira, quando as pessoas passavam apressadas, cabisbaixas,
temerosas até da própria sombra.
O comboio chegou ao Porto, e o jovem dirigiu-se à paragem da camioneta que o levaria até Amarante, concelho da pequena aldeia onde nascera, e onde viviam seus pais. Respirou fundo, uma sensação de felicidade invadindo o peito, e em pensamento
ergueu aos céus, um agradecimento, pelo regresso são e salvo.
Quando a camioneta parou no
largo da Igreja de S. Gonçalo, em Amarante, já o pai o esperava com a carroça,
para fazerem o resto da viagem.
Por alguns minutos, os dois
juntaram-se, num abraço forte, cheio de emoção. Quantas vezes, nos últimos
tempos, Diogo pensou que não voltaria a ver os pais. Que sequer regressaria?
Depois colocou a mala na parte
traseira de carroça, e subiu sentando-se à esquerda, e pegando nas rédeas. O pai subiu pelo
outro lado e iniciaram a viagem até à aldeia, conversando animadamente.
Sentia-se feliz. Era como se regressasse
à adolescência, quando acompanhava o pai a Amarante, para venderem os legumes
da quinta, e ele pedia ao pai, que o deixasse conduzir a carroça. Depois,
vieram os estudos, a Universidade, a Marinha e por último a comissão em Angola,
que nos últimos tempos se transformara numa descida aos Infernos.
Os quarenta minutos até casa
passaram quase sem dar por isso. E em casa esperava-o o abraço, e o choro de
alegria da mãe, a par de um jantar cujo aroma divinal se sentia a vários metros
de distância.Bom fim de semana
16.4.15
MARIA PAULA - PARTE XVI
Coimbra anos 70 - foto da net
Poucos dias depois da chegada a Coimbra, e de rever alguns amigos, antigos colegas da Universidade, Paulo já estava ciente de algumas coisas. Primeiro, a história de que todos os cidadãos nascidos em solo português, são portugueses, não passava de uma frase bonita sem correspondência na prática.
Segundo o governo português,
não estava minimamente preparado, nem acautelado com o que efectivamente podia
acontecer com uma descolonização feita às pressas, nem para fazer face às necessidades
das centenas de pessoas que todos os dias chegavam a Lisboa, fugidos da guerra
que se instalara em Angola.
Terceiro, talvez porque a imprensa na Metrópole, não noticiava um décimo do que realmente se passava em Angola, em Portugal, a população desenvolvera uma estranha aversão a quem chegava. Chamavam-lhes “os
retornados”, e eram vistos como intrusos, que tinham estado em África a
explorar os negros, e vinham para cá para lhes roubarem os empregos. Nada mais
errado. A maioria dos que chegavam, eram simples trabalhadores, que nunca tinham
tido um negro a seu serviço. Muitos eram já, segunda ou terceira geração,
nascida em Angola, e nunca tinham posto os pés na Metrópole.
A vida apresentava-se para
estes expatriados, muito difícil. Os que tinham familiares em Portugal,
procuravam o apoio deles. Os outros tinham que esperar uma solução do IARN, organismo
recém-criado pelo estado, para acolher e dar assistência a todos os refugiados. E as soluções quase nunca ocorriam com a celeridade que se desejava, e necessitava.
Um mês depois de ter chegado
a Coimbra, Paulo integra a equipa do Hospital da Universidade de Coimbra, e a família pode respirar
um pouco mais tranquila. Luena, continua sem trabalho, e o ordenado dos filhos, era até aí, escasso para todas as despesas.
Maria Paula, continua
distribuindo sorrisos e simpatia no seu trabalho. De tal modo que muitos jovens
que nunca tinham entrado numa padaria, fazem agora questão de ir, todos os dias, buscar o pão,
na esperança de dois dedos de conversa. Pese a sua simpatia, no fundo dos seus
olhos há uma certa tristeza. E no seu coração, uma enorme saudade de Diogo, de
quem não sabe nada. Nem sequer, se é morto ou vivo.
12.4.15
MARIA PAULA - PARTE XV
Aeroporto de Lisboa em 75. Foto da net
Era o último dia de trabalho de Paulo, já com viagem marcada para o dia seguinte quando se deu o ataque ao Hospital de S. Paulo. Quando este terminou, ao som das armas sucederam-se o som dos gritos das pessoas, em pânico, desejando sair do hospital o mais rápido possível, tropeçando nos cadáveres, espalhados pelas alas mais atacadas.
Foi necessário acalmar estas
pessoas e ao mesmo tempo socorrer os feridos. Mais tarde pela calada da noite,
levar-se-iam pelas traseiras para o Hospital Maria Pia, todos os feridos graves.
Já passava da meia-noite,
quando Paulo chegou a casa, completamente exausto, e embora tivesse a viagem no
avião marcada para as oito da manhã, não conseguiu dormir, a mente desperta
pelo horror vivido nesse dia.
Pela manhã conseguiram
embarcar, com a roupa do corpo, e uma pequena mala, com algumas peças de roupa,
o seu estojo de médico e um livro de medicina, cada um. Foi tudo o que eles
conseguiram trazer, de tudo o que tinham juntado em toda a vida.
Aqueles que resolveram vir
para Lisboa, logo após o 25 de Abril, ainda tinham conseguido mandar parte dos
seus haveres por barco.
Paulo nunca tinha pensado
abandonar Angola. Era a sua terra, aquela onde pela primeira vez vira a luz do
dia, onde crescera e aprendera a amar, onde seus filhos nasceram, e onde
repousavam os restos mortais de seus pais. A terra que ele julgava amar acima
de tudo. E digo, julgava, porque quando a luta pela sobrevivência se torna
presente, ela impõe-se a tudo o resto, até mesmo ao amor pela terra que nos viu
nascer.
Ao desembarcarem na Portela,
foram surpreendidos por um cenário dantesco. Quase todo o edifício estava lotado
de pessoas que como eles tinham fugido de Angola e não tinham para onde ir, nem
a quem se dirigir. Na altura chegavam a Lisboa em ponte aérea mais de 500
pessoas por dia. Viviam e dormiam no aeroporto, amontoados no chão, cobertos
pelo desespero.
Felizmente para Paulo e Luena,
o filho, viera busca-los ao aeroporto, eles tinham lugar para os pais, na
pequena casa alugada em Coimbra, pelo que não tiveram de passar por mais uma
provação, embora muitas estivessem ainda para vir.
Uma boa semana para todos.
10.4.15
MARIA PAULA - PARTE XIV
Imagem daqui
Não foi fácil para Maria Paula habituar-se a Coimbra. A jovem tinha uma mentalidade, e uma noção de liberdade muito diferente das jovens que o irmão lhe apresentou. Depois, ela era uma jovem demasiado bonita, e isso despertou sentimentos diferentes nos jovens que conheceu. Enquanto os rapazes se sentiam atraídos pela sua beleza e simpatia, adejando à sua volta como abelhas à roda de uma flor, as raparigas sentiam inveja e zanga por se sentirem preteridas, sempre que a jovem se fazia presente.
Em Luanda as coisas iam de mal a pior, os pais não conseguem mais mandar dinheiro, proibidas que foram as transferências, e em Coimbra os dois irmãos têm que prover ao seu próprio sustento. Por esse motivo, Pedro, abandonou a Universidade e arranjou emprego no escritório de um advogado. Maria Paula não tardou a empregar-se no balcão de uma padaria. A preocupação dos jovens, eram os pais que não desistiam da cidade, talvez por causa da avó.
Não foi fácil para Maria Paula habituar-se a Coimbra. A jovem tinha uma mentalidade, e uma noção de liberdade muito diferente das jovens que o irmão lhe apresentou. Depois, ela era uma jovem demasiado bonita, e isso despertou sentimentos diferentes nos jovens que conheceu. Enquanto os rapazes se sentiam atraídos pela sua beleza e simpatia, adejando à sua volta como abelhas à roda de uma flor, as raparigas sentiam inveja e zanga por se sentirem preteridas, sempre que a jovem se fazia presente.
Em Luanda as coisas iam de mal a pior, os pais não conseguem mais mandar dinheiro, proibidas que foram as transferências, e em Coimbra os dois irmãos têm que prover ao seu próprio sustento. Por esse motivo, Pedro, abandonou a Universidade e arranjou emprego no escritório de um advogado. Maria Paula não tardou a empregar-se no balcão de uma padaria. A preocupação dos jovens, eram os pais que não desistiam da cidade, talvez por causa da avó.
Zaila, dizia que era
demasiado velha para viajar para outro país. Aquela era a sua terra, ali
nascera, se fizera mulher, casara, fora mãe e enviuvara. Ali havia de morrer um
dia. Mas quando os três movimentos que tinham lutado contra o colonialismo, começam
a lutar entre si pelo controlo de Angola, e em particular por Luanda a situação
torna-se insustentável. A independência só seria decretada a 11 de Novembro de
1975, mas a partir do final de Março, o clima na cidade já era de guerra civil. Por
essa altura quando uma pessoa saía de casa, nunca sabia se voltava. Dias havia
que era quase um milagre sobreviver mesmo em casa, com os constantes ataques de granadas, roquetes e g3.
Por esses dias o coração
cansado da velha Zaila, parou enquanto dormia. De manhã, quando a filha deu por
isso, nada havia a fazer.
Então Paulo decidiu que era
altura de sair de Angola. Mas antes de conseguir partir para Lisboa, ainda
sofreu o desgosto de ver o Hospital de S. Paulo, seu local de trabalho e sua
segunda casa, ser atacado, e ver morrer alguns dos seus colaboradores. Na
verdade o hospital era cobiçado pelos três movimentos, que desejavam fazer dele
o seu quartel-general. Apesar de se manter uma força militar portuguesa, em defesa do hospital, ela nada podia fazer contra a avalanche de roquetes lançados contra o hospital num curto e mortífero ataque que durou menos de um minuto.
Bom fim de semana
Bom fim de semana
6.4.15
MARIA PAULA - PARTE XIII
A partir de Julho começam a sair para a Metrópole os barcos
e aviões, com aqueles que seriam depois conhecidos como os retornados. A grande
maioria, brancos, que viviam há muitos anos em Angola, com toda a sua vida organizada
por lá, agricultores e comerciantes. Outros mais jovens pertenciam a uma
geração já nascida em Angola. E ainda muitos negros designados por africanos
que fugiam, porque temiam tanto a guerra, como os conflitos étnicos instalados, que só se sentiam protegidos junto dos militares brancos, e que se instalaram nos jardins e praças de Luanda.
Os angolanos designados na Metrópole, por africanos, não eram um povo uno, nas suas etnias, tribos e crenças.
Não foi por acaso, nem pelo tamanho de Angola que existiram três movimentos de libertação. Entre outras etnias, de menor influência, existiam os quimbundos, que predominavam de Luanda a Malange, e que apoiavam o MPLA. Os bacongo, noroeste de Angola, apoiavam a FNLA e os ovimbundo, Leste e sul de Angola, apoiantes da UNITA.
O que iria mais tarde dar
lugar a uma guerra civil que duraria até ao fim do século. O General Silvino
Silvério Marques, cedo constata que não tem condições de travar o caos que se
avizinha.
Assim para tirar de Luanda toda esta gente, foi necessário uma enorme ponte aérea, entre Luanda e Lisboa.
Como médicos os pais de Maria Paula, sabem melhor do que ninguém das
atrocidades que se cometem nos musseques e até mesmo na cidade. Assim trataram
de falar com o filho e com alguns amigos em Coimbra para que recebessem Maria
Paula. E mesmo sabendo que a filha não queria sair de Luanda, trataram de impor
a sua autoridade para a obrigarem a partir para a Metrópole, pouco depois dos acordos de Alvor em Janeiro de 1975.
Por essa altura Maria Paula e Diogo já tinham terminado o
namoro. A ruptura aconteceu depois de um dia em que vários vizinhos de
Maria Paula se juntaram para baterem em Diogo, o que só não aconteceu porque o
pai de Maria Paula, chegou no momento exacto , e ele era um homem respeitado por
todos, devido não só à sua profissão, mas também ao seu carácter. E foi assim que dois dias antes do Carnaval, Maria Paula chegou ao
aeroporto de Lisboa, onde o irmão a esperava para a levar para Coimbra.
Foi com imensa alegria e muito amor que os dois se abraçaram, embora nos dois permanecesse a preocupação pelos pais e avó que tinham ficado em Luanda.
3.4.15
PÁSCOA FELIZ
Uma Santa e Feliz Páscoa para todos os que por aqui passarem. Especialmente uma Páscoa com muita paz no coração, muita saúde e alegria.
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datas comemorativas,
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