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26.3.15

MARIA PAULA - PARTE X



Lembram-se?

Os dias que se seguem, são de grande expectativa. O povo não sabe ao certo o que esperar do novo governo de Portugal. Já se sabe que o regime ditatorial acabou, mas os movimentos independentistas continuam a apelar à luta, pela independência total de Angola, enquanto o governo português, pela voz do general Costa Gomes, que, na primeira semana de Maio chega a Luanda ,apela à continuação da luta contra os movimentos de libertação, até que estes depusessem as armas e se comprometessem com uma solução política.
"Nenhuma província, nenhum grupo, nenhuma raça, terão permissão para impor uma solução que não tenha passado pelo crivo de um teste democrático",
 E acrescentou de seguida:
- "É nossa intenção continuar a luta contra as guerrilhas, e essa posição manter-se-à até que os guerrilheiros aceitem a nossa oferta para depor as armas e se apresentem como um partido político legal".
Embora se tenham libertado os presos políticos das cadeias de Luanda e Moçâmedes, nem por isso o povo  se sentia mais confiante.
Dizia-se que a PIDE fora extinta, mas como os seus agentes foram integrados num novo serviço de informações, denominado Comando da Polícia de Informação Militar, o povo continuava com medo, pois na verdade não se sabia até que ponto, não se mudara apenas o nome, à tenebrosa polícia.
Deste modo, não era só Maria Paula que estava confusa. Havia todo um povo que não sabia o que podia acontecer, mas temia-se que a qualquer momento, um qualquer acto impensado, acendesse o rastilho da guerra na cidade.
As notícias que chegavam da Metrópole, pelos telefonemas do irmão, não contribuíam em nada para sossegar Maria Paula e os pais, pois enquanto a Junta de Salvação Nacional pela voz do General Spínola afirmava, "os nossos esforços centrar-se-ão no restabelecimento da paz no Ultramar, mas o destino do Ultramar Português terá de ser decidido por todos os que àquela terra chamaram sua"; a sociedade civil, contrapunha, pela voz de Mário Soares.
"Sou abertamente pela independência, e, na minha opinião e na do meu partido, é necessário negociar urgentemente com os movimentos de libertação".


19 comentários:

chica disse...

Um capítulo bem escrito, cheio de enredos e instigante conteúdo! Gostei! bjs, chica

Pérola disse...

Uma descolonização vergonhosa, mas a própria também não a foi?

Beijinhos

Edum@nes disse...

As verdades são para serem ditas. No seu artigo estão bem expressas.Quanto ao que se passava, politicanete, nessa data em Angola. Maria Paula. tinha razão para se sentir preocupada.O general Costa Gomes, entendia que era necessário convencer os movimentos de libertação a deporem as armas. Todavia, mais tarde foi nomeado, para Angola, o almirante Rosa Coutinho como alto comissário, que entendeu, precisamente, ao contrário do que pensava Costa Gomes.

E pronto, fico por aqui, porque todos já sabem o que aconteceu.
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Pedro Coimbra disse...

Tinha só dez anos mas ainda lembro bem esses dias agitados.
Até porque fui afectado por eles.
Tudo porque o meu pai exercia o cargo importantíssimo de presidente da casa do Povo de uma aldeola, vejam lá!
Enfim, passou.
mas não esquece.
A minha mãe, com toda a agitação, perdeu um filho (abortou).

esteban lob disse...

Gran historia, Elvira. Nos ubica en etapas en que luchas interminables y sangrientas escondían legítimos gritos de libertad.

Luma Rosa disse...

Oi, Elvira!
De quebra estou conhecendo a história de um povo. Costa Gomes decerto um tirano...
Beijus,

Laura Santos disse...

Uma época muito conturbada, de grande conflito e contradições. Maria Paula sentiu como tanta gente nessa altura o perigo e as indecisões.
Muito bem escrito!
xx

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Triste época para um povo... cheia de conflitos. Com razão a Maria Paula se preocupar, coitada!
Um ótimo enredo.
Abraços Elvira!
Mariangela

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Triste época para um povo... cheia de conflitos. Com razão a Maria Paula se preocupar, coitada!
Um ótimo enredo.
Abraços Elvira!
Mariangela

Lua Singular disse...

Oi Elvira
Um capítulo muito triste, mas essa tristeza está no mundo inteiro
Beijos

Lu Nogfer disse...

Olá Elvira

Concordo com a Dorli. Nao conheço bem a história mas esse é um problema geral.

Beijos

Ana disse...

Olá Elvira!
A confusão devia ser muita mesmo. A falta de informação é sempre usada para controlar as massas.
Beijos

vendedor de ilusão disse...

Não me lembro, primeiro porque nunca estive por lá e segundo, na época, eu não acompanhava quase nada, pra não dizer nada, da tua terra, no entanto, aprecie sobremodo o texto que discorreste brilhantemente.
Um abraço.

Marina Filgueira disse...

¡Hola, Elvira!!!

En estas cosas de guerras y políticas, siempre sale mal paga el más dedil. Que Dios nos proteja a todos de las garras de cualquier conflicto.
Es un pogs muy bien escrito- explicado.

Gracias por tu buen hacer y tu cercanía.
Un abrazo y toda mi estima.
Se muy muy feliz.

José Lopes disse...

O que os políticos dizem vale sempre pouco, mesmo quando são revolucionários ou coisa que os valha. Todos sabemos o que aconteceu, e o que daí resultou, mas a História ainda não pode ser escrita devido à proximidade temporal e ao segredo em que ainda estão muitos segredos de Estado em vários dos países...
Cumps

Rogério G.V. Pereira disse...

Bocados da história, são apontamento que vou guardando e comparando aos conhecimentos que tenho... Depois darei o meu próprio testemunho...

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
PELO TEXTO QUE TÃO BEM ESCREVESTE E OS COMENTÁRIOS DE TEUS CONTERRÂNEOS, PERCEBE-SE QUE NESTES MOMENTOS, SEMPRE HÁ MUITOS INTERESSES ENVOLVIDOS E QUEM SOFRE É O POVO.
ESTÁ MUITO BOM.
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Rosemildo Sales Furtado disse...

Continuo gostando e atento aos próximos acontecimentos.

Abraços,

Furtado.