Dois dias depois, Rosa estava na
cidade grande. Quase sem dinheiro, o ourives dissera que os brincos não valiam
grande coisa, e pagou por eles tão pouco que quase nada sobrara depois de
comprar o bilhete para a capital.
A cidade era enorme e ela não sabia
para onde ir nem o que fazer. Caminhou por uma rua enorme, tão grande que era
maior que a sua aldeia, batendo a todas as portas, pedindo trabalho. Mas as
pessoas olhavam-na de alto a baixo como se ela não regulasse bem da cabeça e
fechavam-lhe a porta na cara. Algumas até lhe acicatavam os cães. Realmente o
seu aspeto não era muito agradável. A saia castanha de casimira até ao
tornozelo estava bastante amassada da longa viagem de comboio, a blusa de
pano-cru, com uma gola redonda, em cuja orla a avó fizera um enfeite, estava
enxovalhada, as tamancas de madeira e couro e a cesta de vime escuro, onde
transportava algumas peças de roupa, completavam a sua indumentária.
Faminta e cansada, sentou-se num
banco de um jardim sem saber o que fazer ou para onde ir.
Pouco depois, uma mulher de
meia-idade sentou-se a seu lado no banco e meteu conversa com ela.
Perguntou-lhe o nome, a idade, se estava sozinha em Lisboa, se não tinha
família.
Desorientada e carente, Rosa contou
de onde viera, falou da morte da avó, única parente que tivera até aí, do seu
desejo de arranjar trabalho, afinal a cidade era tão grande, tinha tanta casa,
mal haveria de ser que ninguém precisasse de uma criada. E ela sabia fazer tudo
menos comida, que nunca cozinhara e só sabia fazer chá.
Depois de a ouvir, a mulher disse
que tinha trabalho para ela. Era só acompanhá-la até à sua casa.
Rosa sentiu que lhe nascia uma alma
nova, quase teve vontade de abraçar a mulher.
Quando lá chegaram, esta levou-a
para um quarto como Rosa nunca tinha visto. Era espaçoso, tinha uma grande cama
de casal, coberta por uma colcha adamascada em tons de vinho, reposteiros do
mesmo tecido, duas mesas-de-cabeceiras e um armário com as portas em espelho de
alto-a-baixo. Ao lado uma porta. A mulher abriu a porta e Rosa viu um quarto de
banho parecido com aquele que tinha visto na casa grande lá da aldeia. A mulher
disse-lhe para se lavar e vestir as roupas que estavam no armário. Deviam ser
mais ou menos do seu tamanho.
- As tuas não servem. Não se usam
na cidade nem fazem jus à tua beleza. Daqui por meia hora, venho buscar-te para
o jantar.
Que vos parece? Será que a Rosa encontrou um anjo, ou uma bruxa?
A ROSA volta na próxima terça-feira
A todos os amigos que me honraram com a sua presença e comentário, no evento abaixo, agradeço de todo o coração. Muito obrigada.
24 comentários:
História surpreendente.
Casos da vida que muitos nunca imaginaram ser possível alguém, um dia, vivê-los.
Fico torcendo para que seja um anjo bom na vida de Rosa! vamos ver!! Lindo! bjs, chica
Hola Rosa: nos dejas un texto que da mucho que pesar... No creo que el lugar idóneo para Rosa. Es algo que puede sucesible a cualquiera, nadie esta libre de una situación similar.
Ha sido un placer.
Gracias por tu paso en mi casita virtual.
Besos azules en vuelo.
Y se muy feliz.
A história continua muito bem contada,
para a Rosa vai de vento em popa
embora ainda esteja muito magoada
será que encontrou um anjo em Lisboa?
Que na vida a conduza!
coitada já sofreu tanto
tenha encontrado um anjo
quisera, e não uma bruxa.
Bom fim de semana,desejo para você amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.
Bom dia, a Rosa encontrou uma nova vida, certamente que vai aparecer o neto ou o filho da senhora que a acolheu, creio que uma historia de amor vai nascer, se esta lhe vai fazer feliz, tenho duvidas.
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Oi Elvira
Tudo é possível Elvira
Ela merece ter encontrado uma alma boa, afinal é apenas uma menina que sofreu uma perda da avó que amava e foi surpreendida por situações de violência que jamais vai esquecer.
Mas , a vida é dura _vai depender da sorte ... e da autora se vem imprimindo ficção ou realidade...
beijinhos e bom domingo
eu gostava que fosse um anjo, mas, acho que não será.
no entanto, por vezes a vida reserva-nos muitas surpresas algumas delas bem inverosímeis.
vamos aguardar....
:)
Hummmmmmm sei não hein.... Coitada da Rosa! Acho que essa mulher é dona de algum bordel!
Hahahahahahahaha.
Tá muito bom esse conto!
OI ELVIRA!
GOSTARIA, SE NÃO FOSSE UMA OBRA FICTÍCIA QUE FOSSE UM ANJO, MAS, PARA O DESENVOLVIMENTO DA OBRA, CREIO QUE SERÁ UMA BRUXA.
ESTOU GOSTANDO MUITO , AMIGA,CERTA DE QUE SERÁ UM PRAZER TE ACOMPANHAR ATÉ O FINAL.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Espero que seja um anjo.
Muito prazeroso de ler, Elvira.
Beijo*
Não tenho grande esperança de que tenha sido um bom encontro...!
Mas vou já confirmar!!!
Bjs
Maria
Nem uma coisa nem outra, mas de qualquer modo não é ninguém em que se possa confiar!
Lê manda-lhe um grande abraço de gratidão e deseja-lhe felicidades .
beijinhos meus para si e neta
Demasiado bonito para ser verdade.
Gostaria que fosse um anjo e talvez seja, mas andamos tão desacreditados no ser humano que nem queremos arriscar que seja uma boa alma. Pelo menos comida e dormida ela já tem; seria penoso passar a noite na rua esfomeada e perdida. Pelo menos isso ela já teve; agora ela mesma tem de fugir da bruxa se for esse o caso.Fico à espera! Uma boa semana. Elvira. Beijinhos
Emília
Hum, estou a achar simpatia e sorte a mais!...
Bjs
Oi Elvira, boa tarde!
Muita esmola o santo desconfia...
Mas quem sabe ela é uma boa alma e quer ajudála?
Estou gostando muito do desfecho!
Beijos,
Mariangela
Estes teus episódios da Rosa davam um filme.
Preferia que tudo corresse bem para ela, mas nunca se sabe o que te vai nessa cabecinha pensadora... eheheh...
Tem uma boa semana, querida amiga Elvira.
Beijo.
Qdo a oferta é demais o santo desconfia... rs
Rosa pode ter encontrado um anjo mas também pode ter sido um demónio e costuma dizer-se que quando a esmola é grande o pobre desconfia. A mudança tinha sido tão grande que Rosa, sujeita aos perigos da grande cidade, que desconhecia completamente,não desconfiou da generosidade da senhora. Sem eira nem beira , cansada e esfomeada este encontro surpreendente foi aquilo que ela, desamparada, precisava. O conto está bastante empolgante. Vamos ver! Beijinhos
Milagres, acontecem!
Depois do que essa menina passou, temo que as intenções dessa senhora não sejam as melhores... mas vou já conferir com o seguimento da história.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo
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