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9.9.19

VIDAS CRUZADAS- PARTE I

Reedição 






A história que hoje aqui se inicia, decorre no final dos anos cinquenta do século passado.  Muitas das coisas que vos relato, seriam impensáveis hoje em dia. Na verdade, penso que nunca em século algum, a história da humanidade evoluiu tanto, como nos últimos sessenta anos.

                                  
                                                 I
Aquele dia, de início de Junho apresentava um sol radioso e quente num céu sem nuvens, quando Pedro saíra do emprego, duas horas antes do horário habitual de saída.
 Era um homem jovem, completara vinte e oito anos no mês anterior. Alto, moreno, de grandes olhos castanhos, e cabelo castanho tão escuro que por vezes chegava a parecer preto, tinha uma boca grande, de lábios carnudos, que ao sorrir mostravam uma fileira de dentes perfeitos e acentuavam a covinha do queixo. Um daqueles homens que fazem suspirar as mulheres, e as põem a sonhar. Ele, no entanto, parecia nunca ter-se visto ao espelho, já que não mostrava dar-se conta do belo homem que era. Saía de casa para o trabalho e deste para casa, onde vivia com a sua velha mãe, que adorava. Na verdade, quando ele nascera, já há muito a mãe tinha perdido as esperanças de vir a ter algum dia um filho, pois já ultrapassara os quarenta e três anos. Fora até aconselhada por algumas vizinhas a não deixar ir adiante uma gravidez tão tardia. Podia ser perigoso. Profundamente religiosa, como a maioria das mulheres da época, sempre respondia, que segundo a Bíblia, Sara era muito mais velha quando ficou grávida, e que a Deus nada era impossível. E a verdade é que a gestação e o parto decorreram sem problemas.
Cinco anos depois dessa enorme alegria, quis Deus chamar o seu companheiro de toda a vida, o seu grande amor, e Alice viu-se sozinha com o filho para criar.
A vida era difícil mas o falecido, que fora militar,  deixou uma boa quantia, fruto de  um seguro de vida que ela nem sabia que ele tinha. Depois, sempre fora uma mulher poupada, tinha amealhado ao longo dos anos algumas economias, e assim Pedro recebeu uma boa educação, e se não foi para a Universidade foi porque não se interessou por isso e preferiu empregar-se logo que fez o quinto ano na Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva, no Barreiro, cidade onde vivia.
O jovem adorava a mãe, que ele sabia ter feito todos os possíveis para lhe suprimir a falta do pai, de quem nem se recordava muito bem.
 Quando fora às sortes, entregou os papéis como amparo de mãe, e assim vira-se livre de uma mais que provável ida para o Ultramar. Nunca pedira nada demais à vida, sempre se sentira feliz com o que tinha. Ultimamente porém, algo de estranho se passava com ele.