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31.1.18

A VIDA É...UM COMBOIO - PARTE XXIII







- Deves estar a perguntar-te porque te estou a contar tudo isto. Mas já vais entender a razão. Esta manhã, enquanto percorria a herdade com Alfredo, comecei a pensar que a vida é muito injusta, Ele, que eu considero como um irmão de criação, tem levado toda a vida a trabalhar no duro, e nada tem. Eu que nada fiz por isso, acabo de herdar uma enorme fortuna. E pensei que deve haver uma maneira de corrigir um pouco essa injustiça, doando metade da herdade ao Alfredo, legalmente, mas com a condição de que ele continue a gerir a minha parte, já que eu não poderei fazê-lo e não conheço mais ninguém em quem confie. Como advogada, podes dizer-me se posso fazê-lo?
- Claro que  podes. Mas, cumpre-me alertar-te que te vais desfazer de uma parte considerável do teu património. És solteiro, mas um dia podes casar, ter filhos. O que vais doar, seria também deles.
- Não será o dinheiro, aquilo que os meus filhos, se os tiver, mais precisarão de mim. O que eles mais vão precisar, será do amor que lhes der, da companhia que lhes fizer nos momentos em que dela necessitem, dos exemplos e da preparação que lhes der para a vida. Falas com o teu colega, e marcam uma reunião para tratarmos do assunto? Gostava de tratar de todos os documentos, de modo a dar-lhe esse presente no dia dois de Maio, que é a data do seu quadragémimo aniversário.
- Na segunda-feira falo com o Carlos e digo-lhe da tua urgência. Estamos quase no final de Abril, essas coisas são demoradas, talvez não seja possível, para essa data. Depois telefonamos-te.
- Ok. Agora talvez seja horas de regressarmos. Não que a tua companhia não me seja muito agradável, mas há mais de dez minutos que o Martim se sentou naquele tronco, o que quer dizer que já deve estar cansado de brincar com o cão.
-Vamos, Martim? - Perguntou Amélia ao chegar junto do filho.
O garoto levantou-se mas em vez de se pôr ao lado da mãe como seria natural, colocou-se ao lado de Paulo, os olhos ansiosos, perscrutando-lhe o rosto, numa pergunta muda. O homem agarrou a pequena mão e apertou-a suavemente.
-Tudo bem campeão, prepara-te para marcar muitos golos na festa.
- Hurra! Obrigado, mãe.
- Agradece ao Paulo. Foi dele a ideia, não foi?
-Ok. Obrigado aos dois. Anda, Rex, vamos contar à avó - disse desatando a correr em direção a casa.
- É tão fácil fazer uma criança feliz. Vês, é o que te quis dizer há pouco? Estas são as pequenas coisas que os fazem felizes. Vamos, acompanho-te a casa.