Fez o jantar enquanto Matilde dormia. Depois, da sesta, lancharam e durante mais de uma hora brincaram como se fossem duas crianças. À apanhada e às escondidas. Às seis horas, acabaram as brincadeiras, fez um sumo de fruta para a menina, que não quisera fruta ao lanche, deu-lhe banho, e estava a vestir-lhe o pijama quando Cesar chegou. Surpreendeu-se. Ainda não eram sete horas, e não ouvira o carro.
Abraçou e beijou a filha, ouviu o relato das brincadeiras que tinham tido, e depois disse-lhe:
- Agora vai brincar um pouquinho com os teus bonecos que o pai precisa falar com a Beatriz.
- Acabei mais cedo hoje o trabalho. Reitero os meus parabéns pelo trabalho que está a fazer com a minha filha. A Matilde, está mais alegre, deixou de ter pesadelos, e já não chora de noite, nem chama pela mãe.
- Não é minha intenção fazer com que esqueça a mãe.
- Acredito.
-Peço-lhe que pense no que lhe disse, sobre ela precisar de estar com outras crianças. É muito importante para um correto desenvolvimento da sua personalidade.
-Se é melhor para ela, pode fazê-lo. Na verdade, ela já esteve num infantário. Minha mulher era professora, não podia cuidar dela, e nunca quis uma ama, pois também pensava que a menina precisava conviver com outras crianças.
- Mas quando ela morreu, a Matilde não entendeu a ausência da mãe, chamava por ela a toda a hora, só queria ir dormir, se a mãe lhe fosse contar a estória, fazia grandes birras, não queria ir à creche, tornou-se agressiva com as outras crianças. Estava desesperado, pedi ajuda à minha mãe, que se mudou para cá para me apoiar. E deixou o infantário. Mas um dia, quando for mais velha, e tiver superado completamente esta fase, vai voltar para lá.
Sentiu um aperto no peito. Adorava aquela menina. Não sabia se por se sentir indiretamente responsável pela sua orfandade, se porque transferiu para ela, o amor pelo filho que não chegou a nascer. Pensar que um dia, talvez não muito distante, se separaria dela, era algo insuportável.
César perscrutava o seu rosto. Viu a sombra que perpassava o olhar feminino, o rosto que empalidecia, os lábios trementes. O rosto dela, era como um espelho, onde se refletiam todas as emoções. Ele sabia como ela se tinha apegado à menina. E sabia porquê. Sabia muito mais dela, do que aquilo que ela poderia imaginar.
O silêncio que se seguiu, foi quebrado pela voz da menina:
- Bia, tenho fome!
- Vamos jantar, filha, - disse ele, pegando na menina ao colo. - Está na hora da Beatriz sair. A menos que queira jantar connosco claro.
- De modo algum. Preciso fazer umas compras- apressou-se a dizer.
Aproximou-se para beijar a menina, sentindo-se intimidada com a proximidade ao corpo masculino.
8 comentários:
O gajo é vingativo???
Boa semana
Uma conversa adiada mas que terá que acontecer!
Boas entradas ... em Setembro!
Instigante enredo...Vejamos o que está por vir...Linda semana! beijos, chica
Sentiu-se intimidada... Não faço ideia o que se vai seguir, mas isto dá oano para mangas...
Mais um magnífico capítulo, tal como os anteriores.
Boa semana, amiga Elvira.
Um beijo.
Tudo está ainda muito indefinido e tudo pode acontecer...
Um grande abraço, amiga!
Um pouco "assustador" :)
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Vestida de emoções, sem preconceito
Beijos. Votos de uma excelente semana.
Apesar de estar longe, continuo a acompanhar o conto e tenho a certeza que vão ficar juntos, numa bela fzmilia. Espero, Elvira, que estejam todos bem de saúde. Um beijinho
Emilia
Boa noite Elvira,
Um magnífico capítulo com as emoções à flor da pele.
Vamos ver o que se seguirá.
Beijinhos e uma boa semana, com boas melhoras.
Ailime
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