Três dias depois, Clara foi buscar Beatriz para irem almoçar ao Ginjal.
Durante o almoço, a jovem contou à amiga, como tinha sido a sua estadia na casa paterna, e de como se sentia de bem consigo mesma, por ter recuperado o carinho e apoio dos pais. Depois…
- Amanhã vou ao centro de emprego. E comprar o jornal para ver os anúncios. Preciso de trabalho, as economias não duram sempre.
- E gostarias de trabalhar em quê?
- Sabes que sou educadora de infância. Mas nunca exerci a profissão. E não creio que a meio do ano possa arranjar alguma escola. Uma creche também não será fácil. No entanto estou disposta a trabalhar em qualquer coisa. Nem que seja em limpezas.
- Mas a situação é assim tão má? Pensava que a vossa situação era desafogada.
- Bom, a falar verdade, por enquanto não preciso de me preocupar. Tínhamos algumas economias. Mas não vou esperar sentada que acabem. Além disso preciso trabalhar. Manter a cabeça ocupada, para não estar sempre a pensar no que me aconteceu. Em casa não consigo deixar de pensar nisso. Acreditas que até já pensei em vender a casa, e alugar um apartamento noutro sítio?
- Sinceramente, penso que fazes mal. É uma boa casa, grande e está muito bem localizada. É uma mais-valia para o futuro. Claro que se te dói morar lá, podes sempre viver noutro sítio e alugá-la.
- Sabes o que é entrar naquele quarto, preparado com tanto amor para receber o meu filho? Sinto-me destroçada cada vez que lá entro.
- Percebo que deve ser uma grande dor. Mas porque hás de ir lá?
Fecha a porta e deixa que o tempo passe. Embora nunca esqueças, o tempo suavizará a tua dor.
Olha, porque não vens lá para a loja, enquanto não estás empregada. Sabes que é uma loja de bairro, pequena, não dá para ter empregada, eu e o Nuno, damos conta do recado. Mas conversamos, estás acompanhada.
- Por falar no Nuno, tenho que lá ir cumprimentá-lo. E pedir-lhe desculpa de estar sempre a requisitar-te. Ele não ficou aborrecido por teres vindo almoçar comigo e ter que almoçar sozinho?
-Não, mulher, não te preocupes. Ele sabe que eu o compenso mais tarde, - riu Clara.
Tinham acabado a refeição. Saíram do restaurante, e como ainda faltavam quarenta minutos para a hora em que Nuno reabriria a butique, resolveram dar uma volta pelo cais.
7 comentários:
As casa com memória são sempre um problema.
Conheço algumas.
Boas e más memórias.
Uma volta pelo Ginjal?
Tenho saudades do tempo em que também eu fazia isso!
Saudades mais da juventude que do Ginjal, diga-se!
Bom dia (por aqui já pinga)!!!
Vamos passando, acompanhando! beijos, chica
Lindo poema
Boa tarde Elvira,
Lindo capítulo em que Beatriz demostra bom senso e serenidade face à situação por que passou e que a faz sofrer.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Mais um episodio efervescente! :)
Beijos. Boa tarde
Não estou conseguindo acompanhar em tempo real, Elvira
Vou tentar voltar e seguir o ritmo desse destino...
Sabes bem o quanto gosto dos seus contos.
Um bom finalzinho de semana.
abraços
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