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3.8.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE XI

 


Três dias depois, Clara foi buscar Beatriz para irem almoçar ao Ginjal.
Durante o almoço, a jovem contou à amiga, como tinha sido a sua estadia na casa paterna, e de como se sentia de bem consigo mesma, por ter recuperado o carinho e apoio dos pais. Depois…

- Amanhã vou ao centro de emprego. E comprar o jornal para ver os anúncios. Preciso de trabalho, as economias não duram sempre.
- E gostarias de trabalhar em quê?
- Sabes que sou educadora de infância. Mas nunca exerci a profissão. E não creio que a meio do ano possa arranjar alguma escola. Uma creche também não será fácil. No entanto estou disposta a trabalhar em qualquer coisa. Nem que seja em limpezas.

- Mas a situação é assim tão má? Pensava que a vossa situação era desafogada.
- Bom, a falar verdade, por enquanto não preciso de me preocupar. Tínhamos algumas economias. Mas não vou esperar sentada que acabem. Além disso preciso trabalhar. Manter a cabeça ocupada, para não estar sempre a pensar no que me aconteceu. Em casa não consigo deixar de pensar nisso. Acreditas que até já pensei em vender a casa, e alugar um apartamento noutro sítio?

- Sinceramente, penso que fazes mal. É uma boa casa, grande e está muito bem localizada. É uma mais-valia para o futuro. Claro que se te dói morar lá, podes sempre viver noutro sítio e alugá-la.
- Sabes o que é entrar naquele quarto, preparado com tanto amor para receber o meu filho? Sinto-me destroçada cada vez que lá entro.
- Percebo que deve ser uma grande dor. Mas porque hás de ir lá?
Fecha a porta e deixa que o tempo passe. Embora nunca esqueças, o tempo suavizará a tua dor. 
Olha, porque não vens lá para a loja, enquanto não estás empregada. Sabes que é uma loja de bairro, pequena, não dá para ter empregada, eu e o Nuno, damos conta do recado. Mas conversamos, estás acompanhada.
- Por falar no Nuno, tenho que lá ir cumprimentá-lo. E pedir-lhe desculpa de estar sempre a requisitar-te. Ele não ficou aborrecido por teres vindo almoçar comigo e ter que almoçar sozinho?
-Não, mulher, não te preocupes. Ele sabe que eu o compenso mais tarde, - riu Clara.
Tinham acabado a refeição. Saíram do restaurante, e como ainda faltavam quarenta minutos para a hora em que Nuno reabriria a butique, resolveram dar uma volta pelo cais.







7 comentários:

Pedro Coimbra disse...

As casa com memória são sempre um problema.
Conheço algumas.
Boas e más memórias.

Tintinaine disse...

Uma volta pelo Ginjal?
Tenho saudades do tempo em que também eu fazia isso!
Saudades mais da juventude que do Ginjal, diga-se!
Bom dia (por aqui já pinga)!!!

chica disse...

Vamos passando, acompanhando! beijos, chica

Paula Saraiva disse...

Lindo poema

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Lindo capítulo em que Beatriz demostra bom senso e serenidade face à situação por que passou e que a faz sofrer.
Beijinhos e saúde.
Ailime

Cidália Ferreira disse...

Mais um episodio efervescente! :)

Beijos. Boa tarde

lis disse...

Não estou conseguindo acompanhar em tempo real, Elvira
Vou tentar voltar e seguir o ritmo desse destino...
Sabes bem o quanto gosto dos seus contos.
Um bom finalzinho de semana.
abraços