Tinha o corpo dorido, das voltas que dera na cama, atormentada pela descoberta da tarde anterior. Tomou um duche rápido, que a revigorou um pouco, secou a farta cabeleira, que entrançou como fazia habitualmente desde que saíra do hospital. Vestiu umas calças justas de ganga preta e uma blusa creme sem mangas, escolheu umas sandálias de meio salto, confortáveis para quem está calçada o dia inteiro, e para correr, nas brincadeiras com Matilde.
Não usava maquilhagem. Apenas um creme de proteção solar e nada mais. Eram sete e meia, tinha o tempo exato para fazer o pequeno-almoço, duas torradas e um copo de leite quente, comer e apanhar o autocarro para chegar ao emprego, antes das nove. Era a sua rotina desde há três semanas.
Aquele era o último dia de Junho, o Verão fazia-se sentir em todo o seu esplendor.
A garota acordava cedo, por norma quando ela e Berta chegavam, já andava correndo pela casa, e às vezes até já encontravam o pai, a dar-lhe a papa de cereais. Mal elas chegavam, ele ia para o escritório, e havia dias, quando Berta chegava uns minutos antes, que ela só o via à noite.
Naquele dia porém, Berta ainda não tinha chegado, ele preparava-se para fazer a papa de cereais, e parecia, aborrecido.
-Bom dia, -saudou
- Bom dia, - respondeu ele. - Ainda bem que chegou. A Berta tinha-me avisado que hoje não podia vir trabalhar e eu esqueci completamente. Consegue desenvencilhar-se sozinha? Terá que cozinhar para as duas, eu almoço por lá, perto da agência.
- Não se preocupe. Não serei tão boa cozinheira como a Berta, mas não morreremos de fome. E não precisa almoçar fora, tanto mais que a Matilde está habituada a vê-lo ao almoço.
- Faria isso? – Perguntou cravando nelas os seus olhos cinzentos.
- Sem problemas, - respondeu sorrindo
- Então deixo-as sós, tenho imenso trabalho.
Inclinou-se para beijar a filha, e saiu.
Beatriz acabou de preparar a papa para a menina, pôs-lhe o babete, deu-lhe a colher e sentou-se a seu lado, incentivando-a a comer, ao mesmo tempo que lhe contava uma história. Há quinze dias atrás, era preciso dar-lhe a papa. Ia fazer três anos, era uma boa idade para aprender a comer sozinha. Pelo menos a papa e as sopas. Em breve aprenderia as outras coisas.
Depois da papa, lavou-a e vestiu-a e deu-lhe um livro de colorir e os lápis de cores. Matilde adorava pintar e ela ficava livre para arrumar o quarto e ver o que havia no frigorífico que pudesse utilizar para o almoço.
8 comentários:
O que é que esse almoço nos vai trazer??
Boa semana
Qual foi a descoberta da tarde anterior? Fico com a ideia que me escapou qualquer coisa nesta história!
Uma boa nova semana!
As coisas entre eles pouco a pouco fluindo e bem... Ótima semana! beijos, chica
As coisas entre os dois fluem naturalmente e pouco a pouco!
Linda semana! bjs, chica
Tintinaine, no capítulo anterior Beatriz descobriu que a pequenina Matilde era filha da mulher que morrera no acidente em ela estivera envolvida. Foi isso que lhe escapou :)
A vida continua e os seus Caminhos do Destino também. :)
Forte abraço, Elvira!
Sempre agradável de ler as suas histórias.
Pela narrativa e pelo enredo.
Espero que o tratamento resulte e fique bem melhor e para sempre...
Boa semana, amiga Elvira.
Um beijo.
Boa noite Elvira,
Gosto do rumo que as coisas estão a tomar.
Lindo capítulo.
Beijinhos e boas melhoras.
Ailime
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