Três semanas depois, Beatriz ganhara a confiança e o carinho da menina, e cada dia estavam mais unidas. Também ganhara a confiança de Berta, que a tratava com simpatia e amabilidade. Ao contrário do que pensara, quando soube que Berta estava há mais de trinta anos ao serviço da família, esta não vivia lá em casa. Era casada, tinha filhos e netos. Entrava todos os dias às nove horas e saía a meio da tarde, deixando já o jantar pronto. Às sextas-feiras, vinham duas empregadas de uma empresa de limpezas, que faziam uma limpeza geral à casa.
Durante o tempo que Matilde fazia a sesta, Beatriz entretinha-se cuidando de pequenas coisas da casa, como se fosse a sua casa. Não que tivesse que o fazer, mas porque não gostava de estar parada, e cuidar de uma casa fora coisa que sempre fizera desde que casara. Também decidira diversificar a ementa. Para isso perguntara à cozinheira, quem decidia as refeições. Ela informara que quando a senhora era viva, decidia todos os dias o que seriam as refeições. Depois que morrera, o “menino” não se preocupava com isso e ela cozinhava dentro daquilo que sabia que ele gostava.
Beatriz aproveitou para saber do que morrera a senhora e ficou pálida quando Berta lhe contou que fora num acidente.
Sentiu um baque no peito. No dia da entrevista, César dissera que a mulher morrera havia pouco tempo. No acidente em que estivera envolvida, o ocupante do outro carro era uma mulher, e morrera, deixando órfã, um criança de poucos anos. Não podia ser. O destino não ia ser tão cruel com ela, que a colocasse exatamente na casa da mulher a quem causaram a morte.
Não podia ficar naquela dúvida. Tinha que saber. Apavorada perguntou, quando e onde fora o acidente. E a resposta foi exatamente aquela que o seu coração já adivinhara. Sem se poder conter, deixou que as lágrimas deslizassem pela face pálida.
Berta ficou aflita. Não entendia a reação da jovem, por uma pessoa que nem conhecera. Sabia que havia gente muito sensível, e Beatriz devia ser uma dessas pessoas de extrema sensibilidade. Apressou-se a fazer-lhe um chá de tília, que ela bebeu tentando acalmar-se.
-Bia, - chamou Matilde que entretanto acordara.
Levantou-se rapidamente, passou o lenço pelos olhos e dirigiu-se ao quarto da menina. Agora sentia-se ainda mais responsável por ela.
5 comentários:
Esta foi inesperada.
Que guinada.
A coisa complica-se! Como reagirá o viúvo quando souber?
No próximo fim de semana vai haver guerra aí em casa! Dragões contra leões!
Se pudessem perder os dois seri bom para mim!
Boa quarta!!!
Puxa, imagino o sentimento e emoção! beijos, chica
Ora muito bem :))
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Gritos desmedidos, de gente, em aflição
Beijos. Boa tarde!
Boa noite Elvira,
Estimo que esteja melhor.
Que coincidência havia de acontecer...
Muita emoção neste capítulo.
Beijinhos e saúde.
Ailime
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