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17.8.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE XVI

 



Três semanas depois, Beatriz ganhara a confiança e o carinho da menina, e cada dia estavam mais unidas. Também ganhara a confiança de Berta, que a tratava com simpatia e amabilidade. Ao contrário do que pensara, quando soube que Berta estava há mais de trinta anos ao serviço da família, esta não vivia lá em casa. Era casada, tinha filhos e netos. Entrava todos os dias às nove horas e saía a meio da tarde, deixando já o jantar pronto. Às sextas-feiras, vinham duas empregadas de uma empresa de limpezas, que faziam uma limpeza geral à casa. 

Durante o tempo que Matilde fazia a sesta, Beatriz entretinha-se cuidando de pequenas coisas da casa, como se fosse a sua casa. Não que tivesse que o fazer, mas porque não gostava de estar parada, e cuidar de uma casa fora coisa que sempre fizera desde que casara. Também decidira diversificar a ementa. Para isso perguntara à cozinheira, quem decidia as refeições. Ela informara que quando a senhora era viva, decidia todos os dias o que seriam as refeições. Depois que morrera, o “menino” não se preocupava com isso e ela cozinhava dentro daquilo que sabia que ele gostava.
Beatriz aproveitou para saber do que morrera a senhora e ficou pálida quando Berta lhe contou que fora num acidente.

Sentiu um baque no peito. No dia da entrevista, César dissera que a mulher morrera havia pouco tempo. No acidente em que estivera envolvida, o ocupante do outro carro era uma mulher, e morrera, deixando órfã, um criança de poucos anos.  Não podia ser. O destino não ia ser tão cruel com ela, que a colocasse exatamente na casa da mulher a quem causaram a morte.

Não podia ficar naquela dúvida. Tinha que saber. Apavorada perguntou, quando e onde fora o acidente. E a resposta foi exatamente aquela que o seu coração já adivinhara. Sem se poder conter, deixou que as lágrimas deslizassem pela face pálida.
Berta ficou aflita. Não entendia a reação da jovem, por uma pessoa que nem conhecera. Sabia que havia gente muito sensível, e Beatriz devia ser uma dessas pessoas de extrema sensibilidade. Apressou-se a fazer-lhe um chá de tília, que ela bebeu tentando acalmar-se.

-Bia, - chamou Matilde que entretanto acordara.
Levantou-se rapidamente, passou o lenço pelos olhos e dirigiu-se ao quarto da menina. Agora sentia-se ainda mais responsável por ela.

5 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Esta foi inesperada.
Que guinada.

Tintinaine disse...

A coisa complica-se! Como reagirá o viúvo quando souber?
No próximo fim de semana vai haver guerra aí em casa! Dragões contra leões!
Se pudessem perder os dois seri bom para mim!
Boa quarta!!!

chica disse...

Puxa, imagino o sentimento e emoção! beijos, chica

Cidália Ferreira disse...

Ora muito bem :))
-
Gritos desmedidos, de gente, em aflição

Beijos. Boa tarde!

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Estimo que esteja melhor.
Que coincidência havia de acontecer...
Muita emoção neste capítulo.
Beijinhos e saúde.
Ailime