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8.8.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE XIII



Enquanto esperava que as horas passassem, a jovem entrou numa pastelaria, pediu ao empregado um café e um copo de água e ligou a Clara, para lhe contar o que lhe tinha acontecido.

- E agora vou lá antes do almoço, assinar o contrato e depois vou com ele, a sua casa, para conhecer a menina. Começo a trabalhar amanhã.
- Tens a certeza que é uma pessoa séria, Beatriz? Ir assim com ele, para uma casa que nem sabes onde fica, não me parece bem, deixa-me preocupada. Sabes, que há muita malandragem por este mundo de Cristo. Não fico descansada. Dá-me o nome da empresa e o endereço.
- Lá estás tu a desconfiar de toda a gente. Não tinha cara de malandro…
- Se os malandros se conhecessem pela cara, estava o mundo livre deles. Tu és demasiado confiante, estiveste sempre protegida, primeiro pelos teus pais, depois pelo casamento. Não sabes nada do mundo, nem da maldade dos homens. 
- Não exageres. Não sou cega, nem surda, vejo as notícias todos os dias.
- De qualquer modo dá-me nomes e endereços. Quero saber a quem me dirigir se até à noite não me ligares.

Esperou que o empregado se retirasse e então deu-lhe o nome e a morada da empresa. Depois…
- Ligo-te à tarde e conto-te tudo.
-Fico à espera.
Desligou.

 Bebeu o café e olhou o relógio. Onze e trinta. Não ia ficar no café, até quase à uma. Dirigiu-se ao balcão, pagou e saiu para a rua.
O sol brilhava com toda a intensidade do mês de Maio. Estava muito calor. Ela desejaria ter uma roupa mais leve, mas não ousaria apresentar-se numa entrevista de emprego vestida de um modo menos formal. 

Caminhou pela rua, sem destino observando as pessoas que passavam por ela apressadas. Um dos saltos dos sapatos prendeu-se entre duas pedras da bonita calçada portuguesa. Conseguiu soltar o sapato e prosseguiu mais devagar, sabendo que os elegantes sapatos de salto agulha, não eram de modo nenhum os mais adequados para aquele tipo de pavimento.

 Ao fundo da rua, em frente de uma escola, encontrou uma pequena praceta, com alguns canteiros floridos e uns bonitos bancos de ferro forjado. Sentou-se um pouco. Naquele momento a sineta da escola fez-se ouvir, e as crianças saíram correndo e gritando, provocando uma alegre algazarra. Ficou alguns momentos observando-os, pensando com tristeza, que nunca iria ver o seu filho assim. 

Uma lágrima rolou pela sua face. Limpou-a com raiva, levantou-se e retomou o caminho do escritório.

9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Uma dor inimaginável.
Boa semana

Tintinaine disse...

Essa lágrima fez-me lembrar das poucas gotas de chuva que caíram aqui esta madrugada. Foram poucas, mas as plantas do meu jardim já parece estarem a rir-se!
Uma boa semana!!!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Há dores inimagináveis, mas mesmo essas podem ser ultrapassadas...

Boa semana e um forte abraço, Elvira!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente capitulo.
Gostei
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

chica disse...

Espera ansiosa e ainda a lembrança do filho... Vejamos o que virá nesse trabalho! beijos, chica, linda semana!

Cidália Ferreira disse...

Muito bem. Mais um bom episódio!

-
Procuro nas brechas do meu tempo

Uma excelente semana. Beijos

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um belo capítulo. Vamos ver como será a adaptação às novas funções. A recordação do filho estrará sempre presente.
Beijinhos e uma boa semana com saúde.
Ailime

Teresa Isabel Silva disse...

Passando para acompanhar a narrativa!

Bjxxx
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