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22.5.18

CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA - PARTE I


- Não Cris, hoje não pode ser. Vou ter uma reunião importante com o meu advogado, e depois vou para casa. Foi uma semana muito intensa, preciso descansar.
- Mas amor de há uns meses para cá nunca tens tempo para nada. A semana passada fui sozinha à festa da Micá. Se hoje apareço sozinha, na festa da Francisca, todas as minhas amigas vão reparar.
- E isso importa-te? Pois eu tenho mais com que me preocupar do que com as tuas amigas.
- Já não te importas comigo, é o que é. Pois vou-te dizer uma coisa.  Se não me acompanhares vou seduzir o homem mais bonito que por lá esteja. E depois não digas que não te avisei.
- Faz como entenderes. E desculpa mas tenho de desligar. Tenho um cliente ao telefone.
Desligou o telemóvel e levantando o intercomunicador, recomendou à sua secretária.
- Rita, se a menina Cristina Barbosa ligar, diga-lhe que acabei de sair. Não estou. Nem para ela nem para ninguém. Espero a vinda do doutor Araújo, faça-o entrar logo que chegue.
Pedro Mesquita  desligou o telefone, levantou-se  e caminhou até à janela. Era um homem alto, moreno, cabelo castanho, ligeiramente ondulado, que ele usava penteado para trás, deixando a descoberto uma testa alta.
Os olhos verdes, o nariz retilíneo e a boca bem desenhada, faziam dele um homem capaz de fazer suspirar muitas mulheres. Se aliarmos a tudo isso o extrato bancário da sua conta, não era de admirar que onde quer que fosse as mulheres andassem à sua volta como abelhas de roda das flores. Coisa com que ele lidara bem em tempos, mas que atualmente o aborrecia demais.
Pedro tinha trinta e oito anos, era um dos empresários de maior sucesso no ramo da restauração. Aos vinte e cinco anos herdara do pai um restaurante, em Setúbal, e parte de outro em Lisboa, que o seu pai mantinha em sociedade com o cunhado. Sob a sua gerência e com uma apurada visão para os negócios, naqueles treze anos, Pedro criara uma rede de restaurantes que se estendiam de norte a sul do país, e aumentara em muito a sua fortuna. O tio, que inicialmente fora seu sócio, morrera havia oito anos, e o seu filho Paulo Amado, pusera à venda, a sua parte no negócio. O seu  primo não se interessava pelos negócios, o que ele queria mesmo era dinheiro para gastar na borga, com os amigos e as mulheres. Naquela altura, Pedro já tinha ampliado o negócio, com a compra de outros restaurantes, e não dispunha de dinheiro líquido para comprar a parte do primo, pelo que teve que recorrer aos bancos, contraindo uma dívida que levara mais tempo  a pagar do que o primo levou a delapidar o que recebera. Depois, sem dinheiro, nem amigos, acabara por lhe pedir ajuda, e ele dera-lhe um emprego, ali nos escritórios, da empresa. Paulo falecera há seis meses num acidente de carro, quando conduzia em excesso de velocidade completamente alcoolizado.