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10.2.16

MANEI DA LENHA- PARTE V

foto do google
O garoto era atrevido, e na feira de gado que se realizava na aldeia em Fevereiro, dirigiu-se ao pai, e na frente de quem se encontrava presente, disse:
- “Deite-me a sua bênção, meu pai”.
Alberto ficou incomodado e ameaçou o garoto que lhe batia se ele não desandasse dali. Manuel, percebeu a raiva do pai, e desde aí sempre que o via, dirigia-se a ele e pedia-lhe a bênção, chamando-lhe pai. Era assim como que a voz da consciência, que perseguiu Alberto durante os anos que Manuel viveu na aldeia.
Em Agosto de 1932, Laurinda, apareceu na terra com o namorado, para receber a bênção da mãe, e casar na igrejinha onde tinha sido baptizada. Na verdade, havia dois anos que não ia à terra, pois entretanto tinha trocado o trabalho na Seca do Bacalhau, pelo de “criada de servir” na casa do gerente da Seca. Mais tarde conhecera um rapaz que trabalhava nas fábricas da C.U.F, e enamoraram-se. Piedade abençoou o casal, e acompanhou-os à Igreja para combinarem com o Sr. Abade o “casório”.
Laurinda ficou uma semana na terra para tratar de tudo, mas o casamento, viria a ser na Igreja de Santa Cruz no Barreiro, porque os “proclames” ainda iam demorar uns quinze dias, e os noivos não podiam estar lá todo esse tempo. Quando a jovem regressou, trouxe consigo o irmão, João, que entretanto deixara de ter as crises asmáticas, na “mudança da idade” mas continuava de saúde frágil, e não queria trabalhar no campo, até porque não sentia forças para isso.
 Desejava estudar. Havia de arranjar trabalho nalguma fábrica, e poderia estudar à noite. Desde menino que sonhava com os livros. Na aldeia ficava a Piedade, e o filho mais novo que continuava na casa do Sr. Américo, o maior lavrador das redondezas.
 Anos depois, Manuel, troca o seu primeiro beijo numa roda de desfolhada. Como diz a cantiga...
Não há desfolhada, 
animada
Sem milho-rei 
Vem uma espiga, 
rapariga
Cumpre-se a lei
 Um abraço,
tens que dar 
Não te podes recusar. 
Manuel tinha 16 anos, a cabeça cheia de sonhos e a aldeia começava  a parecer-lhe, pequena demais.