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22.7.18

O DIREITO À VERDADE - XLIII








Quando a soltou, perguntou:
-De que tens medo, querida?
- De que te canses da minha inexperiência, de não estar à altura das tuas expetativas.  Foste o primeiro homem com quem saí, o primeiro que me beijou.
-Vou sentir-me muito feliz e muito honrado por te iniciar na arte de amar. E desde este momento, prometo amar-te até ao último dia da minha vida. Agora querida vai arrumar as tuas coisas, e vamos embora. Almoçamos pelo caminho. Os nossos pais estão ansiosos e os dias já são bem mais pequenos.
-Mas não posso ir contigo. Não hoje. Estava a meio da limpeza da casa, tenho a máquina da roupa a acabar o programa, preciso ir estendê-la.
- Olho à minha volta e não vejo que a casa esteja a necessitar de qualquer limpeza urgente. Vê se a máquina já acabou de lavar. Estendes a roupa, e vamos almoçar. Quando voltarmos fazes a mala, enquanto eu apanho a roupa e se ainda não estiver seca, estendemo-la nas cadeiras para acabar de secar.
-És sempre assim decidido?
-Contigo sim.
-Não tenho alternativa?
- Não. A menos que me convides a passar a noite contigo, disse exibindo um sorriso brincalhão
Sentindo que corava da cabeça aos pés escapou-se para a cozinha. Abriu a máquina e retirou a roupa para um alguidar. Depois levou-o para a varanda e iniciou a tarefa de estendê-la.
Pouco depois saíam para almoçar num café restaurante ali mesmo na rua.
- Não me posso ir embora sem falar com o tio Alberto. Vou telefonar-lhe enquanto esperamos o almoço.
-Diz-lhe, que o pai o convida, a ir passar uns dias lá na quinta. E que ficamos à sua espera.
Enquanto a jovem comunicava com o tio, Cláudio ligou para o pai, e deu-lhe conta de que já se tinha entendido com a jovem e partiriam a meio da tarde, pelo que iriam chegar mais tarde do que inicialmente tinha previsto.
Almoçaram Bacalhau à Brás, acompanhado por um tinto, Casa de Santar, Reserva 2012.
- Casa de Santar? Não são vossos vizinhos? -Perguntou a jovem.
- Sim, mas eles são os maiores produtores da zona. A quinta é enorme e muito antiga. Tens que ir vê-la. Tem um solar antigo e uns jardins fantásticos. Junto deles somos uns grãos de areia. Mas desde que o pai comprou a quinta evoluímos muito. E já compramos mais alguns terrenos onde pretendo produzir a Trincadeira, uma terceira casta de uvas. Até agora apenas temos duas. Alfrocheiro e Touriga Nacional. Um dia, a Quinta dos Milagres ainda vai ser tão grande como a Casa de Santar.
- Acredito, vê-se pelo teu entusiasmo que amas o teu trabalho.
- É verdade. Durante anos foi o meu único amor, a minha razão de viver. Agora, embora continue a gostar do que faço, já não é a coisa mais importante da minha vida, porque nela já há um amor maior, -disse estendendo a sua mão e acariciando a dela que repousava sobre a mesa.
Emocionada Helena não soube que responder.