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3.5.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE I

 




O casal desceu a rua da Gafaria, entrou na travessa da Biker, até ao cruzamento com a rua do Infante de Sagres, continuando por esta até à baixa, passando pela Praça Luís de Camões, Rua Garrett até se encontrarem finalmente na Praça Gil Eanes, onde se dirigiram ao café Oceano para tomar o pequeno almoço.

Eram jovens, e apesar de se terem conhecido há menos de um mês, pareciam tão apaixonados que qualquer pessoa pensaria estarem juntos desde a infância. Ele, era alto e magro, tão moreno que a sua pele apresentava um tom quase azeitonado, de cabelos e olhos escuros. Tinha vinte e cinco anos e estava de férias antes de entrar no último ano de medicina. Ela, de estatura mediana, tinha os olhos castanhos, e os longos cabelos cor de trigo maduro, presos numa única trança que lhe caía sobre o peito, de seios pequenos e firmes. Tinha feito dezanove anos no mês anterior, e preparava-se para entrar no ISCAL a fim de  continuar os seus estudos.

Nenhum deles morava na cidade, onde ambos se encontravam de férias. Conheceram-se quando ambos, decidiram conhecer as belas grutas da Ponta da Piedade e no cais só estava um barco disponível que ambos partilharam. Foi um passeio mágico que os deixou maravilhados. E desde aí passaram a andar sempre juntos. Amor à primeira vista, e uma paixão avassaladora como só acontece na juventude. Caminhavam de mãos dadas, parando de vez em quando para um beijo rápido.

 Gonçalo Bacelar, pertencia a uma abastada família de Braga, onde vivia com os pais e Laura a irmã mais nova. Ele e dois amigos de longa data, ambos estudantes como ele, tinham por hábito todos os alugar um apartamento para férias no Algarve. Todos os anos escolhiam uma cidade diferente e os três divertiam-se de dia na praia, de noite namoriscando nos bares, mas nunca com a mesma jovem mais do que duas noites seguidas. Nunca até agora algum deles se tinha apaixonado de modo a esquecer por completo os amigos e a diversão.

Helena Cadeira, (Lena para a família e amigos) era a segunda filha de um casal de agricultores de uma aldeia cheia de história, situada no interior da Beira Baixa, a sul da Serra da Gardunha.  Aí vivera, brincara, estudara até ao sexto ano. Depois ia todos os dias para o Fundão onde completou o Secundário. Até aos dezoito anos, tirando as viagens de estudo, o mundo dela terminava em Castelo Branco, onde fora duas ou três vezes com o pai. Sonhava em conhecer outras terras, especialmente a capital e o Algarve, mas os pais não a deixavam ir sozinha, e o irmão sete anos mais velho, que como ela sonhava com outros horizontes, terminados os estudos em Coimbra, lá se empregara como gerente, na loja do pai da companheira, antiga colega de estudos, por quem se apaixonou e com quem passou a viver, uma relação feliz, que já fora contemplada com o nascimento de um filho.

Este era, pois, o primeiro ano em que a jovem estava de férias longe dos olhares paternos, embora estivesse no mesmo apartamento com o irmão, e a família que ele formara.

Enquanto comiam, os jovens faziam juras de amor eterno e projetos para o futuro.

Eram os últimos momentos que estavam juntos. Uma hora mais tarde, Gonçalo partiria, acabadas que eram as suas férias. Lena ainda ficaria mais uns dias.

-Juras que não te vais esquecer de mim, - perguntou ela abraçando-o, antes que entrasse no carro, onde os amigos já o esperavam.

-Ainda que quisesse, e não é o caso, não o conseguiria. Levo-te aqui, - disse levantando a mão e apoiando-a sobre o coração.

 -Telefona-me quando chegares, - pediu ela quando ele já punha o carro em andamento.

-Assim farei, - respondeu  agitando a mão numa despedida, enquanto os amigos riam trocistas.



Pela segunda vez em anos, vou começar a publicar uma história sem ainda a ter acabado. Espero não ter de a parar, já que o tempo que posso estar aqui é cada vez menor, porque a Margarida só está sossegada a dormir e cada vez dorme menos. E os olhos cada vez me dão mais problemas.