Seguidores

8.12.21

8 DE DEZEMBRO - DIA DA Nª SENHORA DA CONCEIÇÃO - RAINHA DE PORTUGAL


A Imaculada Conceição e a história de Portugal

As Nações sobrevivem à erosão do tempo e permanecem vivas na história dos povos se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua espiritualidade e da sua cultura. A diluição espiritual e cultural de um povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje sem futuro.

A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.

Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de Lisboa, que durou cerca de cinco meses e terminou em princípios de setembro de 1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por D. Nuno Alvares Pereira em Atoleiros a 6 de abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de abril de 1385. Em 15 de agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Alvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.

No movimento da restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.

A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o condestável D. Nuno Alvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Contestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de ação de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646.

Esta espiritualidade imaculista foi igualmente assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de dezembro foi celebrado como "Dia da Mãe" e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.

O dia 8 de dezembro transcende o "Dia Santo" dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de dezembro retoma. O feriado do dia 8 de dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Não menos importante, e em âmbito religioso e litúrgico, o tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu pelas mãos das cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a inscreverá no calendário litúrgico romano em 1477.

De facto, o debate e a celebração desta festividade em toda a Europa é acompanhada pela história do próprio Portugal. Coimbra, como já vimos, tem um importante papel em todo este processo.

Em 8 de dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula "Ineffabilis Deus", Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Não estamos diante de uma simples festa cristã ou de capricho religioso. O dogma resulta de tudo quanto a Igreja viveu até aqui e vive hoje em toda a sua plenitude. Faz parte da identidade da Igreja. Isso mesmo o prova o texto proclamado por Pio IX que apoia a sua argumentação nos Padres e Doutores da Igreja e na sua forma de interpretar a Sagrada Escritura. Ele, de facto, reconhece que este dogma faz parte, depois de muitos séculos, do ensinamento ordinário da Igreja.

Portugal, segundo Nuno Alvares Pereira, ou melhor, São Nuno de Santa Maria, e D. João IV isso mesmo o demonstram, não só como resultado da sua própria fé, mas como expressão de um povo deveras agradecido pela sua Independência e Liberdade.



A Conceição Imaculada da Virgem é um dogma de fé segundo o qual Maria é considerada a primeira redimida pela Páscoa de Cristo.

 

P. Francisco Couto
Reitor do Santuário de Vila Viçosa, professor do Instituto Superior de Teologia de Évora

 


12 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Padroeira de Macau e do Colégio que frequentei na juventude

Tintinaine disse...

Foi a minha padroeira, no Colégio de Cernache, enquanto estudante e é, agora a padroeira da minha paróquia (Matriz) e da Póvoa de Varzim, em geral.

chica disse...

Pra mim ela é também importante...Nesse dia, há 55 anos iniciamos o namoro e casamos na Igreja dela também ,faremos 53 em janeiro. Ela faz parte da nossa vida! beijos, chica

Fatyly disse...

Ainda hoje penso que é Dia da mãe.
Beijos e um bom feriado

Maria João Brito de Sousa disse...

Para mim, continua a ser o Dia da Mãe, Elvira...

Um grande abraço, amiga!

Portuguesinha disse...

Bom dia Elvira.
Espero que esteja bem!
Passei só para a cumprimentar. Mais uma vez faz um post contingente - com a história por detrás do feriado do dia 8. Nem lembrava que era feriado muito menos porquê, por isso considero este seu post muito necessário e útil.

Isa Sá disse...

Já aprendi um pouquinho por aqui!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

aluap disse...

É sempre bom recordar e saber mais da nossa história. Eu não sabia da celebração do pontifical de acção de graças, em honra da Imaculada Conceição, quando Portugal era pouco mais que um sonho. Mas sempre liguei o feriado de 8 Dezembro aos centenários nacionais, porque na minha terra existe um cruzeiro com um nicho, onde se pode ver as datas de 1140 (Fundação do Reino de Portugal), 1640 (Restauração da Independência) e 1940 (ano dos Centenários: VIII Século da Independência e III da Restauração) e dentro do nicho uma imagem de N. Sra. da Conceição, Padroeira de Portugal.
Um abraço.

Paula Saraiva disse...

Continua a ser dia da mãe .

Beijinhos e um bom feriado



http://duasirmasmaduras.blogspot.com/

Emília Pinto disse...

Sabia muito pouco sobre este feriado, assim como pouco sei sobre o feriado de 15 de Agosto, celebrando a Na Sra da Assunção. Ê feriado Nacional e tenho de pesquisar o motivo. Obrigada, Elvira pela explicação que aqui nos das.Um beijinho e espero que estejas bem de saúde
Emilia

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de paz e saúde, querida amiga Elvira!
Dia santo por aqui também.
Amo Nossa Senhora da Conceição. Fui batizada na igreja dela e no dia dela fiz minha primeira comunhão.
Tenha dias pré Natal abençoados!
Beijinhos carinhosos e fraternos

Duarte disse...

Inolvidável este dia da mãe.
Beijinhos