Seguidores

30.12.21

A OUTRA FACE DO NATAL


 

Ceia de Natal, Confraternização. Troca de presentes. Festa de Ano Novo. Brinde. Beijos e abraços. Repleto de ritos sociais, o encerramento do ano é uma época que reforça o sentimento de solidão em muitos de nós. Até mesmo quem gosta de viver só durante o ano inteiro está sujeito a ser invadido por um desconforto inesperado ao perceber que não sabe com quem partilhar o peru de dia 24 ou o champanhe de dia 31. O golpe de solidão que chega com a última página do calendário não é exclusivo de quem está, literalmente, sozinho durante as datas festivas. Há aqueles que, no meio de ruidosos encontros familiares ou empresariais, mal conseguem disfarçar o mal-estar e a sensação de inadequação.

O Natal é um período consensualmente considerado de alegria e esperanças otimistas. Por norma é assim, mas, para muitas pessoas, pode ser uma época muito triste e fazer-se acompanhar por sentimentos de solidão, desamparo e desânimo. A alegria, imposta pela sociedade, torna-se desconfortável para quem não consegue pôr de lado a angústia, O desgaste provocado pelo esforço em contemplar tudo e agradar a todos faz disparar os níveis de ansiedade numa escalada ascendente assim que surgem as primeiras propagandas de Natal e Ano Novo.

A “tristeza do Natal” é comum durante o frenesim de Dezembro ao fazermos balanços e projetos. Aquela que para muitos de nós é a época mais feliz do ano, para outros é precisamente o contrário. O Natal e os encontros de família podem transformar-se em momentos tristes e difíceis de suportar, especialmente se a pessoa já está deprimida. Paralelamente, nos meios de comunicação social é vendida urna mensagem que difere da realidade que a maioria das pessoas vive e sente, sobretudo num período de crise económica, desemprego, violência e incertezas em relação ao futuro. Não é raro ouvirmos comentários negativos em relação aos preparativos do Natal, traduzidas pelas célebres frases “Detesto o Natal” ou “Odeio quadras festivas”.

Muitas vezes, o sentimento de desamparo e desânimo é provocado por datas que nos trazem lembranças tristes, seja por perdas, como a de entes queridos, separações, desemprego ou doenças. Todos esses factos provocam o que podemos chamar de tristeza natural. Entristecer não é deprimir. É a consciencialização da situação ou condição que não aquela que gostaríamos que fosse, independentemente de ser ou não fantasiosa. Afinal, todo o ser humano tem momentos de tristeza, faz parte da vida.

Mas, na generalidade, a “tristeza do Natal” é sazonal, de duração breve, decorre durante alguns dias ou semanas e, em muitos casos, termina quando as férias acabam e quando se retorna à rotina quotidiana. O mais importante é permitir a si próprio estar triste ou saudoso. Esses são os sentimentos normais, particularmente na época do Natal.

Porém, mesmo para quem é difícil contornar esta quadra, é importante tomar consciência de que esse sentimento é mais comum do que se imagina e de que há formas de superar a tristeza e angústia, e readquirir, pelo menos em parte, o espírito natalício. Deixar de lado projetos “extraordinários”, propor-se objetivos realísticos, organizar o próprio tempo, elaborar listas de prioridades, fazer um plano e segui-lo, exercitar o pensamento positivo, são truques ao alcance de qualquer um.

Enfim, o segredo reside na capacidade de sair da ritualidade muito “litúrgica” das festas e procurar inventar novas maneiras de celebrar o Natal e o Ano Novo.

E porque não?… Ser solidário e desejar a paz ao resto do mundo!


Dra. Cláudia Fernandes


7 comentários:

A Paixão da Isa disse...

que o ano 2022 traga tudo o que deseja muita saude bjs

Tintinaine disse...

Eu sou um solitário 365 dias por ano!
Antes me quero só que mal acompanhado!

Fatyly disse...

Um magnífico artigo e concordo com tudo. Gostei imenso.
Beijos e um bom dia

Rogério G.V. Pereira disse...

Estar só
nem sempre significa solidão

mas este texto é severamente certeiro
há quem esteja só o ano inteiro

e pior ainda
estar só toda a vida

obrigado
por o teres lembrado

Bom Ano
e Grande Abraço

Gracita disse...

Eu nunca compartilhei desta euforia festiva.
Particularmente acho essa época muito melancólica.
Eu passo por elas e retomo meu natural depois desta euforia ilusória de alegria
Que o Ano Novo seja a porta de entrada para novos sonhos e também um período de renovação e de muita paz em sua vida. Feliz 2022!
Beijinhos

" R y k @ r d o " disse...

Independentemente da publicação, texto magnífico, que muito elogio, passo para desejar um FELIZ ANO NOVO de 2022, extensivo à sua família. Festas felizes.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Roselia Bezerra disse...

Foi um dos textos mais lúcidos que li. Nem todos lêem igual as festividades de final de ano pelas razões apresentadas aqui.
Na Esperança de um ano mais consolador, entremos com Fé e Gratidão em 2022.
Entre perdas e tristezas vivemos, mas vibremos pelo dom da nossa vida.
Coração ao Alto!
Deus caminha conosco. Não tenhamos medo do que há de vir. Que o novo nos surpreenda!
Com todo meu carinho pelo seu apoio fraterno incondicional no ano que termina.
Seja muito feliz e abençoada, querida amiga Elvira!
Beijinhos com estima e gratidão.
🥂🍾🕊️🙏💐😘