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23.12.21

A LENDA DO MADEIRO DE NATAL

 





 Os Madeiros, ou fogueiras do natal, fazem parte das tradições natalícias de algumas aldeias de Portugal, sobretudo da região das Beiras e consistem em grandes fogueiras que se acendem no centro da aldeia, na praça principal ou no adro da igreja na véspera de Natal. Curiosamente a sua origem é pagã, ligada às celebrações celtiberas do Solstício de Inverno, em que se acendiam enormes fogueiras ao ar livre durante o mês de Dezembro. Este foi um dos poucos costumes pagãos que a igreja católica não conseguiu extinguir, optando, ao invés, assimilar o costume, passando a ideia de que são fogueiras para “aquecer o menino Jesus” e unir as pessoas para as celebrações natalícias. A tradição do Madeiro começa logo com a recolha da lenha. Esta é feita pelos homens que a devem ir cortar às serras e bosques, durante a noite, algures durante o início de Dezembro. No dia seguinte, usa-se um carro de bois a que a tradição manda que seja roubado (embora, claro, se faz com o conhecimento do dono), para ir recolher a lenha cortada à serra. Antes do carro dos bois ser carregado com a lenha é decorado com flores e rama da época pelas mulheres. Depois de carregada a madeira é a população conjunta que puxa o carro até ao centro da aldeia. No dia 24, ao final da tarde, a população volta a juntar-se para acender “O Madeiro” e na noite de Natal, depois da Missa do Galo, os habitantes da aldeia reúnem-se à volta da fogueira para cantar cânticos de natal e festejar. Em muitas aldeias, estas fogueiras são mantidas acesas ininterruptamente até ao Dia de Reis. Sobre as fogueiras do Natal conta-se na região das Beiras uma lenda que procura integrar este costume com a história da Natividade. Eis a lenda: Naquela noite de 24 dezembro alguns pastores da região de Belém dirigiam-se para casa, depois de um dia passado a apascentar o gado, quando o anjo da anunciação lhes apareceu. Os pastores quando viram o anjo assustaram-se. O anjo, porém, disse-lhes: — Não se assustem, pois eu trago-vos Boas Novas, que são de grande alegria. Hoje na cidade de David nasceu o Messias. Para que o reconheçam procurem por uma criança envolta em panos e deitada numa manjedoura. O Anjo queria dizer que o menino Jesus encontrava-se num estábulo e os pastores, compreendendo as suas palavras, partiram à procura de um estábulo, por toda a povoação de Belém onde estivesse uma criança recém-nascida. Encontrado o sítio os pastores reconheceram estarem perante o Messias e Rei do povo judeu, pelo que se ajoelham em devoção. Depois ficaram muito admirados com a pobreza do local e as simples vestes do menino, insuficientes para o proteger do frio. Perante isto trataram logo de arranjar maneira de resolver a situação, ido procurar galhos e acendendo uma fogueira à frente do humilde estábulo para iluminar o local e aquecer o menino Jesus. De seguida foram espalhar a notícia do nascimento de Cristo pelas povoações vizinhas, estabelecendo postos de vigília e de sinalização com fogueiras para indicar o caminho e para aquecer todos os peregrinos que quisessem ir visitar o menino Jesus. Assim nasceram as fogueiras de Natal.

da tradição oral portuguesa, no livro "Contos de Natal Portugueses" da Luso-livros

3 comentários:

Luma Rosa disse...

Oi, Elvira!
Uma tradição que se estende à outros países do hemisfério norte. Acho que a igreja católica só conseguiria acabar com essa tradição se o natal não fosse comemorado no inverno :) Desde que existe fogo, existe aconchego e reunião em torno dele. No natal não seria diferente. Uma fogueira serve para reunir em torno amigos e familiares! No Brasil, temos fogueiras nas festas juninas que também acontecem no inverno daqui.
Boas festas!!
Beijus,

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Faço votos para que tenha um Santo e Feliz Natal.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Tintinaine disse...

Quase que me escapava esta leitura, hoje. Devo ter-me distraido, esta manhã, pois costuma ser a primeira coisa que faço! Mas fui dar uma última volta, antes de desligar a geringonça, e assim encontrei e corrigi a minha falha.
Amanhã é o dia e haverá mais!