No início do tratamento, Alzira passou mal. Tinha tonturas, náuseas e até vómitos. Mas o médico tinha avisado que seriam efeitos passageiros e assim foi, já que duraram apenas dez dias.
O pior é que as melhoras não apareciam e a maldita doença parecia continuar a agravar-se. Ela, já não era a mesma mulher de antes. Os seus olhos tinham perdido o brilho, o corpo ganhou peso, a conversa cessou quase por completo, os movimentos perdiam coordenação. A compaixão que Luís sentia pela esposa, ia se incorporando cada vez mais no amor de outrora.
Voltaram ao neurologista, que resolveu combinar com o inibidor de colinesterase a Memantina.
Mas também este medicamento era um paliativo, pois não havia qualquer certeza de que pudesse melhorar a situação de Alzira. E a verdade é que não melhorou. Ainda assim, na consulta seguinte, o médico disse-lhe que tinha que continuar a fazer o tratamento, pois embora a ciência não conhecesse ainda outros medicamentos, o tratamento poderia evitar um sofrimento maior. e um aceleramento mais rápido da doença.
E tinham-se passado sete anos desde os primeiros sintomas. Agora Alzira, está totalmente perdida, num mundo onde o marido não consegue chegar. Não faz nada sozinha, desde a higiene à alimentação, é ele quem tudo lhe faz.
Luís sente-se muito cansado.
Não tem irmãos, os seus pais já morreram, não tem filhos. Os cunhados ou já morreram ou estão emigrados, e os sobrinhos desde que a tia perdeu a noção das coisas e deixou de lhes dar dinheiro, nunca mais a foram ver. A mulher que foi tudo para ele na vida, companheira, mulher, amiga, amante, está presa algures, numa qualquer masmorra do seu cérebro doente.
Sem esperança de se conseguir libertar.
E ele interroga-se: -" E se de súbito me acontece alguma coisa? Afinal estou com setenta e quatro anos. O que vai ser de Alzira? Quem cuidará dela?"
Nota:
Eu sei que esta história é dura. Que mexe convosco. Porque alguns conhecem alguém que é portador da doença, e quase todos, transportamos connosco o secreto receio de vir a padecer dela. Acredito que seja atualmente a doença mais temida pela humanidade. Esta história é totalmente fictícia. Foi inspirada numa notícia que ouvi onde se dava conta de que a doença aumentava em todo o mundo.
Peço-vos que não deixeis de ler o final na próxima quarta feira, já que dia 1 é dia de Todos os Santos. Talvez se surpreendam e descubram que as histórias de amor não deixam de o ser, mesmo quando a vida nos é madrasta.
Nota:
Eu sei que esta história é dura. Que mexe convosco. Porque alguns conhecem alguém que é portador da doença, e quase todos, transportamos connosco o secreto receio de vir a padecer dela. Acredito que seja atualmente a doença mais temida pela humanidade. Esta história é totalmente fictícia. Foi inspirada numa notícia que ouvi onde se dava conta de que a doença aumentava em todo o mundo.
Peço-vos que não deixeis de ler o final na próxima quarta feira, já que dia 1 é dia de Todos os Santos. Talvez se surpreendam e descubram que as histórias de amor não deixam de o ser, mesmo quando a vida nos é madrasta.
12 comentários:
Sim, Elvira, uma história dura, porque todos nós sabemos os males dessa terrivel doença. Conheci uma senhora, irmã de minha cunhada que partiu muito cedo, acometida desse mal; esteve uns 10 anos acamada, no mundo dela, cuidada em casa pelo filho, nora e marido. Mas o mais triste é que esse filho, com cinquenta e poucos anos está a ficar como a mãe; já não sai da cama e há muito não fala; parece que não é Alzheimer, mas é parecido. Muito, muito triste, Elvira, mas, cá estarei para saber o fim desta história que, apesar de triste, é uma grande história de amor. Obrigada, querida Amiga! Um beijinho e uma saúde satisfatória para todos vós
Emilia
A minha madrinha e o meu marido a quem sempre chamei padrinho.
E já vão quase nos noventas.
Um horror.
Bfds
Um bom fim de semana e cá ficamos á espera desse final
JR
Cá estarei para ler o último capítulo desta Noite de Inverno, a menos que o meu coração pare de pulsar ou o meu computador se desintegre.
Já cuidei de pessoas com demência, conheço bem a dureza de tudo isto.
Forte abraço, Elvira!
Cá voltarei na quarta-feira para ver o desfecho!
Bom fim de semana!
Realm,ente é dura, mas apesar de fictícia, para tantos é real e nofundo, todos a tememos. Vamos esperar o final na 4 feira! beijos, lindo dia e fds! chica
Um problema dramático.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Um drama que afecta muitos casais.
Conheço de perto um caso assim. Uns amigos desde que me conheço, lá no Alentejo. O meu amigo António cuidador da sua mulher, a minha amiga Margarida, é como o personagem Luís e a Alzira.
A solução, seria a que vi recentemente no filme baseado num livro que li e tenho aqui perto de mim: "O Diário da Nossa Paixão" da autoria de Nicholas Sparks. O internamento de ambos numa Instituição, até porque é impensável para o cuidador que ama a companheira, internar a doente e ficar sozinho. O meu amigo diz que é o que vai fazer, quando houver vaga lá no Lar. Ele está pele e osso e a Margarida, que toda a sua vida foi Rijo de apelido e rija de temperamento, está gorda, apática e distante. Aquilo já não é viver, é vegetar.
Desculpe, Elvira, mas não pude evitar falar neste caso que conheço bem e tanto me dói.
Um abraço.
Passando, gostando de ler, e deixando saudações e votos de Bom fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Uma doença comum a muita gente. Mais do que se julga!
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Não é fantasia nem invenção
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Beijos e um excelente fim de semana.
É duro, mas é a realidade de tantos.
Faleceu assim, há uns anos em Viseu, a mãe de amigos meus, uma senhora de quem gostava muito. Acabou por ser internada, não queria comer, dizia sempre que já tinha comido.
Partiu em pele e osso...
Bom fim de semana. Tudo pelo melhor. Abraço.
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Dura de verdade é a terrível doença que mata doente e cuidador.
Esta história ficcionada alerta consciências.
Beijo.
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