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9.2.17

LONGA TRAVESSIA - PARTE XI




Às onze em ponto, Mário chegou à sala de reuniões. Saudou os empregados com um rápido bom dia, mandou que se sentassem e começou a expôr a situação da empresa. Durante quase meia hora, mostrou mapas de produção dos últimos meses, registos das dívidas da empresa, notas das poucas encomendas em carteira, e fez perguntas sobre cada um das secções. Por fim fechou o portátil e disse.
- Agora, já sabem a situação real da “Tudilar”. Neste momento devem estar a pensar.”Se a situação é tão crítica, porque é que ele comprou a empresa”  A verdade é que reerguer esta empresa é um desafio, e eu sempre gostei de desafios. Depois porque acredito que daqui a algum tempo, ela vai ser uma empresa muito maior do que é hoje, talvez até a maior do país. Eu vou fazê-la crescer. A minha dúvida é se os senhores são capazes de me acompanhar.
Percorreu com o olhar um a um dos seus subalternos. Não era um olhar amistoso. Era um olhar duro, impiedoso, como o da ave de rapina, que estuda a sua vítima antes de se lançar sobre ela. Continuou.
- Quero que cada um de vós, estude com rigor a sua secção e me faça um relatório detalhado, sobre o que se pode melhorar, de modo a aumentar a produção, sem aumentar o preço final da produto, nem diminuir, a sua qualidade. Estes dois itens finais são muito importantes, pois são eles que nos vão levar para cima. Também quero que me especifiquem, cada componente da matéria-prima usada em cada produto. Se alguma das máquinas está obsoleta, enfim tudo o que entendam necessário, para que eu possa tomar medidas.  Preciso desse relatório, rápido. Creio que uma semana é suficiente para isso. É esse o vosso prazo. E devo avisá-los que não terei contemplações com falhanços. Só com gente competente à minha volta, posso fazer com que esta empresa cresça mais do que no passado e dar-vos o descanso de não pensarem no  desemprego. Com as encomendas, me preocupo eu e asseguro-vos que não vão faltar.
Olhou o relógio.
- Não tenho mais nada a acrescentar, está na hora do almoço, podem sair. Não esqueçam na próxima quinta-feira, quero os vossos relatórios na minha secretária. Bom trabalho.



Esclarecimento

Antes que os meus prezados leitores desencadeiem uma guerra de palavras, me puxem as orelhas, ou me chamem ignorante, devo esclarecer uns pontos. 
1º O que leem aqui é pura ficção.  Mas mesmo na ficção as histórias para obedecerem ao rigor, devem ser datadas, e esta não o é. Quer isto dizer que o organograma empresarial hoje é muito diferente do que era há trinta, quarenta anos. No século passado, e não é preciso recuar muito, as empresas de construção de alguma coisa, eram divididas em sectores ou secções, e em cada uma dessas secções havia um chefe, em algumas fábricas também designado por capataz, que recebia e dava contas da sua secção ao gerente. 
Foi baseado num esquema desses que eu elaborei a história, e o Mário, que aqui sendo patrão, atua também como gerente da empresa, reuniu não com os trabalhadores, mas com os chefes de Secção.
2º Se eu situasse esta história em 2017, provavelmente também não utilizaria o organograma empresarial delineado nos vossos comentários e optaria pela holocracia, por ser revolucionário, e muito mais produtivo, e como devem saber neste sistema, não existem gerentes, todos trabalham em torno do mesmo objectivo.
Esclarecidos?

22 comentários:

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
neste caso não é até quinta feira mas até amanhã sexta feira.
JAFR

chica disse...

Duras e bem direcionadas as palavras desse chefe...Vejamos! bjs, chica

Tintinaine disse...

Eh lá, patrão duro!
E nem uma palavrinha para a sua apaixonada?
Se calhar ficou reservada para o próximo capítulo.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar || Dedais de Francisco e Idalisa || Livros-Autografados

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história...

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, um gestor que diz "eu quero" é inseguro da sua capacidade, um gestor competente põe em discussão as suas ideias e aproveita a experiência dos trabalhador que são a alma do sucesso da empresa, assim, responsabiliza e cativa, um gestor não sabe tudo nem deve pensar que está a lidar com crianças irresponsáveis, na frente dele estão trabalhadores tão ou mais responsáveis do que ele que necessitam de trabalhar, assim como, ele necessita dos trabalhadores.
AG

António Querido disse...

Se me dão licença, aproveito para corrigir o comentador que me antecedeu:
1º o patrão reúne com os gestores diariamente e são esses os responsáveis pelo sucesso, ou não duma empresa, compete a esses elaborar os relatórios mensais da empresa e não os trabalhadores!
2º Contactos com fornecedores, ou compradores é sempre da responsabilidade dos gestores, este patrão como gerente, não tem que dizer (eu quero) aos trabalhadores, só tem que substituir o gestor por incompetência.
Esta é a função do gerente/es da empresa!
Com o meu abraço.

Jaime Portela disse...

Nas empresas, principalmente as que estão em dificuldades, quase sempre é preciso ser duro. A firmeza pode arrastar o envolvimento dos colaboradores.
Continuação de boa semana, amiga Elvira.
Beijo.

Nequéren Reis disse...

Estou amando, obrigado pela visita.
Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Bell disse...

São as crises e desafios que fazem as pessoas crescerem.

bjokas =)

Edum@nes disse...

Nada sobre o futuro, se consegue ler nas paginas da história. Porque nelas, escritos, só constam os acontecimentos do passado. Sendo, contudo, mais difícil caminhar por um caminho escuro, do que caminhar por um caminho, suficientemente, iluminado!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Prata da casa disse...

Um patrão que está a por os pontos nos is.
Bjn
Márcia

Mar Arável disse...

Há patrões e empresários
quase todos incultos

maria disse...

Que venha o próximo... Bom Fim de Semana,amiga!

O meu pensamento viaja disse...

Bom fim de semana , sempre escrevendo.
Beijo

Rui disse...

Perfeito, Elvira.
Quer a convocação da reunião (e com quem) quer a sua condução, perfeitamente seguida !

Abraço :)

Cantinho da Gaiata disse...

Estou a gostar Elvira, o que será que se vai passar no próximo capítulo.
Bj

Olivia disse...

Eu estou a adorar e tudo faz sentido para mim, não há nada estranho e que precise ser esclarecido. Continue que eu estou curiosa.

Elisa disse...

Super esclarecidos, nem faria sentido de outra forma.
Espero que esteja tudo bem por aí. Por aí aos pouquinhos vai ficando.
Um grande beijinho
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Pedro Coimbra disse...

Afinal ele não aproveitou a reunião para o que eu pensava.
Ou será depois da reunião??
Bfds

Dorli Ramos disse...

Oi Elvira
Algo estranho vai acontecer nessa história.
Fico no aguardo.
Hoje não é o aniversário do !picorrucho.kkk), nem ele sabe dessa postagem, ele gosta de fazer caretas.
Beijos
minicontista2

Gaja Maria disse...

Não vou comentar a questão de patrão e etc pois as empresas de hoje são geridas de formas diferentes umas das outras, se estas são familiares ou .multinacionais, Apenas posso dizer que trabalho num grupo grande de empresas e as reuniões são com os chefes que por sua vez transmitem à sua secção.De tempos a tempos e decisões importantes todo o pessoal é reunido e aí sim, é feita a comunicação.
Quanto à história, está a ficar empolgante Elvira. Abraço