Foto da biblioteca de Arte- Fundação Calouste Gulbenkian
Ainda nesse mês de Maio é publicada a obra-prima de Virgílio Ferreira, Aparição.
Em Junho, os sete membros não CEE da OECE começam a estudar em Saltjosbaden, nos arredores de Estocolmo, um plano sueco sobre o desarmamento aduaneiro progressivo.
Adenauer, que estava para se candidatar à Presidência da República, prefere manter-se como chanceler, com prejuízo para Ludwig Ehrard
Dias depois a URSS denuncia acordo de cooperação atómico com a República Popular da China
Em Julho a Espanha é admitida na OECE, seguindo-se medidas de abertura do Mercado Comum. No barracão, depois de uma conversa com o irmão e cunhada, o Manuel decide que a filha do meio vai estudar. A miúda fez os exames de 4ªclasse e admissão com distinção, ganhou uma pequena bolsa de estudos, o tio forneceria o que mais fosse preciso, e a tia comprometeu-se a dar algumas roupas da prima para que ela não fosse “a vergonha da escola” Claro que a mãe teria que as adaptar ao corpo da miúda bem mais nova e mais franzina do que a prima. Além disso a prima também ajudaria dando algumas explicações se a miúda precisasse. Ainda assim Manuel interrogava-se sobre a justiça de dar àquela filha a possibilidade que uma vida que os outros dois não teriam.
A 3 de Agosto dá-se a Revolta do Pidjiguiti em Bissau, com repressão de estivadores no porto de Bissau, ponto de partida para a guerrilha na Guiné. Segundo os dados do PAIGC, cerca de 50 mortos e cem feridos.
No final do mês surge a Lei nº 2 100. A eleição do Presidente da República passa a ser feita por colégio eleitoral.
Setembro chegou e com ele a Seca começa de novo a preparar-se para a safra. Chegam os primeiros trabalhadores os navios estão também a chegar.
A filha mais velha do Manuel acaba de fazer 12 anos. É quase uma mulher e o Manuel não a quer sozinha em casa. Pede ao capitão Ramalheira, trabalho para ela na Seca, mas ele diz-lhe que com menos de 14 anos não. Mas se o Manuel não se importar ela pode ir para a quinta. Lá pode ajudar cuidando que a vaca não pare na nora, ou fazendo algum recado aos caseiros. Terá almoço e uma pequena gratificação. Claro que o Manuel aceita. Afinal de contas lá vai decerto comer melhor do que em casa.
E é assim que enquanto a Lunik 2 atinge a lua, e o De Gaulle reconhece o direito à autodeterminação da Argélia na Seca recomeça a Safra com a descarga do Creoula.
Em Outubro é aberto um processo judicial contra Aquilino Ribeiro pela publicação do romance Quando os Lobos Uivam, acusado de criticar o Estado Novo face ao processo de expropriação dos baldios.
Em Novembro Humberto Delgado visita Londres a convite dos trabalhistas. Visita também a Holanda, mas não obtém autorização para visitar outros países ocidentais.
No inico de Dezembro aconteceu um verdadeiro milagre no velho barracão. Um dia o filho regressou da escola e ao saudar o pai, eis que sai um “paizinho” alegre e sonoro. Emocionado o Manuel sentou o filho no colo e começou a perguntar-lhe várias coisas para ver como o miúdo se expressava. E o gaiato fazia-o corretamente. Toda a vida Manuel atribuiu o milagre a Nª Senhora da Conceição que se festejaria no dia seguinte.
E quase a terminar o ano, mais precisamente a 29 de
Dezembro é inaugurado o sistema de transportes públicos do Metropolitano de
Lisboa, na altura consistia numa linha em Y constituída por dois troços
distintos, Sete Rios (atual, Jardim Zoológico) – Rotunda (atual, Marquês de
Pombal) e Entre Campos – Rotunda (Marquês de Pombal), confluindo num troço
comum, Rotunda (Marquês de Pombal) – Restauradores
AGRADEÇO A TODOS OS QUE ME TÊM INCENTIVADO A CONTINUAR ESTA HISTÓRIA QUE É EM PARTE RECONHECIDA POR MUITOS, E DESEJO A TODOS UM BOM FIM DE SEMANA
25 comentários:
Que bom, eu estava há pouco no "A mulher e a poesia", lendo muitos poemas, comentei lá e, ao retornar ao Sexta-Feira, encontro mais um excelente capítulo sobre a saga do já querido Manuel...
Gosto de acompanhar tudo que se passou, com a família (principalmente com os "miúdos" - adoro essa expressão!) e muitos acontecimentos mundiais da época.
Continuo "de olho", acompanhando.
Um abraço!
Eu percebi bem? Quem é que estava a preparar-se para candidatar para a presidência da República mas que preferiu manter-se como chanceler? Foi na Suécia, que é um país monárquico? :O
A sombra deste povo
Que do passado se herdou
Do sucessivo estorvo
De quem até agora governou!
Do fascismo se mudou
E ainda bem que aconteceu
A sombra doentia ficou
A democracia adoeceu!
Trabalhamos para a Tróika
Com a divida a aumentar
Não passaremos da cepa torta
A Nação viradas de pernas para o ar!
Continuam sem vergonha
Com as suas aldrabices
Fazendo politica estranha
Com as mesmas vigarices!
Bom fim de semana para você,
amiga Elvira,
um abraço
Eduardo
E a história continua a encantar.
Beijo.
isa.
Eita Elvira! Cada vez que vc escreve sobre a saga de Manuel eu acredito menos quando você fala que tem pouca escolaridade!
Pode falar a verdade, você é uma autora de livros aí em Portugal e Elvira é um pseudônimo!!!!!!!!
Oi Elvira!
Só hoje consegui vir aqui no seu blog, tenho tentado mas não tenho tido sucesso, nem sei o porque disto!
Adoro vir aqui, acompanhar a trajetória de vida da sua família, que não difere muito da minha.
Comparo o Manuel com meu pai, na forma de trabalhar, de saber fazer uma pouco de tudo, e a forma como trata a família, essa a verdadeira herança!
Abraços!!!
Mariangela
Elvirinha:
Que bom que o menino começou a falar bem! Que bom que a menina foi estudar!
Tenho revisitado todos os momentos da História Nacional e Mundial.
Mas é a história do Manuel que me prende mais. Ela é a verdadeira história dos portugueses.
Para a frente, amiga.
Abraço grande
Maria
POis continuemos com a saga...
Tenha bom domingo, Amiga
Leo la historia, Elvira, y aprovecho de desearte ya al final de domingo, 6 y media de la tarde aquí en Chile...una muy feliz semana.
Excelente, Elvira. Esse "milagre"!
E o curioso é que eu que pouco conheço Lisboa fiquei a saber um pouco mais. Obrigada.
Um beijo
Pedaços da nossa história onde já começámos a saber da novidades lentamente e com termos desfasados da realidade.
O metropolitano era um comboio por debaixo do chão.
A guerra em África eram os pretos que não queriam trabalhar.
Assim, passo a passo, foi como fomos fazendo historia. Convém, claro que sim, refrescar feitos que na memória adormecem e ver se assim conseguimos que isto mude. Difícil o vejo!
Pelo menos está este excelente trabalho teu.
Um abraço bem grande
Elvira
Soube-me bem ver referida a figura grande que foi Konrad Adenauer (sem necessidade, por tão óbvia, de lhe identificar a nacionalidade), principal obreiro da reconstrução económica da RFA do após-guerra.
Também me soube muito bem saber das boas novas que vão surgindo na vida das pessoas da família do Manuel. Nossa Senhora ajuda quem precisa, não é assim?
Beijos
Mais um magnífico post, polvilhado com factos históricos já quase esquecidos por todos...
Elvira, querida amiga, tem uma boa semana.
Abraço.
Elvira, hoje atualizei a minha leitura por aqui! Para mim é um grande prazer poder ler a história de sua família, intercalada com tantos acontecimentos históricos com tal riqueza que nos fazem transportar para um passado vivo!!
Boa semana!! Beijus,
Elvira, se me permite uma observação, embora acompanhando pouco a narrativa, não pude deixar de perceber uma coisa;a descrição e o sincronismo com que consegue desenvolver o texto. E porque falo isso? Não é tarefa fácil unir e, sem nenhuma falha, o sincronismo das palavras com a descrição da narrativa. Parabéns.
É verdade, antigamente aos 12 anos já se era uma "mulherzinha", agora alguns quase aos 30 ainda parecem crianças. Claro que o ideal é que aos 12 anos todas crianças pudessem ainda brincar, que estão na idade disso, mas também é um exagero a idade da brincadeira prolongar-se até tão tarde... ;)
Essas decisões de porem uns filhos a estudar e outros não deviam ser complicadas. A minha avó também teve de decidir, o meu pai como mais velho e bom aluno veio estudar para os Pupilos do Exército, mas depois entre os dois irmãos a escolha recaiu no rapaz, já que o destino da filha seria casar. Dizem que injustamente, pois ela era mais estudiosa e boa aluna que ele, mas nesse tempo as mulheres eram sempre relegadas para segundo plano...
Beijocas!
Recordei muita coisa com este capítulo, Elvira; o exame da 4ª classe e o da admissão que fui fazer à Póvoa de Varzim, ao Liceu. Era assim naqueles tempos difíceis...não havia possibilidades de estudarem os filhos todos. Lembro-me de muitas vezes a minha mãe fazer a minha roupa com ajuda de uma tia minha que costurava muito bem; não havia dinheiro para tudo e antigamente também não havia ajudas; os pais tinham de pagar tudo, inclusive os livros e eu ainda tive que ficar hospedada em casa de uma senhora, pois não havia transportes. Também lembras aqui a guerra colonial que para a minha família foi uma época triste; o meu irmão esteve 2 anos na Guiné, mesmo antes do 25 de Abril; quando se deu o golpe de estado ele estava mesmo a preparar-se para voltar; foi uma festa lá na região onde estava e até o inimigo comemorou com eles. Obrigada, Elvira por todos estes factos que nos contas e que nos fazem recordar os tempos passados e difíceis. Um beijinho e até à próxima lição de história
Emília
Palavras para quê? O meu aplauso de sempre.
Tudo de bom.
Olá São!
A sombra dum povo é esta mesma vontade de contar o que não pode ficar na sombra.
vale sempre a pena contar tudo, para que o mundo não esqueça.
Um beijinho
P.S. Não sei se recebeste umas fotos que te mandei (de Palmela)
Olá, Elvira!
Obrigado pelas palavras de boas vindas.
E quanto à saga do Manuel chefe de família, continua lindamente contada, e um prazer de leitura - rica em detalhe, como sempre.
Abraço amigo; bom fim de semana.
Vitor
Elvira, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijinhos.
1959!...
Lembro-me: foi a primeira vez que me afastei de casa mais de dois digítos em quilómetros. Lisboa. Viagem escolar, até ao Aquário Vasco da Gama, à Estufa Fria e ao Jardim Zoológico. E o rio! Que largo!...
Não podia sequer imaginar que dois anos mais tarde, do Cais de Alcântara, no 'Infante D. Henrique, em viagem comercial até Lourenço Marques, levava à volta de uma centena de militares da Força Aérea e Marinha, até Luanda. A Guerra Colonial havia começado há poucos meses. Foi em Setembro de 1961. Eu era um deles.
abraço!
Mais um mosaico a acrescentar a muitos outros da história deste valoroso Manuel que tanto aprecio. Continuas, Elvirinha, a imprimir aos teus escritos uma marca muito pessoal, muito interessante, arrebatadora, mesmo. Li e reli de tanto que nos contas e que numa só passagem não me dá para abarcar tudo. Gostei. Francamente! Continua a desenrolar a narrativa deste homem de fibra que é o Manuel. Beijinhos
Voltei. Gosto muito da filha mais velha do Manuel, uma mulher que muito admiro, não só pelas mãos de fada que sei que tem mas pela nobreza de carácter que ao Manuel, e não só, ficou a dever. Beijinhos
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