Para quem esperava ver a reportagem da inauguração do monumento peço desculpa, mas como muitos sabem eu não pude ir pelas mesmas razões que me impedem de me ausentar. Espero em breve mostrar fotos do referido monumento, bem como falar um pouco do pintor, que alguns disseram não conhecer. Agora, porque esta semana começaram as aulas, gostaria que lessem o texto abaixo e tomassem conhecimento da angústia que neste momento grassa entre milhares de professores, e que saibam o que é a politica de sucesso na educação desta ministra. Sem mais comentários...
Concursos, Colocações, Ofertas de Escola e Bolsa de Recrutamento
Este post serve para que os não professores tenham uma pequena (e será sempre pequena) ideia do sofrimento e exaustão mental a que este Ministério expõe os professores desde o final do ano lectivo passado.
Já passámos por duas fases diferentes de concurso. Na primeira fase entraram aqueles professores que fazem parte dos quadros e pouco mais. Na segunda entraram os restos dos quadros e alguns (poucos) contratados.
Já passámos por duas fases diferentes de concurso. Na primeira fase entraram aqueles professores que fazem parte dos quadros e pouco mais. Na segunda entraram os restos dos quadros e alguns (poucos) contratados.
Claro que tudo isto aconteceu sem datas e sem qualquer conhecimento de número de vagas. Desde o ínicio de Agosto que andamos nisto. E agora, para facilitar mais o suicídio, chegou uma nova forma de concurso: a Bolsa de Recrutamento. Aliás, mentira. Segundo o Valter Lemos, esse iluminado da Educação, no dia 31 de Agosto eram colocados 5500 professores em Bolsa de Recrutamento. Pois...tal não aconteceu. Ah, e que a Bolsa começava a receber horários de escolas no dia 1 de Setembro. Pois...tal não aconteceu.
Soube através de um fórum de professores que, afinal, a Bolsa começava a dia 7. Pois...aconteceu...a partir das 16h. O que invalidou o primeiro dia. Ah, e que os primeiros resultados saíam hoje (dia 9). Pois...tal não aconteceu. Para além disso, deixou de haver listas para que possamos acompanhar a nossa evolução (ou saber se existem colocações com factor C). Conveniente. Ou seja, enquanto a Bolsa durar, pelo que eu sei, todos os candidatos na Bolsa atrás de mim podem ficar colocados e eu ficar em casa a dar em maluco. Assim decidiu o Ministério, que achou ser melhor escurecer o processo em vez de o deixar às claras.
Para além disso, temos as Ofertas de Escola. Encarem isto como uma candidatura a um emprego. Mandam uma proposta com o vosso currículo (neste caso com médias e graduações) e nunca chegam a saber quem entrou, se estava atrás de vós nos concursos. Nada. Novamente, um processo escurecido pelo Ministério, pois no ano passado, em todas as ofertas de escola mandavam um mail a dizer que não tínhamos sido seleccionados e quem tinha sido. Para além disso, são as Escolas que escolhem os critérios a serem pedidos na escolha de professores. Por exemplo, já vi uma escola que tinha um critério giro: ser Bombeiro Voluntário na localidade em questão. Ora, ser Bombeiro, como todos sabem, é essencial para ser professor. Ou isso, ou alguém queira colocar um primo numa escola. Uma de duas.
Agora que já vos fiz um resumo (e garanto que isto é a versão resumida dos concursos) imaginem o que me irrita ver os paizinhos a concordarem com a Ministra, afirmando que a culpa do estado do ensino é dos professores, que são bem pagos demais e não fazem nada. Imaginem o que me irrita o silêncio dos sindicatos nesta altura, em que só os contratados lutam, e esses não têm poder para os eleger, nem para lhes dar tacho. Imaginem o que me irrita o silêncio dos meios de comunicação social, que se preocupam com a cor das cuecas do Ronaldo, mas não se preocupam com uma situação que afecta 50000 portugueses.
Agora, imaginem o que é viverem agarrados a um telefone há mais de 9 dias à espera de um contacto de uma escola. Imaginem o que é esperar um mail com uma colocação. Imaginem o que é não saber onde vão parar, se vão parar, quando vão parar. Imaginem o que é terem de deixar a vossa família num sítio e terem de atravessar meio país para ganhar dinheiro, aturando pais e crianças que já desistiram da escola.
Imaginem o que é viverem assim. E talvez percebam que quando saímos à rua é por algum motivo. Porque estamos fartos de viver assim.
Agora vou ver o meu mail e olhar para o telemóvel até me deixar dormir.
19 comentários:
OLA ELVIRA, MARAVILHOSA POSTAGEM, OBRIGADO PELA VISITA E POR SER MINHA SEGUIDORA...
UMA LINDA NOITE, FICA COM DEUS AMIGA!!!
BEIJOS DE CARINHO,
SUSY
Se entendo,Amiga!Nascida noutra geração ñ sofri o que estes Professores estão a sofrer.O meu Filho Nuno tem um doutoramento e,
ontem,ao telefone,disse-me: já viste o que a minha geração está a sofrer?
Como vos compreendo!
Beijo.
isa.
é assim... o meu irmão será colocado?, ainda não sabe... a minha filha voltou à faculdae, agora a fazer escola superior de educação... pode ser!
quem sabe correrá bem!?!?
beijinhos
O problema dos professores em Portugal merece uma profunda reflexão. Num país civilizado seriam tratados com outra atenção!
Olá Elvira! Voltei ontem à noite de Idanha e já estou a visitar todos os amigos. Quero agradecer a tua presença e comentários deixados lá na aldeia.
Agora apropósito da vida de professores, eu sei perfeitamente ´como é porque já exerci esta profissão: em 11anos, trabalhei apenas quatro, logo decidi mudar de vida e aventurei-me criamdo uma empresa, que é a Olho de Turista. Mudei o rumo à minha vida do qual não me arrependo . Sou mais feliz agora, com a minha família de perto, sem a ansiedade,o mau estar emocional e a precariedade que a Educação criou à volta da vida dos professores. Um passo que acredito que nem todos terão a coragem de fazer...mas que mais tarde ou mais cedo muitos terão de o fazer!
Bjs Susana
Bem-hajas, Elvira, pelo contributo que deste para que aqueles que te lêem possam perceber o que é a vida dos jovens e alguns menos jovens professores. Há que ter em conta, ainda, que alguns casais de professores nesta situação vivem momentos de desespero. A situação , a dobrar, é muio complicada.
Beijinhos
Bem-hajas!
FOTOS-SUSY:
Obrigada amiga, mas a postagem não é minha, ou melhor a parte mais importante da postagem é de um amigo professor, cujo blogue pode visitar clicando no nome.
Um abraço
Isa:
Bom que voltou das férias. Seu filho está na mesma situação. O professor que assina este texto, sofre em dobro, já que a esposa também professora está na mesma situação.
Um abraço
Gaivota:
É amiga, quase todos temos alguém nesta situação. Quando não é o marido ou a mulher, é um filho/a, um irmão/a, um sobrinho/a. Directa ou indirectamente estamos todos envolvidos.
Um abraço
José Pinto:
Quem dera que os políticos pensassem assim.
Um abraço
Susana:
Bom que a Susana enveredou por outra carreira para a qual pelo que tenho visto tem tem uma inclinação especial e da qual gosta muito.
Mas acredite nem toda a gente encontra neste país sem mercado de trabalho outra coisa que possa fazer como a Susana.
Conheço professores em caixas de supermercados, em auxiliares de enfermagem, em peixarias etc. Outros vão leccionar para África, e para Timor. Acha que é falta de coragem? Ou de oportunidade?
Um abraço
Isamar:
O texto não é meu como deve ter reparado.
O caso presente é exactamente como diz. Marido e mulher professores, e ambos na mesma situação. E depois querem que os jovens tenham filhos...
Será que é com os 200€ que vão dar por nascimento, que os jovens vão arriscar trazer alguém para este mundo de fome?
Um abraço
Amiga Elvira
Como eu a compreendo!
Eu também já vivi fora de Portugal algumas vezes, ainda que por pouco tempo.
E tem razão, as saudades são muitas, quando se está fora.
Concordo que quando os filhos crescem e constituem as suas próprias famílias se torna mais difícil voltar ao "velho lar"; e sei que muitas pessoas acabam por ficar lá.
Apesar de tudo isso...vou com a esperança de regressar um dia!
E havemos de nos encontrar nessa altura (se as pernas ainda mo permitirem...) para lhe provar que eu é que tinha razão :)))
Um grande abraço fraterno
Botinhas
PS - O SEU POST É POR DEMAIS PERTINENTE. NÃO SOU PROFESSOR MAS TENHO VÁRIOS AMIGOS E AMIGAS QUE TÊM ESSA NOBRE PROFISSÃO. SEI O QUE TÊM SOFRIDO COM OS DESACATOS DE QUE TÊM VINDO A SER VÍTIMAS, DESDE QUE ESTA MINISTRA SE PÔS NO POLEIRO.
MUITO BOM E OPORTUNO ESTE SEU POST.
Es horrible esto que pasa con los profesores, esperemos que se resuelva pronto
Besotessssssss
Minha amiga Elvira
Começar uma zanga é a coisa mais fácil do mundo.
Acontece o mesmo com as guerras: começá-las é fácil, difícil é acabá-las.
Lamento muito, minha amiga, que ande sem vontade de rir.
Sabe, o blog (este) é para mim uma válvula de escape.
Por vezes sinto uma necessidade imensa de descomprimir; é como se sentisse a pressão a subir a todo o vapor, correndo o risco de explodir.
Por isso quis criar um blog que fosse só de humor; enquanto preparo os posts já me vou distraindo...
Desejo que a sua disposição melhore, e que viva com saúde (pelo menos). Felicidades!
Um abraço fraterno
Botinhas
Dê-lhes!
Um beijo.
Olá,Elvira!
Conheço bem o que sentem os professores,pois tenho vários amigos nesse contexto.Graças a Deus,este ano,tiveram sorte nessa profissão tipo totoloto e foram colocados e há 1h ou 2 de casa o que já é muito bom...Hoje em dia,é assim professores,jornalistas,engenheiros quimicos,enfermeiras,tudo em caixas de supermercado...é triste...Antes dava-se valor aos estudos e tinha-se de ir trabalhar cedo pelas razoes que conhecemos...Hoje,estudamos,esforçamo-nos,fazemos kms pela profissao que amamos e enfim...Mas nao podemos desistir.Vamos a luta :)
Entretanto,convido-a a relaxar,divertindo-se a espreitar o blog da Aldeia e o do Clube das Mulheres Beiras.
Jocas gordas
Lena
É verdade Elvira os Professores sempre tiveram a vida difícil e não há governo que contribua para melhorar... Alguns,como estepioraram ainda mais e outros como aquele em que a doutora Manuela foi ministra.
Virão melhores dias?
Peço desculpe porque não me despedi.
beijinhos, bom fim de semana
Alcinda
Está faltando respeito ao professor, tanto aí como aqui no Brasil. O povo indiretamente passa a mão na cabeça do governo ao apoiar suas arbitrariedades contra a classe. Lastimável!!
Bom fim de semana! Beijus
Este assunto incomoda-me bastante.
Os Professores queixam-se muito. Lá terão as suas razões como classe.
Os Pais estão no seu direito de também reclamar mais qualidade no ensino.
Não têm é o direito de desautorizar os Professores aos olhos dos seus filhos que cada vez mais perdem o respeito aos Pais e aos Professores.
Ambos terão o direito a lutar pelos seus direitos.
Repensem bem o assunto e contribuam para o aumento da qualidade da Educação das próximas gerações. Algumas já não terão oportunidade para a correcção que tanto necessitariam porque todos estão a actuar politicamente e não em termos verdadeiramente educacionais.
É a minha opinião....
desculpem qualquer coisinha!
Obrigada pela postagem sempre ajuda a sentir um pouco de aconchego e força para continuar.
Bjs
Ser professor, já no meu tempo de escola, era considerado um sacerdócio, e ainda não tinha tantos espinhos como hoje.
Abraço do Zé
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