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28.8.07

DIÁRIO DE UM CÃO

1ª Semana:
-Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!

1º Mês:
-Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!

2º Mês:
-Hoje me separaram de minha mamãe. Ela estava muito inquieta e, com o seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "família humana" cuide tão bem de mim como ela o fez.

4º Mês:
- Cresci rápido; tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa, e para mim são como "irmãozinhos". Somos muito brincalhões, eles me puxam o rabo, e eu os mordo de brincadeira.

5º Mês:
- Hoje me deram uma bronca. Minha dona se incomodou porque fiz "pipi"dentro de casa. Mas nunca me haviam dito onde deveria fazê-lo. Além de que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar.

8º Mês:
- Sou um cão feliz!Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido... Acho que a minha família humana me ama, e me consente muitas coisas. O pátio é todinho para mim, e, ás vezes me excedo, cavando na terra como os meus antepassados , os lobos, quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correcto tudo o que faço!

12 Meses:
- Hoje completo 1 ano de idade. Sou um cão adulto. Meus donos dizem que cresci mais do que o esperado. Que orgulho devem ter de mim!

13 Meses:
-Hoje me acorrentaram e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol, ou quando quero alguma sombra. Dizem que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está acontecendo.

15 Meses:
-Já nada é igual... Vivo na varanda. Sinto-me muito só. Minha família já não me quer. Ás vezes esquecem que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...

16 Meses:
-Hoje me desceram da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou. Fiquei tão contente, que pulava com gosto. O meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear na sua companhia. Fomos em direcção á rodoviária. De repente, pararam o automóvel, e abriram a porta. E eu saltei feliz, pensando que iamos passar o dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Oiçam, esperem" lati... se esqueceram de mim... Corri atrás do carro com todas as minhas forças.
Minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego, e eles não paravam. Tinham-me esquecido.

17 Meses:
-Procurei em vão achar o caminho de casa. Estou e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração, que me olham com tristeza, e me dão algum alimento. Eu gostaria que me adoptassem: Seria leal como ninguém. Mas sómente dizem " pobre cãozinho, deve ter-se perdido."

18 Meses:
- Há dias eu passei perto de uma escola, e vi muitas crianças e jovens como meus "irmãozinhos". Aproximei-me e um grupo deles, rindo, me atirou uma chuva de pedras, "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras feriu-me o olho, e desde então, não enxergo com ele.

19 Meses:
-Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou.
Perdi o meu olho e as pessoas me mostram a vassoura, quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.

20 Meses:
-Quase não posso mover-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um deles me atropelou! Eu estava no lugar seguro chamado "calçada", mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vanglorizou por me ter atropelado.
Quizera que me tivesse matado! Mas só me deslocou as cadeiras! A dor é terrível! Minhas patas trazeiras não me obdecem, e com dificuldade arrastei-me até á relva na beira do caminho...
Faz dez dias, que estou embaixo do sol, chuva ou frio, sem comer. Já não posso mexer-me. A dor é insuportável! Sinto-me muito mal; fiquei num lugar húmido, e parece que até o pêlo me está caindo...
Algumas pessoas passam e nem me vêem. Outras dizem "não chegue perto". Estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura da sua voz me fez reagir. "Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia... junto com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse:
"Sinto muito senhora, mas este cão, já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer."
A gentil dama, com as lágrimas no rosto concordou: Como pude mexi o rabo, e olhei-a agradecendo. Apenas senti a picada da injecção, e adormeci para sempre, pensando em porque tive de nascer, se ninguém me queria...

(autor desconhecido)

Porque acabei de ouvir nas notícias que este ano foram mais os animais abandonados no mês de Agosto, do que em anos anteriores... lembrei-me desta estória que alguém me mandou.

23 comentários:

JuanMa disse...

Espero que esta historia la lea mucha gente. Es muy penoso.

Gentleman disse...

Termine de leer con los pelos de punta!, lo peor de todo es que esto pasa, lamentablemente
besos.

Anónimo disse...

...nem sei que lhe diga, sinceramente. Nada disto é novo para mim...mas ao ler como que tomamos consciência daquilo em que nos estamos a tornar. que se passa connosco?!!...somos capazes de tudo....parece que só nos envergonhamos do bem...e com o nosso semelhante somos bem piores do que com os animais!!!...desaprendemos de amar...ou, porque ninguém dá o que não tem, não damos amor a quem vive na margem do nosso bem estar?...
Um beijo Vicente

Anónimo disse...

Vida de cão não é fácil.
É preciso muito arcaboiço para aguentar os donos...

esteban lob disse...

Al menos hay gente como tú, Elvira, que remueve conciencias contando estas historias.

Cariños.

Dina disse...

Infelizmente as pessoas estão cada vez piores! Eu tenho 3 e seria incapaz de as abandonar, já fiz muitos sacrifícios por elas, por exemplo é sempre difícil ir de férias porque elas não podem ficar sózinhas e nem sempre é possível conciliar com a minha filha para ela ficar cá, ainda por cima poque para ir trabalhar daqui é muito mais cansativo para ela por ser muito mais longe...resultado ficamos em casa!

Anónimo disse...

É um relato que bem poderia ser uma história de vida dum sem-abrigo.
Desde que nasceu bebé em que todos o apaparicavam, o seu crescer para a vida e ver os sorrisos a transformar-se em esgares de indiferença.
Ficar perante a crueldade dum mundo que não tem no seu universo de afectos, nenhum de sobra para lhe dar.
A solidão e a morte desejada como um alivio para uma vida que é uma não-vida.

Isamar disse...

É uma história muito comovente e infelizmente repete-se muitas vezes. Tenho dois cães que foram abandonados e teriam todos quantos encontro com fome , sede, sem rumo.
Beijinhos

Osc@r Luiz disse...

Triste como a notícia que postei em que tive o privilégio de receber o seu comentário e ao que me consta, recebê-la pela primeira vez num dos meus blogs.
È uma pena que ter me conhecido por um post de tamanha crueldade.
Se tiver tempo e um pouco de paciência, tenho outro blog, chamado "Flainando na Web", onde as mensagens, músicas, poemas, etc. são selecionados de modo a não deixar no ar algo que possa estragar o dia dos meus leitores.
Seja sempre bem vinda aos meus blogs, Elvira.
Obrigado pela sua visita e pela gentileza do comentário.
Um beijo!

Osc@r Luiz disse...

Nossa Elvira!
Com um belíssimo blog desses?
Aceito a timidez, que não depende da nossa vontade, mas "complexo de inferioridade?"... Esse não teria o menos cabimento!
Seja sempre MUITO BEM VINDA!
Me é um privilégio recebê-la!
Quem sabe vence de vez a timidez e se coloca no meu mapa como a centésima pessoa a fazê-lo? Eu adoraria.
Um beijo e um excelente dia ´pra você e muito obrigado pelas suas visitas ainda que silenciosas.

Osc@r Luiz disse...

Sabe de uma coisa, sua simpatia e sua gentileza, além da credencial de ser também admiradora do Jorge, valem um link pra que eu não perca mais esse caminho.
Vou linkar o "Sexta Feira" (mesmo sendo quinta), ao "By Osc@r Luiz" e ao "Flainando na Web".
E se achar ruim, me processe... Hahahahh!
Beijo!

eskisito disse...

O que todas as pessoas que abandonam animais mereciam era que o mesmo lhes acontecesse. Morrerem sozinhos.
Beijos

Elvira Carvalho disse...

garfio:
Se ao menos esta estória servisse para despertar consciências...

gentleman:
A mim também me arrepiou. E acredite que há pior.
Acabei de ler no blog, "By Osc@r Luiz" que na ilha Réunion de administração francesa, os pescadores utilizam cães e gatos, como iscos para apanhar tubarões.

vicente:
Infelizmente amigo o homem é um predador feroz. Animais, natureza, o próprio ser humano, tudo lhe serve para destruir.

reporter:
nada fácil mesmo...

esteban:
Que bom contar com a sua visita.
obrigada.

dina:
Quem dera que toda a gente tratasse assim os animais.

charlie:
Repito o que disse ao vicente.O homem é o predador natural do próprio homem...

sophiamar.
Seja benvinda. o mundo seria melhor se toda a gente tratasse os animais com o respeito que todo o ser vivo deve merecer.

osc@r Luiz:
Já lhe respondi no seu blog.
Colocar-me no seu mapa? Lamento, mas eu não saberia fazê-lo.
Entendo pouco destes "bichinhos".
E muito obrigada pelo Link. Já retribui.

eskisito:
Seja benvindo também. Pelas leituras dos seus posts, sei que também se revolta com os maus tratos aos animais.

A todos um abraço.

Taty Ferreira disse...

Nossa Elvira, esse texto é de partir o coração...

O pior de tudo é saber que é nossa realidade e nem nos damos conta, quantas e quantas vezes encontramos cachorros pelas ruas e nem sequer olhamos...

Gostei muito desse texto... é um texto para reflexão...

Bjinhos querida!

Andre disse...

NO lo puede terminar de leer porq me pongo muy triste, beso

O Profeta disse...

Desprendem-se gotas do azul na água
O tempo continuará a existir
Ávida terra de assombro
Vacilantes passos no partir

Manhã submersa de neblinas
A noite teceu seu manto
A agua na sua eterna viagem
Cobriu a ilha de pranto


Profético beijo

Jorge P. Guedes disse...

Uma chamada de atenção, mais uma, esta vinda do Brasil, a julgar pelo texto.

Enquanto houver pessoas que olham para os animais como objectos, o mundo não pula e avança mesmo que um homem sonhe, ao contrário do que dizia Gedeão.

Um abraço

maria cunha disse...

é realmente muito triste e injusto... um retrato de um mundo cruel... e eu sou suspeita, morro de medo de cães. continuo a achar que o procedimento para ter um animal de estimação deveria ser muito semelhante ao da adopção de uma criança. país triste este.

gostei de passar por aqui
Maria

Elvira Carvalho disse...

taty:
É amiguinha, é isso mesmo. Olhamos e fingimos que ão vimos. Por preguiça, por indiferença, por... sei lá porquê.

la morocha:
Choca. Mas sabemos que é verdade amiga. E que tem que se fazer alguma coisa. Mesmo que seja alertar consciências.

o profeta:
Mais poeta que profeta...
Obrigada pela visita.

maria cunha:
Seja benvinda. Concordo consigo. Mas infelizmente não é assim.
Ainda bem que gostou da minha humilde casa. Obrigada e volte sempre.


A todos um abraço e obrigada

Elvira Carvalho disse...

j.g.
Também penso que veio do Brasil mas não sei bem. Enviaram-mo por mail
Um abraço

Anónimo disse...

já conhecia esta história, que também me enviaram num mail.
Infelizmente há muitas pessoas que arranjam um animal de estimação como poderiam arranjar um bibelot...é giro. Mas exactamente por isso, não pensam no animal como um ser vivo.
Principalmente no verão, para poderem ir de férias descansados, abandonam os animais. Não sei é como conseguem ter umas férias sossegados. Será que não têm remorsos?

Azul disse...

No fundo, é aquilo que, assim-ou-assado, nos acontece ao longo da vida...

ariba disse...

As lágrimas a espreitar!
Revoltam-me histórias destas! Porque é que as pessoas adoptam um cão se realmente não querem mudar um milímetro da sua vida por ele? Eu tenho uma uma cadela e sei que às vezes é difícil, exige sacrifício, disciplina, escolhas difíceis (por exemplo no caso das férias) Mas o importante é que procuramos sempre uma solução que deixe todos felizes e principalmente que ela não sofra se tiver de ficar uns dias sem me ver...faz parte da minha vida, é a minha menina!

Gostei de conhecer este cantinho!