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24.9.19

VIDAS CRUZADAS - PARTE XIV




Saiu, deu a volta ao monumento e deparou com uma feira de camponeses onde vendiam de tudo ao ar livre. Desde a broa de milho às flores, passando por coelhos, galinhas e pintos, mel, bolos secos, nabos, cenouras e batatas, a par de toalhas bordadas e das mais variadas peças de renda. Antes de regressar às Termas e a casa da tia, parou numa banca e comprou um frasco de mel de rosmaninho. A tia ia ralhar com ele de certeza, e dizer que não faltava mel lá em casa, mas ele achou que lhe devia levar um miminho. 
Depois do almoço, pegou o jornal diário que ainda não lera nesse dia, e dirigiu-se à margem do rio. E eis que vê a jovem sentada a ler, precisamente no banco que ele adoptara desde que chegara como o seu preferido. Porém a  jovem estava acompanhada por uma senhora mais velha, que fazia renda, enquanto o garoto brincava na frente das duas. Pedro hesitou. E agora? Iria cumprimentá-la? E se a senhora não gostasse. Olhou em volta, procurando onde sentar-se, quando o garoto o descobriu e veio a correr ter com ele. Pegou-lhe na mão e conduziu-o até junto das senhoras dizendo:

- Olha mãe, o amigo que encontrei anteontem. Vês, eu não dizia que ele era simpático?

A senhora levantou os olhos da renda e olhou-o com um ar inquisitivo, durante um longo minuto.

Depois sorriu e disse:

- Este meu filho! É sempre a mesma coisa, está sempre a importunar as pessoas...

- Por quem é, minha senhora. O seu filho é uma criança encantadora.

- Não quer sentar-se? Podemos conversar um pouco.

O convite era tudo o que ele desejava ouvir, mas antes de aceitar, Pedro olhou de relance para Rita. Esta parecia dizer-lhe com o olhar para ficar, e ele sentiu-se no céu. Foi uma conversa muito agradável que se prolongou durante algumas horas. Pedro ficou a saber que eram de Castelo Branco e que estavam ali, porque a dona Célia, a mãe dos jovens, estava a fazer tratamentos termais. Ficou a saber que a jovem tinha acabado os seus estudos, que gostaria de ser professora, e que embora parecesse muito jovem, tinha vinte e dois anos. O pai não pudera acompanhá-los, porque tinha muito trabalho. Era engenheiro numa multinacional. Estavam hospedadas no hotel Vouga, ali mesmo na margem oposta do rio.

Pedro falou de si, do seu emprego, da mãe e da tia Palmira, em casa de quem estava a passar férias.