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23.6.15

S. JOÃO, S. JOÃO. S. JOÃO, DÁ CÁ UM BALÃO...



foto do google

Junho é o mês dos Santos Populares. Um pouco por todo o país festejam-se em animados arraiais, ao som da música e acompanhado de sardinhas assadas regadas a vinho tinto ou cerveja consoante os gostos. As festas começam a 13, na verdade a 12 de Junho com o Santo António, padroeiro de Lisboa. Continua a 23 com o S. João, Padroeiro do Porto e termina a 28 com S. Pedro, que na verdade é o dia de S. Pedro e S. Paulo o que é desconhecido da maioria das pessoas. E que se festeja desde Amora a S. Pedro do Sul, das Lages do Pico à Ribeira Grande.
 Mas voltando a S. João, que se festeja hoje e amanhã,em muitas cidades e vilas deste país. Celebra-se o nascimento de João Baptista, o primo de Jesus. 
Em Lisboa pelo Santo António, feriado municipal, são tradição os casamentos e as marchas. No Porto pelo S. João, também dia de feriado municipal, são tradição os martelinhos, que substituíram o alho-porro de antigamente, e sobretudo o fogo de artifício lançado da ponte D. Luís, que é sempre espectacular.
 Não, não me enganei nas datas. A verdade é que os maiores festejos - excepto os religiosos -    ocorrem   na véspera do dia do Santo. Há uns cinquenta anos atrás não se faziam as festas como agora. As pessoas da aldeia ou do bairro juntavam-se nas ruas. Faziam grandes fogueiras que os rapazes e raparigas saltavam. Pelo S. João, o meu pai, que sempre foi muito habilidoso, fazia grandes balões de papel colorido. Lembro-me que levavam umas tochas embebidas em petróleo, que enquanto ardiam mantinham os balões no ar. Quando se apagavam o balão começava a perder o ar quente que o mantinha lá em cima e acabava por cair atraído pela gravidade. Os mais velhos sentados na rua, contavam histórias, enquanto davam um olhinho pelos mais novos. As crianças corriam atrás dos grandes besouros, que sempre apareciam nesta altura do ano. Conviviam. Todos se conheciam, todos se ajudavam. No dia seguinte cumprimentavam-se, comentavam a noite anterior, e acabavam com um "P'rá semana lá estamos" .Eu tenho saudades desse tempo. Hoje as pessoas juntam-se ás centenas, ás vezes milhares, todas no mesmo espaço e são desconhecidas. Estão juntas e simultaneamente estão sozinhas. Não há convívio. É como se as pessoas, se tivessem transformado em ilhas. Podem estar longe ou mesmo ao lado, mas não se tocam. Vivem em prédios de vários andares e não conhecem às vezes nem o vizinho do lado.



19 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Sábado completo 51 anos.
Entre o São João e o São Pedro.
Daí o nome - João Pedro.
Boa semana

chica disse...

Ótimo e feliz São João por aí! beijos,tudo de bom,chica

Bell disse...

Que legal, adoro festas.

bjokas =)

Majo disse...

~~~
~~ Grande abraço, Elvira.

~~ Uma semana plena de saúde e boa disposição.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Graça Sampaio disse...

E eu não tenho nenhuma dessas experiências: nem de antigamente porque a minha mãe não me deixava ir às fogueiras, nem de agora que já não moro em Lisboa... Enfim, uma triste...

Beijinhos e um vasinho de manjerico...

Edum@nes disse...

Viva S. João,
a seguir vem o S. Pedro
sardinhas assadas com pão
a faina começa cedo!

Viva S, nunca à tarde,
vamos saltar a fogueira
enquanto a lenha arde
continua a brincadeira!

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

lis disse...

Essas festas são sempre muito animadas Elvira e aqui por ser época mais fria fica bem aconchegante com danças e fogueiras acesas.
Tudo de bom,Elvira
abraços

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Elvira como são lindas e animadas as festas juninas.
Eu aproveitei muito estas festas, e como eu gostava!
É como você escreveu, hoje é tudo diferente, já não tem convivência,
são todos como ilhas mesmo. Uma pena!
Uma boa noite!
Abraços,
Mariangela

Luma Rosa disse...

Oi, Elvira!
Imagino a grande festa que é São João por aí... Também os outros festejos! Herdamos de vocês essa tradição que muito nos alegra. Por aqui, como o frio que começa, as fogueiras ao luar são sempre bem-vindas!
Beijus,

Poções de Arte disse...

Poxa, Elvira... voltei no tempo...
Quando era criança, a vó fazia fogueira lá na chacarazinha e o pai fazia balão. Era uma festinha pra poucos, mas tinha fogueira, comidas típicas, conversas em volta do fogo e ficávamos até tarde. Eu e as irmãs adorávamos enfeitar com bandeirinhas, deixando tudo colorido.
Com o tempo, tudo se acabou - a vó morreu e a chácara foi inundada por uma chuva muito forte. Mas as lembranças não se vão.
Dificilmente vou a alguma festa no tema, mas acho a comemoração e o colorido bonito.
Quando era criança, nunca entendi o porquê de comemorar na véspera rsrs.

Abração e lindo dia.

Pitanga Doce disse...

Gosto bem mais das festas juninas do que do carnaval. Também tenho doces lembranças do São João. Fogueira, batata doce e quentão.

beijos pitangueiros

BlueShell disse...

Belíssimas memórias, recordações. HOJE...como dizes , as pessoas estão sós, formam ilhas...não há comunhão e é pena.

Obrigada, querida...
Tudo de bom para vós. Bj
BShell

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
DÁ SAUDADES MESMO E O QUE FALAS É MUITO VERDADEIRO, AS PESSOAS NÃO SE COMUNICAM MAIS, ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO DE PURO DESINTERESSE PELO OUTRO.
QUEM VIVEU NO INTERIOR COMO EU, SABE DO QUE FALAS, TEMPO BOM QUANDO UM VIZINHO NÃO ERA SÓ A PESSOA QUE MORAVA PERTO, ERA UM AMIGO COM O QUAL SE PODIA CONTAR.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, as festas do povo são excelentes, vive-se a tradição num belo convívio.
AG

Olinda Melo disse...

Eu também tenho saudades das festas de São João da minha infância.
Muito obrigada por este apontamento sobre as festas dos Santos Populares.
Bj
Olinda

XicoAlmeida disse...

Bonito post, Elvira e tao acertivo no contexto actual.
Enquanto se vai crescendo na aldeia, pouco se valorizam esses tempos, porventura por serem usuais, por exemplo no dia de S. Pedro, na minha aldeia era dia "santo de guarda".
A parte religiosa no interior praticamente acabou, tal como as fogueiras, cantigas e bailaricos, sendo que nas grandes cidades se transformou em negocio puro e simples pela noite dentro do dia anterior.
No dia seguinte, o verdadeiro dia dos tres santos mais populares, quase e apenas, dia de "ressaca".
Eu pecador me confesso...
Beijinho

Luis Eme disse...

Grande verdade, Elvira.

Nunca se falou tão pouco com o outro.

abraço

aluap disse...

Eu aprecio as tradições e costumes populares, talvez por ter nascido e crescido numa aldeia sempre vivi com entusiasmo e alegria as festividades da minha terra e este texto foi um prazer ler.
O S. João na minha terra era também muito festejado, havia fogueiras de rosmaninho, salpor erva de S. João (caril selvagem)e os rapazes juntavam-se para dar a volta à povoação e já de madrugada, sorrateiramente, subiam às janelas e sacadas e surripiavam os vasos mais lindos de manjericos, sardinheiras, cravos e outras flores que encontrassem, que levavam e colocavam à volta de cruzeiros, alminhas e fontes.
Os balões sei que compõem o cenário das comemorações do São João, mas a característica mais tradicional que recordo são mesmo as fogueiras feitas na rua pelos moradores dos respectivos bairros.
No dia S. Pedro na minha terra montava-se um pinheiro para arder à noite no largo, enfeitado com maçarocas de farrapos embebidas em petróleo. Como costumo dizer o pinheiro a arder é (e acho que as fogueiras também) Alta cultura popular! Simboliza a entrada no solstício de verão.
A Elvira fala de João Baptista. Às vezes entre santos populares nem sempre o nosso povo sabe distinguir-lhes a identidade, tanto que casos há em que os fiéis celebram a festa de S. João Baptista em capelas cujo titular é, segundo a imagem, o Evangelista. Com S. Pedro a mesma coisa. Confunde-se a festa de S. Pedro (29/Junho) com a de S. Pedro Mártir de Verona a 29 de Abril.
Também os jovens hoje pouco se interessam pela nossa história. É como diz, juntam-se todos num mesmo espaço, sequer se conhecem e creio que a maioria nem sabe o que está a festejar!

Bom fim de semana.

Berço do Mundo disse...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... mas há coisas que não deviam mudar. Tem muita razão em relação às pessoas hoje parecerem ilhas. É triste quando uma família inteira está à mesa, cada um perdido no seu telemóvel.
Beijinho, fico feliz por a ver mais presente na blogosfera (espero que isso seja sinal de mais saúde)
Ruthia d'O Berço do Mundo