Acordou sobressaltado com o toque do telefone. Atendeu e do
outro lado uma voz maviosa, falou o seu nome. Ficou surpreendido e irritado.
Quem tinha o desplante de lhe ligar, numa hora tão imprópria.
-João, estás-me a ouvir? Fala a Cecília, não te lembras de
mim?
- Bom... gaguejou João enquanto tentava descobrir, quem raio
era aquela Cecília, que parecia conhecê-lo tão bem.
- Estou a ver. Não te lembras de mim é o que é. Devia ficar
zangada sabes? Não te lembrares da tua primeira namorada...
- Cecília Pedrosa? - perguntou incrédulo
- Ah! Afinal lembras-te, - disse soltando uma sonora
gargalhada.
João raciocinava a mil. Cecília Pedrosa. Mas então ela não
estava no Brasil? E como é que se lembrara de lhe telefonar? E como obtivera o
nº do seu telefone?
- Cheguei ontem do Brasil. E acabo de encontrar a Sandra que
me deu o teu nº.
“Diabos, parece que escutou os meus pensamentos”, pensou.
- Olha, - continuou Cecília do outro lado. Estamos aqui em
Alcântara, num barzinho que tu conheces bem, segundo diz a Sandra. Não queres
vir ter conosco?
Sandra era a irmã do Zé. O bar só podia ser o que costumavam
frequentar. Sandra era uma boa amiga. Não daria o seu número, a qualquer uma.
E depois Cecília tinha sido a sua primeira namorada, ainda
antes da faculdade. Mas depois fora para o Brasil e nunca mais soubera dela...
Estaria casada?
- Então João? - a voz do outro lado soava com impaciência
- Eu vou - numa fração de segundo João resolvera arriscar.
Afinal era noite de Sexta-feira, no dia seguinte poderia dormir até tarde.
Desligou o telefone e dirigiu-se ao quarto para se vestir.
Veio-lhe novamente à memória, uma pergunta? Estaria casada? Sacudiu a cabeça.
Decerto que não. Uma mulher casada, não telefona a um ex-namorado convidando-o
a sair. Continuaria bonita? Já lá iam uns bons anos. Mentalmente fez contas.
Deve estar com 36 anos, murmurou para si enquanto fechava a porta.
E caminhando a passos largos dirigiu-se ao elevador.
Continuo à espera das vossas sugestões para o titulo do conto.
Desejo a todos que por aqui passem, uma boa semana
10 comentários:
Narrativa com excelente ritmo, Elvira, a pedir mais, e mais...
(Quanto ao título, o melhor é ler os próximos episódios)
Beijo :)
"telefonema a meio da noite", embora não saiba muito bem a que horas ele foi acordado: 1, 30H da madrugada?
Beijinhos, linda
Interesante entrega, como siempre Elvira.
No me atrevo a proponer nombre por mi rudimentario conocimiento del idioma.
Olá, amiga Elvira!
Tenho andado um pouco fora dos blogs...
É verão...
E já agora, vem por cá, nesta quadra?
Beijinhos lacobrigenses!
Olá, Elvira!
Dá vontade de dizer, que memórias puxam memórias, e as suas logo vieram à mente, naquele longo comentário que certamente lhe deu muito prazer escrever - e a mim ler.
E imagino a aflição sentida naquela ocasião; a sua mais a dos pais...
Situação assim complicada, confesso nunca me aconteceu...
E quanto a este João, parece-me ser um rapaz com sorte; da solidão para a companhia e, quem sabe, o fim do reinado de solteirão...?
Cá ficarei à espera!
Boa semana; um abraço amigo.
Vitor
Bom dia
Hoje li de uma assentada estes dois textos que achei bons como os anteriores.
As suas personagens ganham cores e vida em tudo o que escreve. Parece que escutamos o seu dialogo e as suas vozes meigas ou mais agressivas.
Sugestões para o titulo - João
Agradeço todas as suas visitas. O meu computador "pifou" - avariou de vez. Agora voltei para um portatil que era da minha filha.
Estava muito agarrado ao outro. Parece que neste nem sei o lugar dos pontos e das letras...
Cá estou eu, amiga, depois de algum tempo sem te visitar. Não tenho tido
a disponibilidade do costume, mas não esqueço os amigos. Li os dois textos, claro e gostei muito. Quanto ao titulo, concordo com o Luis. Enquanto não conhecer mais nada sobre a história fico com o " João ". Voltarei logo que possa, amiga! Fica bem! Um beijinho
Emília
Maravilha de texto bem escrito minha amiga! Tú és fera!
Parabens!
Quanto ao título... Ainda não sei!
Olá, querida Elvira!
Como vão todos, de saúde?
Eu, com um pouco mais de tempo, e porque há ocasiões em que costumo ser revogável (não suporto a intolerância), cá estou eu para comentar o seu conto.
Pois, tem razão e o João, também, Mulher com "M" maiúsculo, casada, não telefonaria ao primeiro namorado.
E o João lá foi...pois claro, não é de ferro, é curioso.
Bom domingo.
Um beijinho para todos.
Li o capítulo I, deste conto sem título e já via que "prometia". Esta arte 2 já dá margem a pensar em romance reatado...Curiosa e ansiosa, vou lá para a parte III.
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